𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟺𝟸 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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Eu morri?

Foi a primeira pergunta que me fiz assim que voltei a consciência na UBS do morro. Meu antebraço direito estava imobilizado com uma tala e minha cabeça doía muito, parecia que tinha sido esmagada por um bando de elefantes. Aos poucos, as lembranças de como fui parar ali foram voltando.

Relíquia havia me espancado.

De novo.

— Tu acordou! — Anahí falou, meio animada e preocupada com a minha situação. — Deve estar com dor, não é? Vou chamar a enfermeira, aguenta firme aí! — E saiu correndo para fora da sala.

Realmente estava com muita dor, chegava a ser insuportável.

Alguns minutos depois Anahí voltou ao quarto com uma enfermeira, mais ou menos da mesma idade que ela.

— Sou a enfermeira Gabriele, muito prazer. Sente dor em que região do corpo, Dulce? — Ela perguntou com a voz doce.

— Cabeça... — Murmurei com a boca seca.

Anahí se postou ao meu lado e segurou minha mão, me transmitindo força. A enfermeira tirou uma seringa lacrada de dentro do bolso do avental e a encheu com um líquido claro, inserindo no soro anexado a minha veia.

— Isso vai ajudar a amenizar um pouco sua dor. — Gabriele explicou e logo depois apontou para o meu braço enfaixado. — Teve uma fratura no osso posterior desse antebraço e alguns hematomas leves pelo corpo, mas vai ficar bem em breve. Logo o médico vem assinar sua alta, acredito que hoje mesmo volte para a casa.

Sorri, pelo menos não ficaria por muito tempo naquele postinho.

— Deus do céu, Dulce cê está bem? — Anahí perguntou aflita, assim que a enfermeira deixou o quarto em que estávamos. — Me perdoa por não poder te ajudar de alguma forma, me sinto tão culpada… Papo reto! — Choramingou.

Apertei a mão dela.

— Você não tem culpa de nada Anahí, eu que me meti nisso... Estou pagando pelas minhas escolhas feitas lá atrás. — Respondi depois de um suspirar.

— Quando aquele monstro me avisou que tu estava aqui entrei em pânico! — Disse com os olhos azuis cheio de lágrimas. — Dulce o seu rosto… — Sussurrou.

— Está muito feio? — Perguntei, levando a mão até o mesmo, que ardeu um pouco com o contato.

— Puta merda, vou falar a verdade, ok? Feio é pouco... Tá horrível pra uma desgraça! — Ela respondeu, me deixando com medo de que ficasse alguma marca de vida no meu belo rosto.

— Anahí! — Resmunguei. Ela deu de ombros, caminhando até onde estava a sua bolsa em cima de uma cadeira e tirou de lá um espelho pequeno.

— Dá só uma olhada e vê se tô de exagero com sua cara! — Peguei o espelho da sua mão e pestanejei um pouco antes de virá-lo para mim.

Minha mão tremia enquanto analisava meu olho roxo, estava com uma aparência realmente horrível e certamente demoraria um tempo para voltar ao normal.

— Pelo menos acho que não ficará cicatriz... — Falei, devolvendo o espelho a Anahí e respirando bem fundo. Me trazia certo incômodo quando eu realizava o movimento de piscar os olhos, mas de resto estava tudo bem.

Dono do Morro [M]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora