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Elisa

Poucas horas depois estava eu atravessando as ruas do Rio de Janeiro em direção ao prédio do meu pai, o famoso Ricardo Riquiezzi. Em poucos minutos enfrentaria um dos maiores homens do Brasil, eu enfrentaria a pessoa que ao que me parece destruiu não só minha vida, como a de meu filho e meu grande amor Magrão.

Depois de pousarmos no Rio, aluguei o carro e sai em alta velocidade ignorando todos os sinais e multas que receberia, e sem contar pelo carro que não era meu. Mas eu não estava ligando, dinheiro não era problema pra mim nesse momento, meu problema agora era meu pai. Elaine estava ao meu lado e aparentava segurar o cinto de segurança com toda sua força.

- Mulher, pelo amor de Deus vá devagar. Assim você vai nos matar e não vamos nem conseguir chegar pra ver seu filho. – disse com seus olhos arregalados após eu ultrapassar o terceiro sinal vermelho.

Eu era muito confiante no volante, pois no pouco tempo em que estive com Magrão ele me ensinará a dirigir perfeitamente bem, ele brincava dizendo que eu seria sua pilota de fuga, pois dirigia melhor que o mesmo. Apostávamos racha, bom, ganhei muitas dele, mas até hoje não posso afirmar que ele me deixará ganhar ou eu realmente era melhor que o mesmo.

- Já já chegaremos lá e você poderá beber sua água com açúcar, enquanto eu estrangularei meu pai. – aperto o volante e acabo acelerando um pouco mais.

Estava nervosa, eu esperava por tudo que era sagrado que meu pai me dissesse que não sabia de nada, que eu estava louca e aquele não era meu filho. Mas eu sinto, eu sei que é, e eu sei que ele fez algo e só de pensar que passei 25 anos longe do meu bebê, longe do Magrão, meu coração se aperta e me falta ar.

Depois de mais alguns longos minutos, estaciono do outro lado da rua onde se encontra o prédio Riquiezzi. Elaine é a primeira a descer, e pelo que parece está agradecendo por estar viva e está quase beijando o chão, mas estou ocupada demais encarando o último andar, onde era o escritório do meu pai.

- Elisa? – Elaine me chama a atenção, pois ainda não consegui nem tirar as mãos do volante de tão grande que está meu nervosismo. – Vai ficar ai, ou vai enfrentar a fera? – olho pra mesma que está com um sorriso acolhedor pra mim.

Eu amo Elaine, e já pedi para que parasse de trabalhar em minha casa, mas a mesma alega que adora minhas filhas e ama cozinhar para nós; e não vê emprego melhor onde sua patroa é praticamente sua melhor amiga, lhe paga bem e trabalha pouco. Ela é na verdade bem abusada, pois vive reclamando do salário e pede aumento.

- Estou tão nervosa Elaine. – as lágrimas ameaçam vir. – É meu pai, e se tudo for verdade eu juro não saber o que fazer.

- Você vai sair daí com a cabeça erguida e vai conhecer seu filho, é isso que irá fazer. Agora vamos, eu ainda preciso daquele copo de água com açúcar. – só ela pra me arrancar uma risada numas horas dessas.

Desço do carro, começo a contar até dez em minha mente e respiro fundo, desisto na terceira tentativa, pois parecia fazer o efeito contrário. Entramos no prédio e vou na recepção pra ser identificada e pegar crachás para poder chegar aos elevadores e assim no escritório de meu pai.

Fizemos todos os processos e agora estamos aqui dentro do elevador, parece que a cada andar é uma eternidade. São exatos 27 andares, e o filho da puta resolve ficar no ultimo.

As portas se abrem e com elas o ar se vai, preciso que Elaine me toque para que eu acorde do meu transe. Respiro fundo e sigo em direção a porta dele. Sua elegante e gostosa secretária está em pé para nos receber e eu apenas a ignoro indo em direção a porta e abrindo a mesma escutando a vagabunda que deve dar para o velho gritar que não posso entrar assim.

Meu pai podia estar no auge dos seus 63 anos, mas ainda era um bom partido, ele corria todas as manhãs e nas noites que não estava em um jantar de negócios, ou comendo uma de suas funcionárias ia para academia. Ele estava em forma e seus olhos verdes, cabelos grisalhos com a mistura dos fios loiros e uma barba impecável o deixava sexy, eu sei. De longe ele aparentava ter essa idade.

- Isso são modos de entrar em meu escritório filha? – diz sem nem ao menos tirar os olhos de algum papel. – Deixe Gisele, eu cuido dela. – a secretária sai e me deixa a sós com ele. – O que a traz aqui? – ele finalmente me olha.

Eu olho em seus olhos e não consigo, minhas lágrimas já estão caindo como se fossem uma cachoeira e eu simplesmente não consigo parar. Não dá pra acreditar que ele é esse monstro, porra, é meu pai e deveria cuidar de mim e não destruir boa parte da minha vida.

Ele se levanta e vem até mim e quando vem me tocar eu desvio.

- Me conta a verdade, pelo amor de Deus. Me fala que o traficante que foi preso hoje não é meu filho, por favor pai. Diz que minha intuição está errada e você não tem nada a ver com isso, que estou louca e aquele rapaz não é meu filho, que ele está morto desde que nasceu. – tampo minha boca após pronunciar as ultimas palavras, a dor está grande demais, e eu não acredito que estou preparada pra verdade.

Ele respira fundo e me aponta sua "sala de estar" em meio a seu escritório, onde ele já deve ter comido metade da população feminina do Rio de Janeiro. Esqueço esse ultimo detalhe e o sigo.

- Elisa foi preciso. – e essas palavras são a facada que eu não estava preparada pra receber.

Eu nem me sento e volto a ficar em pé, andando de um lado para outro. Reparo na sua cômoda onde ele guarda seus whiskys e vou em direção ao mesmo, e me sirvo com uma dose bem grande e bebendo de uma só vez, e enchendo novamente o copo.

- Vamos, me conte, me conta tudo. Não esconda nem sequer um detalhe. – aponto o copo para ele.

- Eu não podia manchar o nome Riquiezzi com uma adolescente grávida de um traficante. – me diz tão seco que sou incapaz de pensar que há amor dentro desse ser humano a minha frente. –Você já imaginou como seria para impressa? E os negócios internacionais? Ricardo Riquiezzi cuida sozinho de filha, e a mesma se rebela tendo um filho com um dos maiores traficantes do Brasil. Você só poderia estar louca em achar que eu aceitaria esse bastardo em minha família. – ele se levanta e arruma o terno, o olho incrédula com suas duras palavras.

- O que você fez?    



    

Xuxus, enquanto postarei novos cap. tentarei dar uma revisada nos cap. anteriores só pra organizar tudo bonitinho. Já estamos nos aproximando do fim, e quero deixar tudo bonitinho, pois estou com uma ideia pra uma nova estória.

HERDEIROWhere stories live. Discover now