𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟹𝟶 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

19.1K 931 202
                                    

Após pegar a vassoura e outras coisinhas mais para a limpeza, olhei envolta da sala e fiquei pensando onde começaria com a faxina. Não conseguia acreditar que Dulce Saviñón, euzinha, estava prestes a pegar em uma vassoura pela primeira vez na vida!

Logo eu que sempre fugi de todos os afazeres domésticos, odiava lavar, passar... Cida estaria muito orgulhosa de mim naquele  momento.

— Melhor colocar pelo menos uma música. — Murmurei, caminhando até o aparelho de som que tinha ali na sala. Sem tantas dificuldades, consegui ligá-lo. — Vamos ver isso aqui... — Peguei a pilha de CD's que tinha em cima da estante e me sentei no sofá.

Passei um por um, mas para minha tristeza a maioria deles era de funk, pagode ou samba. Poxa, zero sertanejo? Meus olhinhos voltaram a brilhar assim que encontrei um CD de uma capinha transparente só com um adesivo escrito a tinta preta "Anitta".

Corri para colocar no som e quando a batida de "Meiga e Abusada" começou, peguei a vassoura e iniciei minha faxina naquele depósito de lixo, também conhecida como casa do Relíquia.

— Tá fazendo tudo que eu mando, achando que logo vai me ter... — Cantei enquanto soltava a vassoura em qualquer canto e começava a dançar. Era impossível tocar aquela música e não mexer a raba.

— Quem tá ouvindo essa merda de Anitta, caralho? — Ouvi alguém gritar do lado de fora.

Revirei os olhos e já fui afrontar.

— Não gostou tampa os ouvidos! — Gritei pela janela e dei risada, me escondendo atrás da parede quando a pessoa se virou para olhar na minha direção. Ainda assim consegui escutar a lista de insultos dirigidos a minha pessoa. — Deixa ele chorar, deixa ele sofrer, deixa ele saber que eu tô curtindo pra valer... — Voltei a cantar enquanto me agachava para pegar a vassoura de novo.

Fechei os olhos e fiquei me imaginando sendo a Anitta e a vassoura o meu microfone, sem deixar de varrer a casa. Já fizeram isso? Provavelmente, sim. Era ótimo, quando você menos esperava já tinha feito quase tudo. No meu caso, só faltava o andar de cima.

  •  •

Tinha terminado de limpar a varanda quando ouvi barulhos no andar de baixo. Desci devagar por causa dos baldes que trazia nas mãos.

— Ô, Dulce! — Ouvi alguém me gritando no portão e fui ver quem era, mas antes deixei os baldes no quintal dos fundos.

— Anahí? — Perguntei surpresa, correndo para pegar a chave e ir abrir o portão. — Está fazendo o que aqui?

— Relíquia me pediu para trazer. — Explicou enquanto levantava duas sacolas de supermercado. — Hoje vamos nos produzir juntas!

— Ata, entendi. Entra. — Pedi assim que abri o portãozinho. Ela passou por mim e nem precisou de cordialidades para entrar na casa de Relíquia.

— Acho que vai ficar um pouco justo, até porque olha só que corpo sensacional esse seu, me pareço uma tábua do seu lado, mulher! — Falou apontando para o próprio corpo. Dei risada e a abracei pelo ombro, fazendo-a se sentar no sofá.

— Tem problema não, Anahí. Até lhe agradeço, se dependesse do Relíquia eu ia até de pano de chão. — Brinquei. Anahí deu aquela gargalhada escandalosa que só ela tinha.

— Quem diria Dulce, tu e o Relíquia... — Anahí deu um sorriso malicioso. Suspirei e fui pegar um copo de suco para ela.

— Pois é, bem que você avisou para eu tomar cuidado. Não escutei e agora estou aqui. — Dei de ombros e entreguei o copo para ela.

Dono do Morro [M]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora