𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟸𝟿 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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— O que tu tem na cabeça hein Dulce? — Relíquia perguntou assim que passei pela porta da salinha de administração da boca, logo atrás dele.

— Cérebro?! — Respondi em tom de ironia. Ele me fitou sério e foi inevitável não me recordar de todo o mal que ele tinha me causado da última vez que nos vimos.

Relíquia apontou para cadeira em frente a mesa e me sentei sem reclamar. Minhas mãos tremiam e suavam sobre o meu colo, não fazia a mínima ideia de como agir perto dele, que era um tremendo bipolar. Uma hora agia feito um animal, querendo me bater e se aproveitar de mim, outrora como se nada de mais tivesse acontecido entre nós dois.

— Por que me obrigou a vir aqui? — Perguntei sem poder conter mais a minha curiosidade. Observei minuciosamente quando Christopher largou o seu revólver em cima da mesa e se sentou, descansando os calcanhares sobre a mesma, com a postura relaxada.

— Tu não parecia tão cheia de si enquanto se estapeava com a vadia da Rayane no meio da rua, sabia? — Ele debochou, ignorando a minha pergunta.

Bufei ao me lembrar daquela maluca tocando nos meus cabelos sedosos.

— Ela me provocou! — Retruquei.

— E tu entrou na onda dela direitinho, ainda por cima apanhou feito uma cachorra. Que papelão, pô!— Murmurou, soltando uma risada forçada logo em seguida.

Revirei os olhos.

— Ela me pegou desprevenida... — Menti, desviando os olhos. Nunca foi preciso usar da minha força física, por isso estava tão despreparada para aquela briga. Pena que não me lembrei disso antes de entrar nela. — Agora pode me dizer por que me chamou aqui? Não tenho mais nada a resolver com você.

— Pelo contrário, tu tem muita coisa pra se resolver comigo, sem neuroses. — Ele respondeu e se inclinou mais para trás. Engoli em seco, nervosa. — O papo é reto, a partir de hoje tu entrou no meu time, coloquei no meu nome mermo. Quando eu te chamar quero que esteja aqui a disposição. — Falou tranquilamente, como se o que estivesse me falando fosse a coisa mais simples do mundo.

— O quê? Está de brincadeira, não é? — Perguntei hesitante.

— Por acaso tenho cara de comédia, caralho? — Ele falou sério. Não, não tinha. E quase chorei com aquela constatação. — E outra, não quero te pegar de conversa fiada com outro macho não, se eu ver pipoco os dois na bala.

— Eu não vou ser sua amante coisa nenhuma! — Gritei, me levantando.

— Senta, porra! — Ordenou entredentes, apontando para cadeira. Pensei muito antes de fazer o que ele tinha me mandado.

— Eu tenho medo de você. Não quero que me toque nunca mais, só em imaginar sinto vontade de vomitar! — Enfatizei, vendo a veia na testa dele se sobressair. — Você me bateu, me estuprou... Como tem coragem de me falar essas coisas absurdas? — Me engasguei ao me lembrar de tudo que ele tinha feito até então.

— Cala essa merda de boca, porra! Tô te passando a visão, não me tira do sério! — Ele gritou, apontando o dedo na minha cara. Fiquei em silêncio, mesmo querendo lhe dizer um monte de verdades. — Tudo que eu quero, eu consigo. E eu quero tu pra ontem, tendeu ou quer que eu desenhe? Nunca se negue a mim, caso contrário aquela sua amiguinha gostosa... Maite, não é? Vai ser obrigada a dar um giro pelo inferno, e tudo por sua culpa.

— Não me ameace! Maite não tem nada a ver com isso! — Respondi indignada com suas palavras. — JC sabe que você está me chantageando com isso?

— Se liga garota, JC tá pouco se fudendo pra sua amiguinha piranha. Ela é só mais um buraco pra ele enfiar o pau, sacô?— Relíquia respondeu debochado.

Dono do Morro [M]Where stories live. Discover now