𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟻𝟿 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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Christopher teve que ficar fora do morro por três dias, parece que tinha algumas coisas para resolver fora do Rio de Janeiro e, mesmo sem querer, o meu coração ficou apertado com isso, preocupada que algo acontecesse com ele ou fosse pego pela polícia.

Estavam rolando altos boatos que Rayane estava me caçando pelo morro, mas graças a Deus Relíquia deixou um de seus homens na frente da minha nova casa. De início odiei a ideia, a sensação era de que estava sendo vigiada e meus passos sendo controlados, mas depois me pareceu bem atrativo já que pelo menos impediria que Rayane invadisse a casa e me fizesse algum mal.

Hoje era quinta-feira, dia da minha folga na boutique, e por isso aproveitei para acordar mais tarde do que o comum. Só que meus planos foram interrompidos pelo som irritante do meu celular tocando, de primeira ignorei a chamada e voltei a dormir, mas o celular tocou novamente.

Bufei de raiva e me sentei na cama, pegando meu celular e vendo no visor quem era.

Pai.

Ele me ligava constantemente, às vezes eu até atendia, mas como só queria que eu voltasse para casa e não estava disposto a me dar um apartamento e nem nada do tipo, parei de atender suas ligações. Pensei em rejeitar a chamada novamente, mas fiquei preocupada em saber se ele estava bem.

— Alô, minha filha? — Ele falou assim que deslizei o dedo no botão verde. — Dulce, é você?

— Sim, sou eu papai. — Apenas respondi, sentindo um nó se formar em minha garganta.

— Graças a Deus, minha filha! Por que não atende mais minhas chamadas? Eu preciso te ver!

— Não posso, papai... Não posso te ver. — Falei com a voz embargada, sabia que se visse ele novamente ia me desmanchar.

— Por favor minha filha, só quero te ver, saber como você está... Você não atende meus telefonemas há meses, não sei se está bem, onde está vivendo. Não faça isso com o seu pai Dulce, estou sofrendo sem você aqui... — Ouvi a voz dele tremer com um possível choro e meu coração se apertou com isso.

Papai era um ser humano tão bom, não merecia estar passando por isso. Jamais quis magoá-lo, não vê-lo era mais uma auto-prevenção para mim mesma.

— Tudo bem. — Suspirei derrotada. — Me encontre daqui duas horas na praça de alimentação do Shopping Leblon. Eu te procuro.

— Obrigado minha filha, obrigado. — Agradecia continuamente, parecendo emocionado.

Despedi-me do meu pai e corri para me arrumar, caso eu quisesse chegar na hora certa teria que apressar. Após tomar uma ducha rápida, vesti uma calça jeans flare e uma regatinha florida, logo calçando uma rasteirinha nos pés. Antes de sair de casa, verifiquei se as portas e janelas estavam trancadas e saí. Notei um movimento estranho na frente, um homem rodeava a casa e me olhou assustado assim que eu lhe encarei.

Como já estava em cima da hora e ainda teria que pegar duas conduções até o Leblon, deixei para checar aquilo depois. Desci o morro apressada, acenando e sorrindo vagamente para alguns conhecidos.

Inicialmente peguei um micro ônibus lotado até a Barra da Tijuca, depois desci e fiz integração para um ônibus até o Leblon, onde teria que caminhar um pouco do Teatro até o Shopping.

Enquanto percorria o cujo caminho, meu celular tocou na minha bolsa. Sem parar de andar, atendi.

— Oi, Any.

— Cadê tu? Bati aqui na sua porta e tá tudo fechado. — Anahí respondeu entre alguns chiados.

— Meu pai me ligou de novo, vim encontrar com ele.

Dono do Morro [M]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant