Acordei no dia seguinte com uma leve ressaca, mas nada que um dipirona não ajudasse. Demorei até para conseguir abrir os olhos e encarar a luz do dia, mas quando o fiz tomei um susto com a figura de Relíquia me observando, compenetrado, sentado no pé da cama.
— Ai que susto! — Reclamei, me sentando na cama e espreguiçando meu corpo ainda adormecido. — Está fazendo o que aí?
— Bateu com a cabeça foi? Aqui é minha casa! — Enfatizou, sendo todo grosseiro como de costume.
— Eu sei, estou falando de sentado aí, me olhando. — Rolei os olhos e caminhei até o banheiro enrolada no lençol.
— Olho pra quem eu quiser, firmeza? — Ele disse enquanto me seguia.
— Ai, ta bom Relíquia! — Respondi sem paciência para brigar com ele logo de manhã. Joguei uma água no meu rosto e ajeitei meu cabelo, que estava uma desordem.
Ouvi ele deixar o banheiro e bater a porta logo atrás, aproveitei para escovar meus dentes com uma escova nova que estava dentro do armário.
— Para de postar foto assim, tá parecendo uma puta! — Falou me mostrando uma foto antiga que postei acho que ano retrasado, no Instagram.
— Por favor né Relíquia, eu sou solteira, posto a foto que eu bem quiser! — Falei vestindo minhas roupas que estavam espalhadas pelo chão.
— Tu vê se aprende a respeitar bandido, porra! — Falou me virando abruptamente pelo braço.
— Não sabia que tinha virado um stalker... — Falei, puxando meu braço do seu aperto e terminando de colocar meu vestido.
— Se liga fia, tenho coisa melhor pra fazer! — Respondeu e saiu do quarto batendo a porta.
Coloquei meus saltos e abri a porta, descendo as escadas. Não encontrei Relíquia lá embaixo, já devia ter saído pra comer alguma vagabunda.
A rua estava movimentada naquele sábado e de acordo que ia descendo, cumprimentava alguns conhecidos do morro. Quando estava no topo do escadão perto da casa de Anahí, esbarrei com o Felipe subindo. Tentei passar despercebida, mas ele parou bem na minha frente.
— Dulce? — Passei reto por ele, sem conseguir encará-lo nos olhos. — Dulce...
Desci o escadão apressada. Sabia que a culpa não era de toda do Felipe, mas precisava esquecer que havia transado com ele e isso talvez se tornasse mais fácil se eu o ignorasse.
Dei risada enquanto entrava na casa de Anahí. Uma senhora da rua dela estava correndo atrás de umas crianças com uma vassoura na mão.
— A bruxa atacando de novo... — Anahí comentou, olhando pela janela e tomando um potinho de danone.
— Coitada! — Falei dando risada e me joguei no sofá.
— E aí? A noite foi boa, pô? — Me olhou com cara maliciosa. Revirei os olhos e joguei uma almofada nela. — Relíquia ou FP? Eis a questão.
— Anahí! — A repreendi e olhei em volta para ver se alguém tinha escutado. — Eu não tenho nada com o Felipe!
— Então quer dizer que com o mala do Relíquia tu tem? — Ela falou com um sorriso debochado.
— Claro que não, é só que... Ah, sei lá! — Me enrolei para responder e mandei ela calar a boca.
— Senta aqui, bora bater um papo sério de mina pra mina. — Ela bateu no espaço vago no sofá em que estava. Pestanejei um pouco, mas fui me sentar ao seu lado. — Me conta vai.
— Contar o que exatamente? — Perguntei desconfiada.
— Tu sabe muito bem, cínica! O que sente pelo coiso ruim lá? — Foi direta.
CITEȘTI
Dono do Morro [M]
Fanfiction+18| Será possível o amor nascer entre as duas pessoas mais improváveis do mundo? Dulce jamais imaginou se envolvendo com um morador de favela, ainda mais sendo ele o dono do morro. Ela não sabia explicar o porquê de se sentir atraída por uma pessoa...