𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟺𝟻 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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— Quem tu pensa que é pra ficar tumultuado no meu morro? — Relíquia gritou com Anahí, que parecia pronta para bater de frente com ele.

— Fica sussa ai Relíquia, deixa que com essa aqui eu desenrolo o papo! — Poncho falou e saiu arrastando Anahí pelo braço.

Fiquei ali com cara de tacho, sem saber o que fazer.

— Olha ai suas amizades, tá achando bonito? — Relíquia se apressou em dizer.

Ia retrucar seu comentário desnecessário, mas uma ruiva toda vestida de periguete apareceu e nos interrompeu.

— Docinho, bora lá terminar o que tínhamos começado? — Ela falou atrás do Relíquia, abraçando-o pelo peito. Engoli a raiva de ver aquela puta tocando ele e sai pisando duro daquela merda. Eu era uma boba mesmo, uma trouxa por me sentir daquele jeito em relação a ele, que só sabia me maltratar e ofender!

— Tá saindo por que mesmo? Deixei? — Relíquia me parou logo assim que terminei de descer as escadas, apressada.

— Não importa! Por que não vai lá ficar com o seu docinho? — Ironizei, me soltando dele e tentando voltar a andar. Minha cota naquele baile tinha chegado ao fim.

— Tá se mordendo de ciúmes, é? — Me provocou.

— Ciúmes de você com aquela água de salsicha? Eu? — Soltei uma risada debochada, cruzando os braços sobre o peito. — Até parece que eu ia sentir ciúmes de um coitado feito você! Se enxerga!

— Coitado mas que tu adora que te pegue desse jeito, não é? — Ele disse e se aproximou mais de mim, passando os seus braços fortes envolta da minha cintura e me puxando na sua direção. Minha respiração no mesmo segundo ficou ofegante e olhei para os seus lábios umedecidos. — Quando tá fodendo com o coitado aqui, tu se esquece de tudo e revira os olhinhos pra ele, tá ligada? — Murmurou no meu ouvido.

— Me deixa em paz… — Falei com a voz fraca, sem tanta convicção ao tentar me soltar.

— Bora colar agora lá na minha goma, deixa rolar um sentimento entre a gente, vai? — Disse e começou a chupar o nódulo da minha orelha. Ofeguei, tentada a aceitar, mas a pequena parte racional da minha mente me impediu de fazer aquilo.

— Não, não vou para lugar nenhum com você! — Empurrei ele pelo peito e tomei um pouco de distância. — Acha que eu me esqueci do que você fez comigo da última vez?

— Esquece isso... Coé já te disse que não queria ter relado em tu, perdi a cabeça só isso, pô! — Relíquia bufou e voltou a me puxar pela cintura.

— É fácil para você esquecer, não é? Quem apanha é que nunca esquece!

— Caralho que mina marrenta da porra! — Murmurou antes de me beijar. Fui pega de completa surpresa que até demorei para corresponder ao seu beijo. Maldito beijo delicioso, que era capaz até de tirar os meus pés do chão! — Bora lá pô, não vou fazer nada que tu não goste.

— O seu docinho está lá em cima te esperando! — Lembrei-o com um sorriso de canto.

— Eu dou um chá de cadeira naquela puta, acha mermo que ligo para aquilo lá? — Ele falou e voltou a me beijar. — Só vou bater um fio ali, papo dez.

Relíquia subiu correndo para o camarote, pulando de dois em dois degraus. Bati na minha cabeça repetidamente como forma de castigo por estar me submetendo aquilo de novo. Até quando eu ia fazer papel de otária?

Já tinha se passado uns oito minutos desde que o traste saiu e não voltou, estava até a decidida a ir embora quando ele finalmente apareceu.

— Ô, vai pra onde? — Me agarrou pelo braço, me impedindo de sair do baile.

Dono do Morro [M]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora