Capítulo 44

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Th narrando

Eu não voltaria na CIA pra fazer nenhum trabalho pra eles, a não ser que tivesse a ver com uma facção que ninguém nunca conseguiu destruir e que possivelmente tinha envolvimento com Anitta e o tal Marcelo.
Sim, por mais que eu estivesse grilado pelos agentes não deixarem de "vigiar" tudo que acontecia na minha vida, aquilo podia ser a resposta que Anitta precisava pra finalmente deixar essa história de culpa pra trás e eu faria o que fosse necessário para que isso acontecesse.
Eu sabia que a CIA jogou baixo tocando na minha ferida para suprir seus próprios interesses, mas era válido desde que fosse resolvido.

Não demorou muito para que Ane parasse no parapeito entre o quarto e a varanda me observando e tentando entender do que se tratava.

- Como chegaram até eles? -perguntei para George do outro lado da linha-

Respirei fundo e apertei os olhos tentando me concentrar em possibilidades.

- Qual é o objetivo deles?

George ficou calado

- Ta com problema de audição? -insisti-

Assim que ele respondeu foi minha vez de ficar em silêncio.

- Quantas em média? -perguntei tenso e me virei encarando Anitta- Puta que pariu. Em meia hora chego aí

Desliguei o celular e a morena ainda me encarava bloqueando o caminho

- O que houve? -pareceu decidida-

Hesitei antes de abrir a boca para conta-la o nosso mais novo problema.

- Vamos Th, o que está acontecendo?
- A CIA estava investigando um caso e deu de cara com uma facção.
- E o que você tem a ver com isso?
- Não é qualquer facção Anitta, é a facção que invadiu a casa onde você e a filha de Marcelo estavam e levou ela -eu disse com cuidado a observando-

Anitta que segundos atrás estava tão séria e firme pareceu perder a postura.

- Como eles sabem disso?
- Eles... eles sabem de tudo que acontece na minha vida e que pode apresentar risco. É uma espécie de "contrato" que eles fazem com quem trabalha lá, daí ficam responsáveis por proteger a família dessa pessoa a todo custo. Eu sou filho de um ex agente de lá, eles sempre vão saber de tudo mesmo que eu esconda o máximo possível. Desculpe -pedi me aproximando dela-
- O que eles fazem?

Engoli em seco

- Eles matam crianças após abusa-las, é uma espécie de divertimento pra eles, são psicopatas perigosos, comandam grande parte do tráfico, matam pessoas, em geral fazem o que querem sem se importar.
- Isso é horrível -disse baixo e abalada-
- É, é sim -a puxei devagar para um abraço- Eu preciso ir pra agência, vou te deixar em casa por segurança maior ta bem?
- Não vai -pediu me apertando no abraço-
- Morena -pronunciei sereno e me afastando pra olhar em seus olhos- Eu preciso ir, nós vamos resolver isso, logo será águas passadas, mas eu preciso que você entenda -posicionei minhas mãos em seu rosto e olhei no fundo dos seus olhos- Vai dar tudo certo
- Me promete que nã... -a interrompi-
- Eu não vou sumir, não vou te deixar nunca mais. Eu amo você -acariciei suas bochechas-
- Eu te amo loirinho -colou seu lábios nos meus em um beijo calmo-

Antes de ir para a agência levei Anitta para sua casa e pedi atenção redobrada de toda a equipe de segurança do local.
Eu iria inserir Ian e Thomas na CIA, sabia que quanto mais forças tivéssemos, mais fácil seria.

Não tinha esperanças de sair ileso dessa, pelo relatório da facção, eles eram muito bem treinados e sabiam manuser armas muito bem.
Eu estava preocupado com minha menina, sabia que isso a afetava.

Havia avisado os irmãos Fell no caminho para a CIA, não demoraram muito a chegar depois de mim.

- Do que estamos tratando? -perguntou Thomas se sentando-
- É uma facção -joguei o relatório na mesa em sua frente- eles movimentam boa parte do tráfico e saem por aí matando quem os deve e matando crianças após abusa-las.

Ele olhava o relatório atento até ouvir a última coisa que eu disse. Thomas me olhou e eu já sabia que ele estava pronto para o que quer que fosse, Ian nem precisava confirmar nada. Daríamos a nossa vida por isso.

- Deveríamos chamar Marcelo -Thomas sugeriu-

Eu parei e o olhei, não precisava fazer nenhum gesto nem falar nada pra ele perceber que eu desaprovava a ideia.

- Ta sendo egoísta e infantil. Não é por Anitta que ele deveria participar disso, é pela filha de dois anos que ele perdeu, se tivesse uma filha saberia do que se trata

Fiquei calado, eu sabia que ele estava certo e mesmo não indo com a cara do sujeito, me coloquei no lugar dele por um momento. Eu morreria e mataria caso tivesse uma filha e tocassem um dedo nela.

- Eu não preciso ter uma filha pra entender, chame-o

Thomas assentiu e saiu da sala com o celular na mão.

Ian lia o relatório e George esperava o retorno de Thomas para focarmos em planos e possibilidades.

Enquanto isso meus pensamentos voltaram para Anitta e resolvi mandar uma mensagem para saber como ela estava.
Não demorou muito e meu celular apitou avisando que ela havia respondido.

Eu me surpreendia com minha morena. Quando nos conhecemos ela era uma jovem rebelde que não dava valor nas coisas e pessoas boas que tinha na sua vida e de repente ela já era uma mulher, madura, linda, companheira, forte, e todas as coisas ruins que já fez ou falou tinham ficado pra trás. Ela era encantadora e eu admirava quem ela tinha se tornado e continuava a se tornar ao longo dos anos.

Thomas retornou pra sala avisando que Marcelo estava a caminho e que estava furioso. Eu não ligava para que estado o cara estava desde que ele agregasse na equipe e ajudasse a solucionar o problema.

Eu não preciso dizer que viramos a noite fazendo planejamentos, mapeando locais, analisando pros e contras e estudando todas as probabilidades possíveis para chegar no núcleo dessa facção. Estávamos empenhados nisso e tinha que dar certo.

Caprichos do coraçãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora