Capítulo 62

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Th narrando

E era por essas e outras que eu decidi tirar esse dia para conhecer melhor Anitta.
Sabia que por mais que nossa convivência um com o outro fosse grande, eu não descobriria tudo sobre ela só de observar.

Ane permaneceu no meu abraço por mais um tempo e se afastou de mim, pelo jeito como me olhou eu já sabia que lá vinha coisa

- Você já pensou em ter filhos? -indagou inexpressiva-

A olhei sem saber como responder isso. A única coisa que eu sabia era que se eu falasse a verdade ela ia se sentir pior.

- Ane... -balbuciei como quem diz que não precisávamos continuar com aquilo-
- Não Thiago, eu quero saber -insistiu sem tirar os olhos de mim-
- Sim

Anitta soltou o ar pesado dos pulmões e fez menção de se levantar do meu colo, mas antes que o fizesse eu a segurei pela cintura.

- Olhe pra mim -ela não o fez- Anitta, por favor -insisti e seus olhos retornaram para os meus-
- Como posso fazer isso? -perguntou num tom culpado- Não da pra te privar de ter filhos
- Eu não estou com você para ter filhos Anitta, você não é uma fábrica de bebês. Eu quero que supere seu medo, não por mim nem porque eu quero ter filhos, mas sim porque não quero que você se prive de determinadas experiências por medo. Caramba, você é uma mulher incrível, eu tenho certeza que seria uma mãe mais do que espetacular e vai deixar que o medo te afaste de algo tão singelo, tão bonito? Por tudo Anitta, mas por medo não -os olhos dela ainda estavam em mim, mas ela não disse uma palavra sequer-

Sabia que era demais pra ela, mas eu não podia deixar isso acontecer.
Seus olhos vacilaram por um segundo e eu soube que ainda poderia reverter essa história, não ia deixar que Ane não fizesse algo por medo. Ser refém de medos era como estar trancada num cativeiro, mesmo que ela quisesse fazer algo não poderia.

Acariciei seu rosto fazendo com que ela me olhasse de novo

- Não faz isso consigo mesma -balbuciei baixo- Pensa melhor sobre o assunto, sabe que não pode se esconder debaixo de uma mesa e esperar que a vida faça as escolhas por você. Pode me dizer mais a frente que não deseja ter filhos se for o caso, mas que seja por qualquer outro motivo que não o medo, aí tudo bem.

Ela apenas concordou levemente com a cabeça.

Após o momento tenso, nós passamos mais um período fazendo as perguntas e então decidimos ir fazer almoço.

- O que a madame pensou em fazer para o almoço? -A morena se virou pra mim perguntando enquanto encostava no balcão da cozinha-

Esse simples gesto me remeteu a lembrança do nosso primeiro beijo. Acho que independente da cozinha, e independente do lugar que estejamos, se ela encostar desse jeito em um balcão eu vou me lembrar daquele dia com riqueza de detalhes.

- O que foi? Eu só perguntei o que pensou em fazer -me olhou confusa-
- O que? -retornei a realidade-
- Você estava sorrindo e me olhando

Diminui a distância entre nós e segurei em sua cintura
- Estava me lembrando do nosso primeiro beijo, quando me empurrou, se lembra? -sorri a olhando-
- Como esquecer -riu- Um sem vergonha nato -acusou-
- Eu? Achei que pra um beijo acontecer duas bocas tinham que trabalhar, mas ao que parece foi só a minha ne -ela riu-
- Cherry nos viu aquela noite
- Eu sei, ela me fez engolir seco mais tarde
- O que? Como eu não fiquei sabendo disso?
- Nunca conversamos sobre isso ue, você me deu um esporro no outro dia
- Você foi um idiota
- Eu ao menos consegui falar Anitta, você não deixou que eu terminasse sequer o meu pensamento
- Porque era um pensamento idiota -ela disse e eu ri- O que Cherry te falou?
- Que se eu não ficasse com você, com certeza outro ficaria porque você é incrível -ela me olhou e riu- Eu quis esganala por um momento, mas ela foi rápida ao sair de perto de mim -recebi um tapa de Anitta e ri-
- Você é um bastardo mesmo
- Um bastardo que te ama -assumi antes de beijá-la -

Ane subiu suas mãos colocando uma no meu ombro e outra na minha nuca intensificando o beijo e eu apertei sua cintura como resposta.
A mão que estava na minha nuca agora brincava ora com meus cabelos ora de passar as unhas na minha pele naquela região. Levei minhas mãos para as costas de Anitta a fim de puxa-la para acabar com qualquer distância entre nós e senti sua pele fria devido o decote do vestido nas costas.
O beijo não se seguiu por muito mais tempo pois precisávamos respirar também. Assim que os lábios da morena se separaram dos meus eu a abracei aproximando minha boca de seu ouvido.

- Não sei qual a minha relação com essas suas roupas, se é de ódio ou de amor -apertei seu corpo e a soltei me distanciando um pouco para olhá-la e ouvi sua risada- Estou falando sério, olha isso

Retornei a me aproximar dela e levei minhas mãos novamente em suas costas, mas dessa vez passei as mãos para dentro do seu vestido com uma facilidade incrível, em seguida trouxe as mãos para a frente ainda dentro do vestido.
Anitta abaixou o olhar para ver onde minhas mãos estavam e logo direcionou as íris para mim com um sorriso malicioso.

- Achei que gostasse do fácil acesso -deu de ombros-
- Gosto quando está somente comigo -pronunciei pronto para retirar minhas mãos de lá-

A ideia realmente era tirar minhas mãos, mas assim que puxei uma delas esbarrou na beirada do vestido e fez com que a alcinha no ombro de Anitta escorregasse para seu braço me dando uma visão privilegiada de seu seio esquerdo.
Apertei meus olhos como quem pede controle aos céus para não agarra-la ali naquele momento e ouvi novamente sua risada

- Desculpe amor, mas é muito bom te ver assim -disse enquanto puxava a alcinha para seu ombro de novo-
- Essa roupa não volta com você -alertei-
- E por que pensa que não? -arqueou uma sobrancelha abusada-
- Anitta, olha o que acabou de acontecer, mas nem morta que você vai usar esse vestido por aí
- Já parou pra pensar que se você não tivesse enfiado suas mãos dentro do meu vestido isso não teria acontecido? Atrevido
- Mas foi justamente pra mostrar ... ah, não importa, vou picotar ele
- Não vai encostar um dedo no meu vestido ou faço o mesmo com você -avisou séria-
- E se eu te der outro?
- Estilo burca? Passo, obrigada -disse irônica e se afastou de mim-
- Não custa tentar ne -falei e ela riu-

Sabia que não tinha o direito de querer escolher as roupas que ela usava, inclusive ela ficava magnífica em cada uma dessas peças, mas só de pensar que ao andar na rua os caras quase perdem a cabeça de tanto olhar eu já fico emputecido. Tenho sorte por ser o cara que tem esse conjunto pra si, mas sei que vários outros caras se imaginam no meu lugar e eu não gosto nada disso.

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora