𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷𝟷 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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Faltei o resto da semana na escola, evitando me encontrar com Maite. Inventei uma história de que estava doente para minha mãe, ela pareceu engolir a mentira. Hoje era sexta feira, dia da minha mãe trazer os colegas de trabalho para dentro da nossa casa.

Será que ela não cansava de se vender dessa forma?

Depois de acordar e me arrumar, desci para tomar café. Meus pais já estavam sentados à mesa. Dei um beijo no rosto do meu pai, que estava lendo o jornal da manhã enquanto tomava seu amado café preto, e desejei bom dia para a minha mãe.

— Bom dia! —  Respondeu, sem me encarar. — Alguns sócios e clientes importantes da empresa virão aqui em casa hoje, Mateus Philips vai estar presente também. — Minha mãe comentou. Revirei os olhos disfarçadamente. — Eu não quero te ver se comportando feito um moleque, ouviu?

— E por acaso eu já me comportei feito um? — Parei de passar a geleia na minha torrada e levantei meus olhos até ela.

— Desde que virou amiga daquela Bruna, sim. Está rebelde e mal criada! — Deu de ombros.

Meu pai a fitou sério.

— Bárbara não fale assim com a nossa filha! Ela não é mais nenhuma criança, sabe como tem que se comportar. — Papai a repreendeu, tomando a frente de minha defesa.

— Fernando, só tenho medo que ela desonre e acabe jogando o nome da nossa família no lixo! — Falou. Bufei de raiva, chegando ao meu limite, taquei o guardanapo na mesa e me levantei.

— Não se preocupe com isso, mãe. Não faço questão de participar de nada que venha da senhora! — Cuspi as palavras e saí a passos duros para o meu quarto.

Chegando lá, bati a porta com força e me joguei na minha cama. Não estava mais suportando conviver com ela. Será que Maite estava certa? A minha mãe estava mesmo decidindo o meu futuro e até mesmo quem eu era? Estava tão confusa, minha mente era uma bagunça.

Ouvi umas batidinhas na porta do meu quarto e mandei a pessoa entrar. Meu pai apareceu com um sorriso no rosto.

— Posso entrar? — Perguntou. Dei de ombros. Ele entrou e se sentou ao meu lado na cama. — Como minha bebezinha está?

— Pai, não me chama assim. Não sou mais um bebê. — Reclamei, fazendo bico. Meu pai deu risada e me puxou para um abraço. Coloquei minha cabeça no seu colo enquanto ele acariciava meus cabelos.

— Sempre vai ser meu bebê. — Disse. E eu sabia que ele estava falando sério, por isso o amava tanto. — Vim aqui pedir para você não ficar com raiva da sua mãe, ela fala aquelas coisas porque se preocupa com você.

— Que maneira mais estranha de se preocupar... — Falei, fechando os olhos. — Você se preocupa comigo e mesmo assim não me trata daquela forma.

— Sua mãe e eu não somos iguais, princesa. Amamos de maneira diferente. Tenho certeza que ela só quer o seu bem, mas infelizmente não consegue demonstrar isso direito. — Olhou para mim e riu.

— É, talvez seja isso mesmo. — Concordei. Afinal, todas as mães deveriam amar seus filhos, não é? Algumas do jeito certo e outras de um jeito torto, como no caso da minha mãe. — Pai...

— Oi, bebezinha — Disse para me provocar. Revirei os olhos e dei um tapa de leve no seu braço.

— Não quero descer hoje à noite, está bem?

Meu pai fez uma careta, mas concordou com a cabeça.

— Por mim, tudo bem. Até eu acho esses jantares um tédio. — Brincou e demos risada. — O difícil mesmo vai ser convencer a sua mãe disso, mas acho que posso lidar com ela esta noite.

Dono do Morro [M]Where stories live. Discover now