𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟸𝟾 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

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Kikito me trouxe de moto até o pé do morro, quando pediu até que gentilmente para eu descer. Fiquei confusa, por acaso ele pensava que eu subiria andando aquilo tudo até o covil do demônio?

Fiquei observando ele tirar o rádio da cintura.

— A mina já está a sua disposição, patrão. — Disse e fiquei indignada com a forma que ele usou para se referir a minha pessoa. — Vou largar ela aqui com o Felipe e subir pra agilizar uns corres que tão parados lá na quadra, firmeza? — Os dois trocaram mais algumas meias palavras e Kikito me levou até um garoto que estava de costas para nós dois, com uma tatuagem de uma fênix nas costas. O tal Felipe dava risada de alguma coisa que Sabiá e uma garota que eu não conhecia diziam. — Patrão mandou tu dar um chega lá em cima com a madame aqui.

— Demorô. — Felipe concordou, me dando um sorriso de lado. Ele tinha covinhas na bochecha e parecia bem simpático enquanto me pedia para segui-lo. — Sou o FP, satisfação boneca.

— Oi. — Respondi simplesmente. Ele ficou me olhando com as sobrancelhas arqueadas, provavelmente, esperando eu me apresentar. Revirei os olhos em descaso, mas falei. — Meu nome é Dulce, feliz?

— Muito feliz! — Concordou com um novo sorriso, até que ele não era de todo o mal. — Tu não é cria daqui, é?

— Por acaso eu tenho cara de morar aqui? — Perguntei descrente, de braços cruzados.

Ele riu, me olhou de cima abaixo e negou com a cabeça.

— Nem fodendo, tu é diferente das minas daqui!

— Que bom, nada contra, mas fico muito aliviada em saber disso. — Respondi com ironia. — Vem cá, a gente vai subir esse morro andando? — Perguntei assim que começamos a entrar na ladeira.

— Se a boneca não se incomodar com isso... — Ele deu de ombros. — Sou um mero pobre coitado, não tenho nem bike pra subir isso aqui.

Queria dizer a ele para não me chamar mais de boneca, porque eu obviamente não gostava, mas foi inevitável não dar risada do seu comentário.

— Mas você não é traficante? — Indaguei, franzindo a testa. Na minha cabeça todos os traficantes tinham muito dinheiro.

— Sou vapor aqui, boneca. Ganho porra nenhuma com isso, só o suficiente mesmo para não morrer de fome. — FP respondeu dando risada.

Logo a nossa frente, Rayane nos encarava com os braços cruzados e com um sorrisinho de lado. Passaria por ela de boa, mas a garota tinha que soltar algum deboche para cima de mim, como sempre.

— Olha só quem tá por aqui, a ilustre marmitinha de luxo do Relíquia! — Rayane ironizou. Virei-me para ela, disposta a não ficar mais escutando seus comentários desagradáveis ao meu respeito. — Tá querendo patrocínio, meu anjo? Por isso fica correndo atrás do Relíquia? — Ela perguntou sem tirar aquele sorrisinho despretensioso do rosto. Foi me subindo um ódio inexplicável daquela garota. — Acho que entendi tudo! O dinheiro da família acabou e agora tá procurando traficante para bancar seus luxos, hum...

— Ou talvez você não dê conta do "seu" macho e ele precise toda hora ficar me chamando! — Falei, fazendo entre aspas com os dedos. Ela me olhou furiosa e deu um passo na minha direção, sem problemas, dei logo dois. Se ela queria briga, ia encontrar! — Se enxerga, fofoqueira! Por acaso sua vida gira em torno de mim, é? Não tira os olhos de tudo que eu faço!

Ficamos cara a cara, se peitando, até que FP decidiu dispersar.

— Camba daqui vai Rayane! — Felipe falou, despachando ela com as mãos.

Dono do Morro [M]Where stories live. Discover now