𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟾 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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Acordei com alguns raios de sol que passavam pelas frestas de uma janela, batendo na minha cara. Gemi de dor ao fazer força para me levantar, minhas costas doíam por conta de eu ter dormido de mau jeito no sofá.

Peguei o meu celular que estava na mesa de centro e chequei as horas. Já se passavam das dez horas da manhã, minha mãe iria me matar! Caminhei até um banheiro que ficava perto das escadas e joguei uma água no rosto para despertar. Estava com olheiras horríveis embaixo dos olhos, teria que usar meio quilo de maquiagem para disfarçar.

Depois de tentar me recompor o máximo possível e escovar os dentes com o dedo, voltei para a sala e catei minhas coisas.

— Não acredito nisso! — Bufei de raiva assim que tentei abrir a porta, mas a mesma continuava trancada. Será que aquele idiota ainda não tinha chegado? — Que merda!

Subi apressada as escadas em direção ao quarto que havia visto ontem a noite. Se ele estivesse mesmo em casa, só poderia estar lá. E não deu outra. Assim que abri a porta, deparei-me com Relíquia esparramado na cama de casal, com o peito desnudo e um lençol branco o cobrindo apenas da cintura para baixo. E para o meu completo espanto, havia duas mulheres completamente nuas ao seu lado. Que cachorro! E que vadias!

Como ele tinha tido a coragem de ter relações sexuais com aquelas duas garotas mesmo eu estando dormindo lá embaixo?

Dei de ombros e comecei a procurar por uma chave. A pistola dele estava em cima da cômoda e tomei certo cuidado para não tocá-la, vai que eu a disparasse sem querer e acertasse um daqueles três.

— Até que não seria uma má ideia... — Pensei alto e acabei deixando escapar uma risadinha, imaginando a cena. Uma das garotas resmungou e se revirou na cama, falando um embolado de frases desconexas. — Relíquia... — Sussurrei, cutucando-o de leve. Ele resmungou alguns palavrões, mas não abriu os olhos. — Relíquia! — Falei um pouco mais alto, puxando-o com força.

— O que tu quer, porra?! — Esbravejou, levantando a cabeça do travesseiro. Tive que me controlar para não gargalhar do seu rosto todo amassado pelo sono. — Espero que seja algo importante, senão te dou uma cossa bem dada por ter me acordado de madrugada! — Disse bolado.

Revirei os olhos e cruzei os braços.

— Eu quero ir embora. — Falei, também de saco cheio.

— Vai então, tô com suas pernas por acaso caralho? — Bufou e virou para o outro lado. Para pirraçar continuei o cutucando sem parar. — Eu vou é meter bala em tu, porra!

— A porta está trancada! — Reclamei. Relíquia praguejou algumas palavras incompreensíveis e se levantou de uma só vez da cama. Arregalei os olhos e me virei de costas. — Que nojo, será que você poderia tampar suas coisas? — Fechei os olhos, apontando para suas partes íntimas.

— Nojo... Até parece que nunca caiu de boca em uma. — Reclamou e eu ruborizei na hora. — Bora logo com isso! — O ouvi dizer já do corredor. Virei-me e apressei os passos atrás dele, descendo as escadas.

— Você é tão vulgar! — Falei e observei as costas desnuda dele. Relíquia tinha colocado uma samba canção e sua pistola estava em suas mãos.

— E tu é uma puta muito fresca. É uma lady mesmo...

— Já falei que meu nome é Dulce. Você iria gostar se eu te chamasse de puto favelado? — Retruquei. Vi seus ombros ficarem tensos e seus punhos se fecharem. Relíquia se virou para mim com sangue nos olhos.

Engoli em seco. Acho que falei merda...

— Do que tu me chamou, sua vadia? — Ele rosnou, vindo na minha direção. Dei alguns passos para trás, pensando em seriamente subir para o quarto de novo, mas Relíquia foi mais rápido e me segurou pelo braço. — Mete o pé daqui agora, porra! — Falou e começou a me puxar para porta da rua. Tentei travar meus pés, mas ele era bem mais forte e me puxava como se eu fosse uma pena.

Dono do Morro [M]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora