𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟻𝟺 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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— Não matei ninguém... — Ele respondeu com indiferença e voltei a respirar aliviada, soltando o ar que nem percebi estar prendendo. — Mas já não posso dizer o mesmo dos meus trutas.

— O q-quê? — Gaguejei, me virando na direção dele novamente.

— Tu acha mermo que aquele comédia ia embora daquele jeito numa boa, depois de folgar com sujeito homem? Não seja estúpida, Dulce! — Relíquia cuspiu as palavras na minha cara, sem rodeios. Oh, Deus… Não, ele não podia ter matado aquele garoto. — Mereceu cada pipoco que levou!

— Qual é o seu problema? — lhe esbravejei, indignada com a sua tamanha frieza em relação àquilo. Ele matou uma pessoa sem nenhum motivo!

— Tá ficando maluca de levantar a voz pra mim fia? Se esquecendo de com quem tá lidando, é? — Ele bateu as mãos com força na mesa e se levantou, ameaçando avançar em cima de mim. Dei alguns passos para trás, sabendo muito bem do que ele era capaz de fazer. — Preciso refrescar essa sua cabeça aí com uns cascudos?

— Você não tinha esse direito, Relíquia! — Continuei, ignorando a sua ameaça. Um nó enorme se formou em minha garganta e o choro que eu segurava ameaçou sair a qualquer momento.

— Tu não passa de uma vagabunda mermo, não é? Chorando por causa de outro macho? — Ele vociferou com a veia da testa saltando para fora. Estava furioso comigo, e que ele ficasse!

— Você não tinha o direito de tirar a vida dele… Você parou para pensar um segundo sequer que, a família daquele garoto deve estar nesse exato momento esperando ele voltar para casa? Devem estar preocupados! — Murmurei, por fim deixando um par de lágrimas escaparem dos meus olhos.

— Tô pouco me fodendo! — Relíquia falou e abriu um sorriso maldoso. — Além de ser um pau no cu, era uma bosta de um covarde também! Se mijou todinho na calça enquanto gritava pela mamãezinha...

— Você não tem coração? — Perguntei, encarando seus olhos que mais pareciam duas pedras de gelos.

— Não é da sua conta! Para de encher a porra do meu saco e se manda daqui de uma vez! — Ele gritou.

Estava prestes a respondê-lo com ignorância também quando a porta chiou alto ao ser aberta.

— Meu gostoso… — Ouvi a voz da Rayane atrás de nós e me virei para encará-la. A mesma já estava com seus olhos vidrados em cima de mim, olhando-me enojada.

Que bom, porque eu sentia a mesma coisa por ela! Nojo!

— Puta que pariu, vocês tão achando que aqui é o barraco de quem, caralho? Tão me tirando pra otário mermo, pô! — Ele bufou e voltou a se sentar. — Próxima vez vou pegar essa porta e enfiar no seu cu, Rayane! Sabe bater nessa porra não? — Relíquia gritou, irritado.

— Desculpa amorzinho, não sabia que estava fazendo caridade a essa hora... — Ela sorriu debochada e enrolou uma mecha loira no dedo. Estava ridícula com aquele toquinho de cabelo oxigenado e ainda conseguia se sentir a rainha do mundo.

— Já estou de saída, faça bom proveito, querida! — Forcei um sorriso e limpei as lágrimas com a costa da mão, caminhando a passos duros em direção a porta.

— Dulce… Volta aqui agora! — Ouvi Relíquia ordenar atrás de mim, mas o ignorei e abri a porta com uma certa raiva, batendo ela com força logo em seguida. — Dulce! Filha da puta! — Relíquia gritou e quase deixei aquele lugar correndo, com medo de que ele resolvesse me seguir e me arrastar pelos cabelos de volta.

Quando cheguei em casa, Anahí estava esparramada no sofá enquanto se abanava com um pedaço de papelão.

— Estava batendo perna onde, Dul? — Ela perguntou, curiosa.

Dono do Morro [M]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant