𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟹𝟽 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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Subimos a ladeira em direção a barraca de açaí. Passamos por uma quadrinha de futsal que estava lotada de moleques jogando futebol, inclusive tinha vários traficantes armados fazendo vista grossa do lado de fora e assistindo o jogo.

— O melhor açaí do mundo! — Anahí disse assim que paramos em frente a barraca. — Dois copinhos de oito reais, Jair. — Ela pediu ao homem de cabelos grisalhos.

— É pra já, minha querida! — Ele respondeu e começou a preparar o açaí, caprichando nos acompanhamentos que Anahí e eu escolhemos.

— Pode botar na conta do Relíquia, firmeza? — Anahí falou assim que pegou os dois copinhos e levou uma colherada à boca.

Jair concordou meio desconfiado, mas não se opôs a nada.

— Relíquia vai ficar muito bravo quando souber... — Murmurei assim que nos afastamos da barraca e fomos caminhando até uma pracinha que ficava ali por perto.

— Vai nada, tu como amante dele tem créditos pelo morro todo. — Anahí respondeu e nos sentamos em um banco de concreto.

— Não sou amante de ninguém não! — Retruquei de cara fechada. Anahí arqueou as sobrancelhas, me olhando com uma cara de “sério que não?”. — Eu só estou transando com ele porque sou obrigada.

— Mas tu bem que se aproveita, não é? E muito! — Ela gargalhou escandalosamente. — Não tô cega ainda não Dul, eu vi muito bem como tu fica quando ele tá por perto. O desgraçado mexe com tu... Mas não te culpo, apesar de ser um babaca ele é gostoso.

— Eu odeio ele! — Enfatizei.

— Amor e ódio andam lado a lado, bebê. — Ela provocou.

— Por isso você e o Poncho só ficam de confusão, não é mesmo? — Falei com um sorriso debochado no rosto.

Anahí enrubesceu.

— Ahh não, apelou demais sua chata! — Ela deu língua e me empurrou de leve com o ombro. — Relaxa, qualquer coisa tu paga ele com seu xerecard e tá tudo no certo. — Voltou a gargalhar. Arregalei os olhos, rindo junto com ela.

— Anahí! Cala a boca! — A repreendi.

— Até porque isso é a única coisa interessante que ela tem pra oferecer... — Rayane passou ao nosso lado, debochando baixinho para Viviane, mas o suficiente para que eu ouvisse.

— Duas cobras rastejando juntas… Isso não vai prestar! — Anahí falou em alto e bom som.

— Essa ridícula não aprende de jeito nenhum a ficar na dela. — Falei entrando no jogo.

— Ridícula? Tu tem é inveja de mim! — Rayane gritou, apontando o dedo na minha cara. Aquilo não ia prestar mesmo... — Porque sou mais bonita e muito mais gostosa que tu! Olha bem para os meus peitos, para o meu corpo, e olha só para os seus. Toda mucha! Coitada!

Ela era tão desbocada que nem se dava o trabalho de fazer barraco discretamente, tinha que gritar e chamar a atenção de todo mundo.

— Coitada de mim? Coitada de você que é toda plastificada! Só você mesmo sabe quantos programas teve que fazer para conseguir colocar esses silicones ridículos, não é? — Falei no mesmo tom de voz. — Mais falsa que nota de três reais.

Se ela queria barraco, barraco ela teria!

— Relaxa Dul, não se esquenta por causa dessa aí não. — Anahí falou, colocando a mão no meu ombro e me afastando de Rayane. — Por que não vai caçar um macho, Rayane? Aproveita e leva essa sua amiguinha também! — Fitou Viviane com ódio.

Dono do Morro [M]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora