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Tava louco pra saber da minha patricinha. Eu estava tão louco que tinha voltado a beber muito, cheirar e fumar, passava noites em claro por não poder sentir seu cheiro e seu corpo. Eu só queria matar aquele desgraçado do pai dela.

- Chefe? Tá ai? – meu rádio toca.

- Fala...

- Tem uma senhora aqui no pé do Morro, dizendo que tem uma carta pra te entregar de uma tal Elisa. – congelei na hora.

- Pode mandar ela subir, rápido.

Então bateram na porta e me entra uma senhora de uns quase 40 anos, com os olhos arregalados de pavor por causa dos meninos armados. Quis ri, mas lembrei que ela tinha algo importante em suas mãos e logo voltei a preocupação.

- Magrão? – pergunta me olhando assustada. Assinto com a cabeça e continua a falar. – Então, a Elisa me pediu para te entregar essa carta já que ela não pode sair de casa. – estendeu a mão segurando um envelope.

Rapidamente peguei de sua mão e logo senti seu cheiro, ela tinha passado perfurme na carta. 'Filha da puta', que saudade que estava desse cheiro. Rasguei o envelope e primeiro vejo um bagulho cair, faço a mínima idéia do que seja. Mas pego a carta e começo a ler, e então chego à parte em que ela diz que estava grávida. Minhas mãos começaram a tremer e eu já não consegui ler mais nada, meus olhos lacrimejaram, abaixei a carta até a mesa, coloquei as mãos em minha cabeça, respirei fundo.

- Eu vou ter um muleque, eu vou ter um filho da mulher que eu amo – sussurrei não tão baixo quanto imaginei.

- Sim, mas, por favor, não vá atrás dela. Ela te implorou isso, eu serei a "pombo correio" de vocês. – disse fazendo aspas no ar. – Então se quiser dizer algo, escreva pra que eu possa levar pra ela. – Assenti com a cabeça, peguei o caderno de contas da boca e comecei a escrever ali mesmo, com minha letra feia e estava pior pq não conseguia parar de tremer.

Ela saiu levando minha carta, meu Deus, vou ter um filho. E eu sei que vai ser um muleque, o meu muleque.

HERDEIROWhere stories live. Discover now