Caprichos do coração

Capítulo 59

Th narrando

Esperei que Anitta dormisse para sair da casa, apesar do receio de deixa-la sozinha naquele quarto, sabia que toda a família estava atenta a qualquer movimentação dela. Eu precisava ir pra casa e pensar em como eu poderia fazer para que ela se sentisse segura, se sentisse mais tranquila.
Depois de tudo, tínhamos Vladimir e seus capangas nas mãos, eu esperava que pelo menos por um bom tempo não tivéssemos nada pertubador como toda essa história.
Anitta não merece passar por essas coisas e me quebrava ver ela daquela forma.

Antes de alcançar a porta ouvi a voz do sr. Henry me chamando e me virei o olhando.

- Algum problema? -indaguei sereno-
- Eu queria falar com você sobre Anitta, poderíamos?
- Claro
- Vamos para minha sala

O segui em silêncio, não sabia do que ele poderia falar mas tinha receio de que viesse mais alguma história cabulosa da qual eu não tinha conhecimento.

- Bom Thiago, você sabe que nossa menina passou por muitas coisas nessa vida, e talvez por erro meu ou sei lá ela não é tão "forte" quanto os irmãos e sente as coisas com muito mais afinco, eu não a culpo por isso, mas tenho um cuidado redobrado para não machuca-la. Eu sei que você é um homem bom, e eu já sabia que deixar você permanecer na escolta de Anitta ia dar em mais que isso pra vocês. Nunca comentei nada mas sempre observei como olhava pra ela, como sua postura perto dela sempre foi diferente, mais sério, mais rígido, isso tudo pra não se deixar levar -ouvi isso e engoli em seco sem deixar de o encarar- Acontece que eu preciso saber que está nessa mesmo. Não que minha filha seja problema, longe disso. Anitta é uma mulher maravilhosa e você sabe bem disso, mas devido a tudo que já passou as vezes ela tem recaídas como as de hoje, não é nada frequente, só acontece em ocasiões como essas. A questão é que eu preciso que cuide dela, se for pra ficar com ela tem que amar todas as partes. Ela é minha menina e eu me preocupo demais pra não saber se você vai estar lá sempre que ela precisar.

- Quanto a isso o senhor pode ficar totalmente tranquilo. Eu sei que sobre Anitta eu ainda tenho muito a aprender, ela é uma mulher surpreendente. E eu estou com ela pra todas as horas, eu a amo e jamais permitiria que algo ruim a acontecesse. Agradeço pela confiança que teve em mim, em me deixar na escolta de Ane. Ela é a melhor coisa que aconteceu na minha vida e eu sei que essa história toda pode parecer clichê de filme da sessão da tarde, mas eu não vou desampara-la em nenhum momento.
- Fico feliz que as coisas tenham dado certo entre vocês Thiago, fico realmente feliz -disse sorrindo e me dando tapinhas no ombro- Bom, era somente disso que se tratava, pode ir agora
- Até amanhã sr. Henry -sorri e me retirei da sala-

Fui para meu apartamento pensando em tudo que tinha acontecido nos últimos tempos, de quanta coisa havia mudado, de como Anitta passou de minha protegida pra mulher da minha vida, não demorou muito para que o toque do meu celular ecoasse dentro do carro. Olhei de relance e vi o nome de minha morena brilhar na tela, um pequeno sorriso dançou em meus lábios.
Atendi a ligação colocando no viva voz

- Era para a senhorita estar dormindo agora -repreendi antes que ela se pronunciasse-
- Você me abandonou no meio da noite -sua voz de sono evidenciava o cansaço-
- Achei que deixar você passar um tempo com sua família fosse uma boa ideia
- O que quer dizer? -parece ter despertado-
- Que amanhã mesmo eu bato a sua porta declarando saudades

Ouvi a respiração dela se tranquilizar

- Descanse morena, amanhã nos vemos ok?
- Tudo bem
- Eu amo você
- Também amo você loirinho

E foi assim que eu cheguei em casa com um sorriso patético de orelha a orelha.
Anitta sabia como me prender, mesmo que inconscientemente.

Tomei um banho demorado e refleti sobre como a família de Ane estava sempre com ela e procurando o melhor pra ela. Eles eram como grandes bases que sustentavam a mulher magnífica por quem eu me apaixonei, mas que ainda assim tinha seus monentos delicados. Eu queria ser assim para Anitta, como uma base, um apoio. Alguém com quem ela contaria sempre que precisasse, fosse para o que fosse.

Eu queria fazer com que ela entedesse isso e ao invés de me afastar me aproximasse mais e mais.

Saí do banho com a cabeça fervendo, mas precisava descansar um pouco. Vesti apenas uma boxer e me deitei. A noite foi longa devido aos meus pensamentos que, mesmo querendo que parassem, não paravam.

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Amanheci com meu celular tocando e minha cabeça apitando junto como se indicasse a dor. Abri os olhos devagar devido a claridade e olhei para a tela quadriculada tentando decifrar quem me acordara em plena sete da manhã.

- Ian, é claro que é você, quem mais seria -disse num tom debochado ao atender a ligação- O que quer de mim a esta hora piriguete Júnior?
- Que levante este teu rabo para eu comer -proferiu sério e sem paciência do outro lado da linha-
- Olha só quem amanheceu sem uma gota de humor -testei sua paciência-
- Deveria ser você já que não passou a noite com minha irmã
- Tem razão meu caro, mas tive sonhos magníficos com ela, a noite não foi de toda ruim
- Cale a boca loira do paraguai, vai vir treina-la hoje?
- Vou buscá-la
- Que porra de buscá-la o que? Perguntei se VAI VIR treina-la aqui -repetiu quase estourando meus ouvidos no meio da frase-
- Ah, te fode aí Ian, parece o pai de Anitta. Na verdade, nem o pai dela é chato e carrancudo como você. Começo a pensar que tu realmente foi adotado, bastardo.
- Eu vou te matar cirigaita dos infernos
- Estarei aí dentro de uma hora, fique à vontade para tentar, não vai conseguir mesmo -disse e desliguei em sua cara-

Imagino a cara do meu querido cunhado após essa minha ação.