𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟺𝟾 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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Quando chegamos na pracinha perto da casa de Anahí, notamos uma movimentação estranha vindo de um bar. De acordo que íamos nos aproximando, percebi que era o grupinho que provavelmente foi fazer o tal assalto.

— Parece que as coisas deram certo para eles... — Maite disse, observando eles distribuírem garrafas de cervejas para quem estava lá e a música alta estourando na caixa de som.

— Ainda bem! — Anahí falou, parecendo mais aliviada. Ela olhava ao redor, procurando por um moreno de olhos esverdeados.

Olhei para o fundo do bar e consegui encontrar Relíquia perto do balcão. Sem perceber, deixei o ar que estava prendendo até então, me sentindo bem melhor por saber que ele estava vivo.

— Para de ficar olhando feito uma retardada e vai lá falar com ele. — Maite disse, me empurrando em direção ao bar.

Fiquei em dúvida de fazer ou não o que ela estava falando, mas no fundo eu sabia que precisava saber se ele estava realmente bem. Mesmo sabendo que no final levaria era uma patada dele, como sempre.

Caminhei em passadas devagar até onde ele estava sentado, bebendo. Faltavam poucos metros para eu alcançá-lo quando vi a cabeleira afro de Jéssica tomar a minha frente e abraçá-lo, parecendo comemorar algo com ele.

Senti a bile subir assim que vi ela lhe tocando o rosto e Relíquia sorrindo para ela. Ele nunca havia sorrido para mim. Cacete, ele sequer um dia foi educado comigo!

Ruborizei furiosamente, me sentindo uma tola por ter cogitado a ideia de falar com ele. No mínimo, Relíquia me humilharia mais uma vez e me enxotaria dali. Voltei para onde as meninas estavam, que me olharam com cara de quem não estava entendendo nada.

— Sério que desistiu de falar com ele por causa dela? — Maite indagou com as sobrancelhas levantadas.

— Não queria incomodar os dois. — Respondi, sentindo um estranho aperto no coração.

Não, não, Dulce! Não começa com esse papo! Você o odeia! Meu subconsciente me alertou.

Maite estava prestes a retrucar quando nossa atenção foi atraída para Anahí, que gritou enquanto corria em direção a Poncho. Um dos seus braços estava enfaixado com uma gaze levemente avermelhada pelo sangue estancado.

— Meu Deus, Poncho! O que diabos aconteceu? — Anahí gritou histérica, analisando com cautela o braço machucado dele.

Poncho rolou os olhos da afobação de Anahí, mas não deixou de soltar uma risada.

— Não foi nada, foi só um tiro de raspão. — Ele garantiu, mas aquela afirmação não pareceu diminuir nem um pouco a tensão de Anahí, que no segundo seguinte encheu-o de perguntas. — Tô bem, relaxa minha morena. Pra me derrubar, aqueles vermes vão precisar muito mais do que isso! — Garantiu, apontando para o seu braço.

Olhei para Bruninha, que só observava tudo em silêncio. Coitada, não estava acostumada com aquelas cenas. Na verdade, eu também não estava.

— Quer que eu te acompanhe até lá embaixo? — Perguntei, notando seu desconforto por estar ali.

— Sim, amanhã preciso acordar cedo para levar os documentos na faculdade. — Ela me disse, envolvendo seu braço com o meu e juntas fomos andando em direção a saída do morro. Há pouco tempo Bruninha havia me contado que estava entrando na PUC para cursar Relações Internacionais.

Fiquei muito feliz por ela, era claro, mas foi quase que impossível não me entristecer quando me recordei que sempre havíamos imaginado nós três entrando na faculdade juntas. Aquela lembrança quase me fez chorar, parecia tão distante agora.

Dono do Morro [M]Where stories live. Discover now