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Guilherme

Já se passaram alguns meses desde que sai da prisão, e estou praticamente perdido, com um currículo grande no crime, mal posso arrumar um emprego. Mas é claro que Ella deu um jeito com que eu ganhe dinheiro fácil, me tornando numa sub-celebridade, criou uma conta no Instagram e vive postando fotos minhas e me fazendo de seu modelo, e por incrível que pareça já consegui alguns trabalhos que me rederam um dinheiro a mais. Até Giovanna já foi chamada e alguns trabalhos fizemos juntos.

O complicado disso tudo é aguentar os tais paparazzis, e ainda mais controlar minha paciência com eles. Esses infernos aparecem do cu do mundo para tirar um foto onde eu esteja. E eu que achava que ser Dono de Morro era complicado.

E pra piorar a única coisa que eu faço no dia é ir pra academia e alguns dias ir no Morro, já que não há mais nada pra fazer. Segundo os meninos, o turismo lá cresceu depois que virei "modelo".

Me encontro todo suado agora, acabei de abandonar mais um dia na academia do prédio, não consigo ter paz nem pra ir em outra.

Entro em casa e vejo uma cabeleira loira correr pra um lado e pro outro.

- Oi mãe.

- Meu filho. – ela para na minha frente chorando.

- O que houve?

- Meu pai, meu pai teve um infarto. – ela se joga em meus braços nem ligando pro fato de eu estar todo suado.

- Calma mãe, calma. – a levo até o sofá e sento junto com ela. – Vou tomar um banho rápido e a gente vai ao hospital, ok? – passo as mãos secando suas lágrimas e ela apenas concorda.

Corro pro banho e tomo uma ducha rápida, saiu vestindo a primeira roupa que me aparece. Volto pra sala e ela ainda está aos prantos. Sei que é o pai dela, mas não consigo entender como consegue chorar por esse cara que fez tanto mal pra ela nos separando.

- Vamos, estou pronto. – pego a carteira e a chave do carro e vou a sua direção para que ela se apoie em mim.

Em alguns minutos chegamos ao tal hospital que por incrível que pareça já está rodeado de jornalistas, só pra conseguirmos estacionar demorou mais do que pra chegarmos aqui.

Minha mãe corre em direção a recepção e eu sigo atrás caminhando, não estou nem um pouco preocupado, não consigo fingir que estou ligando pra isso, pois não estou. Mas fico com o coração apertado pelo sofrimento dela, por mais que esteja magoada com ele está sofrendo.

- Venha filho, rápido. – ela me pega pela mão e aperta tanto que se fosse menor que a dela já teria quebrado.

Subimos ao andar onde ele se encontra e ela vai seguindo me puxando. Paramos em frente a uma porta e ela me olha.

- Vou entrar tá? Acho que não é a melhor hora e maneira pra vocês se conhecerem. – apenas concordo e ela entra me deixando no corredor sozinho. Saiu em busca de algum lugar que eu possa me sentar.

Um bom tempo depois ela volta me procurando e as lágrimas ainda continuam em seu rosto, me levanto para que possa me ver e quando seus olhos encontram os meus ela vem correndo e me abraça.

- A situação é pior que eu imaginava Guilherme. Ele está morrendo, está com câncer que já se alastrou por todos seus órgãos o médico deu meses de vida, poucos meses. Não sei o que fazer. – apenas aperto mais contra mim e deixo que ela chore. Eu não conseguia sentir o mínimo de compaixão por ele, mas estaria ali por ela.

- Vai ficar tudo bem. Quer ir pra casa? – pergunto ainda a mantendo em meus braços.

- Ainda não, ficarei aqui. Você pode ir, e quando eu for te ligo. – nego com cabeça.

HERDEIROWhere stories live. Discover now