𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟸 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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— Ô, Relíquia! — Radinho chiou na cintura

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— Ô, Relíquia! — Radinho chiou na cintura. Peguei ele enquanto fechava a gaveta com minhas seringas de segurança. Só o cara lá de cima estava ligado nos planos sem pé e nem cabeça que eu tinha para dar fuga em invasão. — Tem como tu brotar aqui na boca? Preciso te mostrar um bagulho, papo sério.

— Marca um dez que tô aí. — Respondi, guardei o radinho novamente e sai de casa, subindo na minha motoca e arrastando morro abaixo.

A boca principal ficava no meio da favela, logo atrás tinha um barranco enorme que dava acesso à pista. Foi escolhida estrategicamente por mim para caso fosse necessário dar fuga em gambé e os caralhos a quatro.

Parei a moto na entrada, observando o movimento das vendas. O fluxo de pessoas comprando tinha aumentado bastante em comparação ao mês passado, inclusive estava saindo bastante na pista, principalmente nos pontos perto de escolas.

Cumprimentei com o toque da facção alguns vapores que estavam ali vendendo as drogas e acertando o caixa, e guiei até a sala do gerente da boca, o Diogo.

— Solta a voz, parceiro. — Puxei o fuzil das costas e me sentei na cadeira de frente para a mesa. Estava uma zona aquilo ali, papel espalhado para tudo que era canto e um computador velho já caindo aos pedaços no canto. — Qual a boa?

— De boa não tem é nada... — Me olhou meio tenso. — Estava trocando umas ideias com o JC e ele me passou um papo que tá com umas paradas estranhas lá no arsenal. — Diogo murmurou, me estendendo uma lista com anotações. Caralho, o rombo que deram não era brincadeira. — Deu ruim, pô. Uns cartuchos da carga que foi roubada na Bolívia deram sumiço, certeza que tem x9 envolvido nessa fita!

— Como que essa porra tá acontecendo embaixo do meu nariz?  — Esbravejei, socando com força a mesa, que chiou ameaçando quebrar ao meio. Cocei a barba, tentando controlar um pouco da fúria que crescia em mim. — Eu quero nomes, porra!

— Ele suspeita de alguns vapores novos, chefia. Mas nada no certo ainda.

— Foda-se, caralho! Tão esperando o quê? Apaga os caras! Não quero x9 na porra do meu morro não! Mete bala em quem não for de confiança, se eu descobrir por conta própria vai ser bem pior! — Me levantei irritado e caminhei até a porta da sala. O cheiro da maconha misturado com o mofo das paredes, deixava minha cabeça ainda pior.

Diogo rapidamente passou um rádio para o JC, dizendo que era para dar sumiço nos caras. O outro concordou e disse que faria aquilo hoje mesmo.

— O baile ainda tá de pé? Tô sabendo que os tcputas tão de ameaça de novo. — Diogo perguntou com um sorriso de lado. Não tinha um morador da minha favela que não ficava doidão pelos bailes que rolavam aqui, com certeza era o melhor e referência na região, brotava gente até de sampa.

— Fica tranquilo, menor. Pode acontecer o caralho a quatro nessa porra, mas o nosso baile acontece, tá ligado nisso! Só manda os radinhos ficarem de olho e palmeando cada canto desse morro, quero que dobrem a contenção hoje! — Falei e voltei a atravessar o fuzil no corpo. — Vou brotar lá embaixo, vai chegar daqui a pouco um carregamento de cocaína. Da boa mano, negócio fino. — Sorri de canto e Diogo fez o sinal da nossa facção. — Tá 2.

Dono do Morro [M]Where stories live. Discover now