Capítulo 16

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Anitta narrando

Deixei minha mala no quarto e fui pra sala. Fazia tempo que eu não voltava aqui, apesar de que quando eu era mais nova, frequentava muito esse lugar.

A chácara era tranquila e eu poderia passar minha semana sem me preocupar com nada. É claro que eu não vim pra ca simplesmente pra desenhar, eu vim porque precisava espairecer e tentar esquecer Th.
Falando no mesmo, ele fez exatamente o que disse, eu nem sei para onde ele foi ou o que foi fazer, e nem procurei saber. Se ele quis sumir, pois bem, eu vou me reconstruir e seguir a vida.
Não posso viver a espera de alguém inconstante, que uma hora está na minha vida outra hora não faço nem ideia do que aconteceu com ele.

Respirei fundo e peguei o celular pra avisar minha família que já havia chegado, mesmo sabendo que provavelmente a equipe ja havia avisado.
Depois de alguns minutos perdidos no celular o deixei em cima da prateleira de vidro no canto da sala e segui para a varanda.
O dia estava ensolarado, e foi então que eu percebi o tempo que fazia que eu não via o sol raiar e invadir as casas. Na cidade os dias estavam frios e fechados, as vezes a ventania atravessava a casa e derrubava alguns objetos de tão forte que estava.

Convenci a mim mesma que uns dias aqui me faria bem, eu precisava mesmo pensar e organizar a minha vida.

Sentei na beira da pscina e coloquei os pés na mesma.
De repente ouvi passos atrás de mim e me levantei rapidamente.

- Droga -exclamei depois de quase acertar o vizinho-
- Desculpe, não quis te assustar Anitta -Johnny sorriu-
- Tudo bem -sorri- Não sabia que estava por aqui
- É, eu vim pra ca semana passada, estava precisando dar um tempo da cidade antes que eu enlouquecesse
- Sei bem como é
- Sua família não veio com você?
- Não, não dessa vez. Pedi uma semana de folga de tudo, vim desenhar novos modelos e organizar um pouco minha vida -Johnny sorriu-
- Entendi, é um ótimo lugar para isso -disse olhando ao redor sem deixar de sorrir-
- Sim, com certeza é
- Sabe, se precisar de qualquer coisa, estou logo ali -apontou para sua casa- Tudo bem?
- Claro, obrigada -sorri-
- Eu vou indo -disse se aproximando e me dando um beijo na testa-

Johnny sempre foi muito amigo da família e sempre muito cuidadoso comigo. Era uma grande pessoa.

Vi ele seguir para sua casa e entrei na minha.

A cozinha estava reabastecida. Uma das coisas que eu não podia reclamar em ter uma escolta, é que até isso eles providenciavam, eles deveriam me proteger e me manter tranquila, e faziam isso com maestria.
As vezes eu parava pra pensar de onde veio cada um deles, quero dizer, meus irmãos fazem parte do clube mas eles tem família, os dois, e isso é tão perigoso, eles correm tantos riscos, nós todos corremos.
Eu sei que eles embarcaram nessa por causa da profissão que exercem e o perigo que ja corriam em decorrência da mesma, mas nem todos do clube vivia a mesma realidade.
Muitos perderam a família em algum rolo da vida, muitos se meteram em emboscadas, entre outras coisas.
Eu queria poder sentar e ouvir a história de cada um deles.

De repente me veio TH na cabeça.
A minha cara de choque quando percebi que TH era uma dessas pessoas pra mim deve ter sido cômica.
Eu conhecia Th por causa do clube mas nunca soube a história dele de fato, eu não sabia quase nada da vida do cara por quem eu me apaixonei e isso era horrível.
Cair na realidade e perceber que quem você mais queria por perto pode ser qualquer tipo de pessoa afinal de contas.
Ele sempre me mostrou um cara incrível, cara esse, que eu aprendi a admirar, mas eu queria mais que isso. Eu queria saber sua história, saber o que o fez entrar no clube, tirando que ele mesmo comandava um distinto do de meus irmãos. A minha nova escolta, era de homens comandados por ele, ninguém havia me falado, mas eu não era tão boba assim.

Respirei fundo e passei as mãos no rosto tentando reorganizar meus pensamentos. A intenção era vir pra ca pra esquecer do loirinho, mas a cada coisa que eu fazia, me lembrava dele.

A curiosidade estava tomando conta de mim. Resolvi deixar para comer algo depois e fui para o quarto pegar meu notebook, afim de encontrar alguma coisa sobre Th.

Quando eu era mais nova e tinha mais tempo livre, me dediquei a um curso de informática intensivo. Aprendi muitas coisas mas nunca tinha utilizado grande parte delas, mas agora, mais do que nunca elas me seriam úteis.

Eu não poderia invadir o sistema do clube pois meus irmãos logo sacariam, mas também não podia invadir o sistema de Th, eu precisava pensar rápido em um jeito de conhecer mais dele.

Sentei na beirada da cama e me encarei no espelho, eu não estava bem. Essa garota paranóica atrás de vestígios de um cara que a deixou não podia ser eu. Era uma situação devastadora, mas eu precisava descobrir o que queria.

Puxei o notebook e assim que liguei dei de cara com uma foto de todos nós em um dos eventos da empresa. Na sequência seguia Thomas, Lorena, meu pai, minha mãe, Ian, Cherry, eu e Th. Aaah, maldito Th.
Ignorei a foto e decidi que sim, eu poderia ao menos tentar invadir o sistema dos meus irmãos, usaria um hacker e bloquearia o acesso até meu notebook.

Pensei em todos os detalhes e fui alterando as configurações facilmente.

Quando finalmente terminei minha barriga ja roncava alto, eu precisava comer.
Me levantei e sai do quarto trancando a porta, eu sabia bem que não tinha ninguém ali além da escolta, mas era exatamente essa que me preocupava.
Deixei o notebook ligado e com todas as alterações abertas, assim que eu comesse iria voltar ao meu plano inicial.

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora