𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟺𝟽 - 𝙰𝚗𝚝𝚎𝚜

16.3K 760 299
                                    

No pouco tempo que eu estava morando aqui no Chapadão, acabei me apaixonando pela barraca da Regina. Ela era responsável por fazer as melhores batatas fritas já vista em todo mundo. Eram simplesmente deliciosas, Anahí e eu tínhamos adquirido o hábito de subir aqui pelo menos uma vez por semana.

— O mesmo de sempre, Dulce? — Regina perguntou com aquele sorriso encantador que ela tinha no rosto.

— O mesmo de sempre! — Concordei e dei risada, indo me sentar em uma mesa perto da barraca. Fiquei esperando ela fazer minhas batatas com cheddar e bacon, olhando o pequeno movimento da praça. Um pouco mais para o fundo, consegui ter um vislumbre de Poncho e alguns de seus amigos rodeando um carro de som, cheio de mulheres envolta igual carniça.

Não demorou mais que cinco minutos e a Dona Regina trouxe as minhas batatas. Como a barraca dela estava sempre muito bem frequentada, ela não demorou muito papeando comigo e voltou para o trabalho. Mais ao longe, notei a moto de Relíquia estacionar bem ao lado do carro de som e ele descer na maior banca, cumprimentando a todos.

— Ridículo… — Revirei os olhos, vendo de longe aquelas putas darem em cima dele.

— Preciso trocar um papo com tu, serião. — Me assustei com a sua chegada repentina.

— Não tenho mais nada para conversar com você FP, por favor, vai embora! — Eu pedi, desviando meu olhar.

Como poderia encará-lo novamente sabendo de tudo que eu fiz?

— Não, não vou vazar não mano. Caralho, mina! Gosto de tu de verdade, me importo, tô sendo purão contigo! Tá me ignorando só porque dormiu lá em casa? — Ele perguntou, me deixando em pânico com a possibilidade de alguém ter escutado.

— Cala essa boca, pelo amor de Deus! — Disse entredentes, me inclinando para a frente. — Não ouse mais a tocar nesse assunto, esquece de tudo que aconteceu aquele dia! Eu estava bêbada. Você estava bêbado.

— Vou me esquecer de nada não, preciso só de uma chance pra te mostrar que sou melhor que ele... — Felipe disse, tentando segurar a minha mão por cima da mesa.

— Está querendo morrer por acaso? Sério, porque eu não estou! — Falei e puxei minha mão para longe do seu contato. — Esqueça aquele dia, por favor. Foi um erro.

Ele ficou em silêncio, me olhando entristecido.

— Qual foi hein, FP? Tá cercando ela porque mesmo? — Tomei um susto com a voz grave e rouca de Relíquia ao nosso lado. A cara dele não era nada boa, estava visivelmente irritado.

— Ele já estava indo embora, Relíquia. Só veio entregar um recado para Anahí, não é FP? — Respondi, erguendo as sobrancelhas.

Para minha sorte, ele concordou meio a contra gosto.

Felipe me direcionou um olhar ressentido antes de sair andando, mas eu não podia fazer nada a respeito. Não compartilhava sequer do mesmo sentimento que ele, gostava dele apenas como um amigo.

— Se liga, quero ver tu batendo perna não! — Relíquia avisou, apontando o dedo na minha cara.

Que nervo, senhor!

— Agora não posso nem mais sair de casa? — Perguntei em tom de indignação. — Isso tudo é ciúmes do FP?

— Ciúmes é o caralho, tu se enxerga! — Ele gritou, chamando a atenção de todos que estavam por perto. — Eu sei a vagabunda que tu é e mulher minha não é mais de nenhum outro macho não.

— Primeiro que você me respeita, não sou nenhuma vagabunda! E segundo, não sou mulher sua e nem de ninguém! — Respondi tentando não me exaltar com aquele machista idiota.

Dono do Morro [M]Where stories live. Discover now