𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟼𝟼 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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Às horas foram passando e Relíquia não saiu mais do meu lado. As pessoas que estavam presentes no camarote até começaram a estranhar o simples fato dele ainda estar acompanhado por mais de trinta minutos com a mesma pessoa. Mas não as julgava, até porque nem eu mesma estava entendendo alguma coisa.

Anahí estava sentada em um puff enquanto conversava com uma outra garota que eu não fazia ideia de quem era, mas chegou junto com o Christian. Ela era bem bonita e educada, arriscava a dizer que também era outra patricinha caindo na armadilha.

Perguntava-me a todo momento o que havia acontecido de tão grave entre Maite e Christian para ela ter sido deixada de lado. Os dois estavam tendo um "relacionamento" bom, até que do nada se afastaram e minha amiga passou evitar a todo custo aparecer nos bailes que ela tanto amava.

— Você sabe porque Maite e JC não estão mais juntos?

— Na real, pô? Eles nunca estiveram juntos de verdade, nem como amante. — Relíquia respondeu, dando de ombros. — JC não tá atrás de fiel, os lances dele é só pente e rala. Igual era comigo.

— Era? — Enruguei a testa com o seu verbo no passado. Ele não falou nada, apenas começou a me contar de algumas coisas que tinha escutado falar sobre os dois. Parece que Maite brigou com Christian por ele não querer levar nada sério com ela, e o colocou contra a parede. Ou assumisse ela como sua fiel ou a mesma sumiria do morro. No momento a resposta dele já estava meio óbvia. — Que babaca!

— Ele nunca prometeu nada, ela que se deixou iludir sozinha! — Defendeu o amigo. Revirei os olhos, homens eram tudo iguais mesmo só mudava o endereço.

— Dulce bora colar lá na pista, se eu ficar mais um minuto aqui vou acabar dormindo! — Anahí brotou do além para me puxar pelo braço. Olhei para Relíquia, com um olhar pedindo permissão para descer, ele acenou e foi sentar com os outros homens.

Não sei de onde surgiu uma cabeleira preta e lisa na nossa frente.

— Posso ir com vocês? Por favor! JC está falando sobre negócios, está muito chato lá… — A acompanhante dele murmurou, com as mãos unidas na frente do corpo. Anahí e eu nos entreolhamos, mas acabamos concordando.

Descemos as três juntas e caminhamos até o meio da pista, já uma parte das pessoas que estavam por perto prestando atenção na gente.

— Você tem alguma coisa com aquele homem tudão? — Perguntou a garota, soltando uma risadinha irritante.

— Quem é você mesmo? — Fui logo grosseira.

— Bianca, muito prazer! — Ela sorriu e surpreendeu ao me abraçar.

Enruguei a testa.

— Anahí me contou que ele é o dono do Chapadão, nem sabia que isso aqui tinha um dono! — Ela voltou a rir, olhando em volta com os olhos brilhantes.

Por um momento, me vi naquela menina. Não essa pessoa que sou agora, a outra Dulce. A Dulce que subiu o morro pela primeira vez na vida e ficou surpresa com tudo que acontecia nele.

— Onde você conheceu o JC? — Perguntei curiosa.

— Ah, a gente está saindo faz um tempo… Nos conhecemos em Ipanema, na praia. — Respondeu sem prestar muita atenção, já que continuava a analisar cada canto daquela quadra. — Aquilo ali é normal ter por aqui?  — Disse apontando para três mulheres seminuas que dançavam em cima do palco, elas se roçavam de maneira provocante em um homem.

— Tu não tem noção do que rola nesse baile, ficaria assustada! — Anahí respondeu e se virou para mim. — Parece que tô lidando com uma Dulce 2.0 — Sussurrou com a mão na boca.

Dono do Morro [M]Where stories live. Discover now