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Giovanna

Seis anos e alguns meses, não que eu esteja contanto, mas é inevitável quando chega a data do meu aniversário.

Esse ano não foi diferente dos outros, eu passei bem sozinha em casa, porém já de noite Alex apareceu com uma barca de comida japonesa, como não amá-lo né? Falando nele, nos tornamos melhores amigos, depois melhores amigos com benefícios e bom, agora somos namorados.

Não tenho palavras para descrever a doçura de pessoa que ele é, sempre tão atencioso, muito cuidadoso, carinhoso, as vezes tenho que brigar com ele pra ver se é um pouco rude e não vir me lamber quando a gente briga, mas nada adianta, ele tá lá sempre a o rabo abanando pra mim. E isso desde que somos amigos, mas o amo tanto que mal consigo largar desse grude todo.

Ele sabe que não sou totalmente entregue a nossa relação, sabe dos meus traumas e sabe que jamais o amarei da forma que me ama, ou da forma que amo Guilherme. Eu queria muito poder dizer que o esqueci, mas ainda choro algumas noites, ainda sinto seu gosto da minha boca, sua corrente nunca sai do meu pescoço e por diversas noites ele está nos meus sonhos.

Alex já me pediu inúmeras vezes para tocar piano, mas sempre arrumo uma desculpa ou outra, não consigo nem se quer tocar nele sem sentir a presença do Guilherme, dizendo assim até parece que ele está morto, mas é como se eu sentisse seu olhar sobre mim, seu sorriso enquanto bebericava seu whisky sentado no chão relaxado. Não consigo nem se quer repetir o ato com outro homem.

As únicas vezes que me viu tocar é apenas quando estou Luíza que ama aprender com a Madrinha, e eu amo ensiná-la tudo o que sei. A menina é filha da Carine, esperta e bocudinha, a coisa mais linda que essa doida poderia ter feito. Já com seus quase cinco anos, inteligente que só. Ainda mais sendo filha também de Filipe, outro bocudo metido a espertinho.

Pra melhorar toda a situação, o padrinho da bonita é ninguém menos e ninguém mais que Guilherme. E depois que Elisa fizeram o deixar numa cela sozinho ele sempre recebe as visitas de Carine, Filipe e Luíza. Mas até hoje nunca mais me atrevi a pisar os pés lá, de jeito nenhum quero ser maltratada novamente com suas verdades na ponta da língua prontas para sair assim que ver meus olhos nos seus. Nem me atrevo a perguntar sobre ele, mas Carine sempre comenta algo, e sempre diz que faz um comentário sobre mim e que na ultima vez comentou que eu estava namorando e que ele fechou a cara e pediu pra ficar sozinho, que só não gritou e socou a parede, pois Luíza estava lá. E não vou dizer que isso não encheu meu coração, estaria mentindo, eu até pude sentir ele quase sair da minha boca.

Nesse momento estou olhando Carine em um momento raro de cuidar da casa, fazendo a comida. Ela é uma ótima cozinheira, amo suas comidas, mas é muito raro ela ter essa vontade o que me dá muita raiva, pois seu tempero é um dos mais deliciosos que já comi na vida.

- Cadê a Luíza que eu ainda não vi? – pergunto bebericando uma taça de vinho, esse pequeno detalhe não podia faltar. Se ela estava cozinhando conversando com alguém, tinha que ter vinho.

- Filipe tá arrumando ela pra levar ver o Dindo, hoje é dia de visita. Acho que Elisa estará lá com as meninas. – levantei as sobrancelhas e murmurrei algo enquanto enchia minha boca de vinho para não responder nada.

E só foi falar na criaturinha...

- DINNNNDAAAAAA – e veio correndo no meu colo.

- Oi meu amor. – dei um beijo em sua bochecha. – Como minha princesa está linda.

- Eu vou ver o Dindo, vamo Dinda, vamo ver o Dindo. – só em falar no Dindo seus olhos brilhavam, mal conseguia imaginar Guilherme sendo adorado por uma criança. Era demais pra minha imaginação.

HERDEIROOnde histórias criam vida. Descubra agora