𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷𝟻 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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— Não dissunta não, pô! Tá fazendo o que aqui no meu morro? Fui bem claro quando falei que não era mais pra tu brotar aqui! Chamou até de lixo, porra! — Relíquia gritou enquanto me encurralava em um canto mais afastado do camarote

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— Não dissunta não, pô! Tá fazendo o que aqui no meu morro? Fui bem claro quando falei que não era mais pra tu brotar aqui! Chamou até de lixo, porra! — Relíquia gritou enquanto me encurralava em um canto mais afastado do camarote. Acompanhei com os olhos quando ele pegou a pistola da sua cintura e ficou alisando o cano dela no meu pescoço.

Relíquia estava diferente de alguns meses atrás. Os cabelos estavam maiores e uma barba grande tampava boa parte do seu rosto. Notei também uma cicatriz fina cortar sua sobrancelha do lado direito. Aquela era nova, pelo que eu me lembrava.

— Você está diferente... — Comentei com um sorriso. A brisa da maconha era forte mesmo, até me sentia mais corajosa.

— Larga de caô garota e me responde logo. Tá fazendo o que aqui, porra? — Berrou. Senti ele descer a pistola pela minha barriga, pressionando-a forte no meu abdômen.

— Deixa de birra comigo, só vim curtir um pouco o baile. — Falei, dando de ombros. Ele cerrou os punhos e apertou meu pescoço.

— Dessa vez, vou deixar passar. Mas, se eu souber que cê tá tumultuando de novo, acabo com sua raça sem pensar duas vezes! — Ele ameaçou. — Passei a visão pra tu, fica na moral e abraça meu papo, morô?

— Tudo bem... Posso ir agora? — Perguntei, me sentindo um pouco tonta. Relíquia concordou e ia me dar as costas, quando voltei a falar. — Será que você pode me emprestar uma grana?

Ele se virou na hora e me olhou debochado. Pude jurar ter escutado ele dar uma risadinha baixa.

— Ah sim pô, tô com cara de banco agora? Se liga, hein! — Relíquia negou com a cabeça e foi se sentar no sofá. Observei-o puxar uma puta de cabelo ruivo para o seu colo e pegar o cigarro da mão dela.

Bufei de raiva e desci do camarote. Que cara mais mão de vaca! Eu tinha dinheiro suficiente para comprar aquele morro se eu quisesse. Comecei a procurar por Maite na pista e a encontrei perto do palco, dançando coladinha no JC.

— Amiga! Você está viva! — Falou contente. JC deu risada e um tapa bem dado na bunda de Maite. Quanta intimidade.

— Me empresta um dinheiro ai? — Eu pedi na maior cara de pau.

— Tem certeza, Dul? Você já está bem alegrinha.

— Coé neguinha, deixa a mina ficar na brisa. Toma aqui essa meta! — Largou Maite para abrir a carteira e me entregou duas notas de cem reais. 

— Poxa, obrigada JC! Depois te pago com juros, hein. — Falei sorrindo.

— Tranquilo, pô. — Deu de ombros e voltou a dançar com Maite. Dei as costas aos dois e caminhei até o bar novamente. O garçom de antes não estava mais lá, agora era uma mulher de meia idade, mais ou menos uns cinquenta anos.

— O que vai querer, linda? — A mulher perguntou. Sorri e olhei para as bebidas na vidraça. 

— Pode ser aquela ali. — Apontei para uma garrafa com a bebida azul. A mulher concordou, pegou a garrafa e começou a encher o meu copo. — Obrigada! — Agradeci, pagando pela bebida e pegando o meu copo.

Dono do Morro [M]Where stories live. Discover now