𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟸𝟼 - 𝙱𝚘𝚗𝚞𝚜

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Acordei na sexta-feira com uma leveza que até eu estranhava, já que ultimamente só andava mal humorada e com paciência para porra nenhuma

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Acordei na sexta-feira com uma leveza que até eu estranhava, já que ultimamente só andava mal humorada e com paciência para porra nenhuma. O novo trampo no asfalto estava sugando todas as minhas boas energias, ficar em pé o dia todo e sorrindo que nem uma palhaça definitivamente não era minha vocação.

— Ei pirralha tá fazendo o que aqui que ainda não foi para o colégio? — Perguntei a Louise que estava esparramada no sofá da sala, como se não tivesse nada para fazer. Terminei de descer as escadas e me aproximei dela. — Deixa a tia saber que tá cabulando aula, peste!

— Me deixa em paz, despacho de encruzilhada... — Respondeu com o rosto emburrado. Me sentei ao seu lado e percebi que ela não estava nada legal.

— Que cara é essa? Alguém mexeu com tu, foi? — Indaguei, já alterando meu tom de voz. Ela podia ser insuportável, mas era a minha irmã mais nova, a defenderia com unhas e dentes de qualquer um que viesse folgar com ela.

— Não, tô só com a cabeça cheia de ideias erradas, só isso... — Respondeu. Não acreditei muito naquela desculpinha, mas sabia que ela me contaria tudo no momento certo. — Vai brotar no baile hoje?

— Claro pirralha, o baile é de lei. — Levantei-me do sofá dando um puxão no rabo de cavalo dela. Louise grunhiu com raiva e tentou me acertar com o pé.

— Demônia! Volta para o inferno, porra! — Gritou, tentando me chutar outra vez. Credo, a bicha estava sem paciência pra nada.

— Também te amo, Louisinha! — Soprei um beijo em sua direção e fui até a porta de casa. — Vou brotar lá na goma da Suze, quer vir?

— Não. — Respondeu curta e grossa, voltando a mexer no celular dela.

Dei de ombros e saí de casa.

Estava fazendo um sol de assar o brioco de qualquer um. Hoje estava fervendo de pessoas subindo e descendo o morro, trampando o dobro por conta do bailão. Nem daria tempo de fazer uma manutenção no salão, já que Suze ia fazer minhas unhas agora e depois teria que ajudar a tia lá no barzinho junto com a Louise.

Estava terminando de descer o escadão perto do beco cinquenta e sete quando vi uma loira oxigenada de costas para mim, com o rabo empinado, não sei como aquela ali ainda não tinha quebrado a coluna de tanto se envergar por ai.

Mas o que me deixou puta de raiva, foi ver ela com as mãos no peito do meu macho! Isso mesmo, meu homem! E Poncho ainda estava dando trela para aquela piranha, que murmurava no pé do ouvido dele e o idiota ainda por cima ria das coisas em que ela falava.

Viviane era uma das vagabundas famosinhas daqui no morro, inclusive era best friend da Rayane.

— Tô atrapalhando o casal aí? — Perguntei parando atrás dos dois, com os braços cruzados. Poncho se assustou e tratou logo de tirar as mãos de Viviane do corpo dele, achando que tinha uma palhaça ali.

Ele nunca havia me assumido como fiel para ninguém, apesar de que eu sempre quis que ele fizesse isso. Poncho era um dos traficantes de patente alta no morro, era o braço direito de Relíquia, e as piranhas caíam matando em cima dele. Mas queria ser rotulada como fiel não por conta das coisas que ele tinha, como a maioria dessas putas, mas porquê eu gostava dele de verdade há muitos anos. Éramos fechamento, tínhamos combinado isso. Prometemos exclusividade um ao outro, mas pelo jeito ele não estava levando o combinado ao pé da letra.

— Tá sim. — Viviane respondeu estufando aqueles peitos murchos e dando um sorriso forçado. Ela me tirava do sério mais do que minha irmã, o que era um milagre. Borbulhei de raiva e pensei em dez mil maneiras de acabar com a raça daquela vagabunda.

Talvez eu batesse a cabeça dela na parede até que a sua testa afundasse.

— Qual é Poncho, tá me tirando para otária? — Indaguei, estreitando os olhos. Ele parecia sem palavras e preferiu ficar em silêncio, o que só piorou para o lado dele.

— Otária tu já é, não é? Não consegue nem manter um macho satisfeito! — Respondeu a puta. Aquilo aumentou a minha raiva cinco vezes mais.

— Perdeu a chance de ficar calada, sua vadia! — Murmurei e tentei avançar pra cima dela, mas o puto do Poncho me segurou pela cintura. Felizmente, consegui empurrá-lo para longe de mim e lascar um tapa bem dado na cara daquela piranha do caralho, que ficou me olhando incrédula.

— Agora tu vai ver uma coisa, Anahí! — Ela gritou e tentou me revidar o tapa, mas Poncho foi mais rápido e segurou a mão dela ainda no ar.

— Pelo amor de Deus, camba daqui, Vivi! — Poncho gritou.

Vivi?

Oi???

— Vivi? — Perguntei incrédula, antes de dar as costas e deixar aqueles dois imbecis ali. Não ia mais dar palco para aquele circo.

— Anahí! — Ouvi Poncho me gritar e virei só para soltar.

— Se passa, viu? Meu nome não é bagunça não! Se liga que tu roda rapidinho comigo, querido. — Avisei e passei por um vapor que me deu uma bela secada, pisquei um olho para ele e mandei beijinho.

Vi Poncho bufar de raiva e caminhar furioso atrás de mim.

— Que foi aquilo, Anahí? Tu se engraçando para o lado daquele prego! Tu já teve rolo com ele, é? — Gritou, enciumado.

Foda-se, ele era tanto ou até mais doente de ciúmes do que eu.

— Noé, bebê. — Respondi olhando para as minhas unhas.

— O quê?

— Noé da sua conta! — Respondi e vi Suze me esperando na porta da sua goma. Acenei a ela com uma falsa felicidade e olhei de novo para Poncho. — Falô babaca, vai lá procurar sua Vivi. — E saí, deixando ele lá com cara de taxo.

— É, talvez eu vá mesmo! — Ele gritou atrás de mim.

— Firmeza. — Respondi fingindo indiferença. Era melhor do que ficar chorando e se lamentando, não é?

Já tentaram simplesmente ligar o foda-se para pessoas idiotas feito o Poncho? Era muito bom!

Uso e recomendo.

— Firmeza então! — Repetiu nervoso e voltou na direção do escadão.

Ponto pra mim!

— Problemas no paraíso, more? — Suze perguntou assim que a cumprimentei com dois beijinhos no rosto, bem chique, ui.

— Tá mais pra inferno mesmo! — Respondi e demos risada, entrando na casa dela.

— Tá mais pra inferno mesmo! — Respondi e demos risada, entrando na casa dela

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Dono do Morro [M]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora