Capítulo 72

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Th narrando

- Como foi que aconteceu? -se sentou ao meu lado-
- Ela sacou e me perguntou quando estava quase saindo do quarto. Três passos. Três malditos passos e eu poderia evitar isso, mas ela foi mais rápida
- Fala como se fosse uma guerra -ele relaxou o corpo no banco-
- Ela terminou comigo Ian, me evita como você quando te contrario, talvez pior -ele riu- Não ria seu babaca -bufei encostando no banco-
- Quer que eu chore? Você vai conseguir ficar com ela de novo, eu confio em você
- Que motivador -o olhei querendo o socar- Muito obrigado amigo! -expressei mal humorado-
- Não desconte em mim, se não tivesse ficado tanto tempo no quarto com ela isso não teria acontecido -me acusou dando de ombros-
- Acha que ela pode se aproximar de Marcelo? -perguntei receoso-
- Acho que tudo é possível
- Obrigado, você ajuda bastante
- Você quer a verdade ou quer que eu minta? Achei que odiasse mentiras -me olhou-
- Você é um grande bastardo, como foi mesmo que viramos amigos?
- Você queria ser minha puta, mas eu não tinha interesse, aí teve que se contentar com minha amizade -falou num tom convincente e deu de ombros-
- É definitivo, só te suporto porque amo sua irmã -assumi-
- Ai que declaração de amor linda, fale para ela -fez uma encenação como se estivesse encantado-
- Eu falei -admiti e Ian me olhou como se não acreditasse- Já estava na merda mesmo, pelo menos desintalei da minha garganta -ele retornou a rir- Eu a beijei -soltei o ar com força-
- Ela ao menos te deu um murrão? Eu te daria um murrão -assumiu me olhando-
- Justo, até porque seria meio estranho eu te beijando, Thomas faz mais o meu tipo -disse vendo o irmão mais velho se aproximar de nós e me lançar um olhar de quem queria me matar-
- Bom dia para você também Th
- Bom dia não sei para quem porque para mim é um dia fodido
- Mérito seu
- Vocês são irmãos mesmo ne? -migrei meu olhar de um para o outro vendo um sorriso convencido nascer no rosto de Ian-
- Fazer o que, está no sangue ser incrível
- Só se for no sangue das mulheres da família porque no seu definitivente não é -falei e Thomas riu-
- Faça piadinhas assim para Anitta, quem sabe não conquista ela de novo zoando o irmão dela -Ian falou e eu quis esganalo-
- Vai para o inferno florzinha
- Que isso, eu sou a morena mais linda da sua vida -encenou imitando a voz de uma mulher e eu me levantei ficando de frente para ele-
- Sai de mim seu fodido, a única morena da minha vida é... -fui interrompido-
- Mary -Ian pronunciou olhando para trás de mim e eu me virei-
- Bom dia rapazes, como estão?
- Ó -Ian me olhou como se aquilo fosse um milagre, digo, ela reparar nos dois ao meu lado- Eu estou bem, imagino que Thomas também esteja, já TH... Não sei -fez um gesto como se dissesse que tem algo errado comigo e eu quis novamente soca-lo -
- Eu estou bem -sorri cinicamente- Inclusive tenho que resolver algumas coisas agora, me dêem licença -disse me virando, mas Mary entrou na minha frente-
- Mas já?
- O que você quer Mary?
- Queria sair para bater um papo, o que tem demais nisso? É só uma conversa Thiago -falou quase manhosa-
- Para quem quer apenas conversar você está me parecendo muito insistente -falei a olhando sério e ela bufou revirando os olhos-

Desviei de seu corpo e passei por ela indo para fora do hospital. Eu precisava tomar um banho, comer algo, tentar dormir. Mas não sabia se conseguiria esse último, apesar do sono acumulado.

Cheguei no apartamento e assim que adentrei a sala me arrependi de ir para lá. No canto da sala havia alguns porta retratos que estampavam fotos minhas com Ane que ela mesmo fez questão de escolher. Observei as fotos por alguns minutos repassando mentalmente quantas coisas já aconteceram entre nós, quantas vezes já tivemos problemas que nos manteram separados.

Esse é só mais um. Mais um problema pelo qual eu vou passar para ficar com minha morena. Pensei comigo mesmo e segui para o quarto.

Demorei mais que o normal no banho, não me preocupei em colocar mais do que uma cueca antes de me deitar. Havia coisas dela ou que me lembrasse ela em cada canto do apartamento. Eu deixaria tudo como estava, crente de que voltariamos, crente de que ela ainda ia querer me ver.

Demorou mais um bocado para que eu conseguisse dormir, mas o fiz.
Acordei com uma ligação do sr. Henry e não demorei em atender

- Tudo bem? -indaguei sem me lembrar de cumprimentos-
- Tudo sim Thiago, te liguei para saber se você está bem -respirei aliviado-
- Fisicamente ta tudo ok
- Eu sinto muito -disse num tom mais baixo-
- Não sinta. Anitta não está errada em sua decisão, me dói a escolha, mas eu sei que é o certo e melhor para ela agora. Não vou desistir sr. Henry -afirmei-
- Tem todo meu apoio, sabe bem disso
- Muito obrigado -fui sincero-
- Ela vai receber alta hoje, vai estar conosco?

Permaneci em silêncio por alguns instantes antes de responder

- Não sei se ela quer me ver agora
- Ela ia querer te ver se lembrasse... -falou quase como um lamento-
- Eu sei que sim, mas temos que ter paciência. De qualquer forma, fico feliz que ela vai pra casa -sorri pensando que logo ela estaria bem de novo-
- Sim, é excelente. Enfim, vou desligar. Qualquer coisa te aviso
- Obrigado, até mais
- Até Thiago

A chamada foi encerrada e eu olhei para a tela do celular por alguns segundos antes de me sentar na cama e balançar a cabeça.

Levantei devagar e senti a fome bater forte. Resolvi tomar um banho rápido, peguei minhas chaves e saí para comer algo. Eu não a veria hoje, teria de me contentar com a visão que tive da janela dela mais cedo.

Minha frustração era evidente em meu rosto, eu não estava bom para nada nem para ninguém, era melhor que ficasse sozinho mesmo

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora