𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟼𝟻 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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— Você precisa me ajudar, quero estar bem bonita! — Falei, admirando pela milésima vez o meu novo vestido estendido na cama.

Anahí parou ao meu lado e riu.

— Até agora não tô botando fé que o Relíquia te deu um presente. — Ela falou incrédula, negando com a cabeça. — O Relíquia mano! Aquele ogro mal fala com a própria mãe.

— A mãe dele mora aqui no morro? — Ergui as sobrancelhas, surpresa. Ele nunca havia comentado nada sobre ela.

— Sua sogra mora mais perto do que tu imagina. — Ela respondeu. — Se quiser, qualquer dia te levo lá no barraco dela.

— Acho que o Relíquia não ia gostar nada disso... — Neguei com a cabeça, pensando em mil possibilidades do porquê ele nunca ter comentado da sua mãe comigo. — Se não me falou nada sobre ela, é porque não quer que eu me meta no assunto.

— Tu que sabe, ela é uma pessoa muito legal. Nem parece que é mãe do coisa ruim, aquele ali é o pai todinho. — Anahí murmurou, e pela primeira vez percebi que ela sabia muito mais coisas sobre a vida do Relíquia do que eu.

— O que aconteceu com o pai dele?

— Não sei ao certo, quando ele veio morar aqui só estava com a mãe. Mas fiquei sabendo que o pai dele era um drogado de merda que batia na mãe dele e vendia as coisas de casa pra comprar droga. — Anahí falava em tom baixo, como se fosse um segredo. — Parece que a mãe dele decidiu fugir pra cá porque o pai fez tantas dívidas que já estava cogitando vender o próprio filho para uns mafiosos.

— Que coisa horrível! — Exclamei.

— Pois é, o mais doido de tudo isso é que o Relíquia acabou se tornando um cara igualzinho ao pai dele. — Anahí falou.

— Não fala assim, Anahí... — Defendi-o, não gostando nada do comentário dela. - Relíquia tem inúmeros defeitos, mas jamais venderia alguém!

— Tudo bem, não vou te chatear expondo as verdades. — Ela respondeu e eu revirei os olhos.

— Vai ajudar a me arrumar ou não?

— Vou sim, deixa só eu pegar as coisas. Enquanto isso vai tomando o seu banho.

— Você vai para o baile também? — Perguntei, percebendo que ela não estava tão animada como de costume.

— Não sei, acho que vou ficar de molho hoje. Sabe, as coisas entre Poncho e eu estão estranhas... — Murmurou pensativa.

— O que houve?

— Sei lá, a gente só tá... Diferente. — Respondeu meio confusa. — Tô com umas paranóias aí, mas não se esquenta.

— Se quiser conversar, estou aqui. — Falei. Ela concordou com a cabeça e eu entrei no banheiro.

Tomei um banho demorado, lavando bem meu couro cabeludo e meu corpo. Quando voltei a entrar no quarto, enrolada em uma toalha, Anahí já tinha preparado tudo. Vestido, sapatos, as jóias.

— Nada de sextou então? — Perguntei-lhe enquanto ela fazia meu cabelo.

— Pensando bem, talvez eu vá. — Respondeu, sorrindo pelo espelho para mim. — Não quero perder a cara do Relíquia quando te vê de jeito nenhum.

— No máximo vai se arrepender e mandar eu trocar de roupa. — Dei risada e Anahí se juntou.

Anahí continuou a me ajudar com o cabelo, e assim que terminou de secá-lo, começou a passar a chapinha. Eu mesma que fiz minha maquiagem, pois sempre fui uma boa maquiadora.

Dono do Morro [M]Where stories live. Discover now