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Acordo e olho meu celular, passavam já das 15h, hoje era meu aniversário de 25 anos.

Nunca gostei do meu aniversário, pois me lembrava da morte da pessoa mais importante na minha vida a qual eu nem pude conhecer, graças a mim. Se eu tivesse escolhas naquela época, teria escolhido ela. Gosto de pensar que ela era feliz, e com certeza fazia meu pai feliz, coisa que fui incapaz de fazer já que eu era o grande culpado da sua alegria ter ido embora, segundo o mesmo.

Levantei, fiz minha higiene e minha oração matinal 'Obrigado Senhor por mais um dia de vida, obrigado por mais um ano e mãe, obrigado por ter me dado a vida e por cuidar de mim ai de cima' me benzo. Saio pra mais um dia no meu morro.

Estavam todos os festa. Por incrível que pareça todos do morro, ou quase todos, gostavam de mim e comemoravam sempre meu aniversário, como uma vitória por ter tirado o morro das mãos do infeliz do meu pai. Ia ter um baile hoje e como sempre era dia de muita loucura por aqui.

Estou indo dar uma passada na boca e meu rádio apita.

- Solta.

- E ai chefe, firmeza? Xô falar, tem um carro preto aqui na frente e não é qualquer carrinho não, é carro de gente grande, tá parado faz mais de 10 minutos e ninguém sai dele. - KZ me diz do outro lado do rádio.

- Só pode ser um merdinha querendo comprar droga, mas com medo de entrar. Vai até lá e dar um verificada.

- Beleza.

Nem cinco segundos depois meu rádio apita novamente.

- Ih chefe, na hora que ia lá o carro saiu em disparada. Se tava com medo, na hora que me viu cagou. - soltou uma risada alta.

- Beleza. - digo rindo - mas fica de olho pra ver se volta, pode ser os coxinha também espreitando algo.

- Pode pá... Ahhh feliz aniversário ai patrão.

- Valeu, é nóis.

Chego na boca e todos me cumprimentam e me desejam os parabéns, apenas aceno com a cabeça e vou direto pro escritório. Mal abro a porta e já escuto a voz irritante.

- Eaaaaaaaaaaaaaai meu chapa, porra ta mais velho hein carai, parabéns irmão, Deus no céu e nóis na terra cuzão. – Lipinho me cumprimenta batendo ombro com ombro.

- Valeu carai. E ai o baile ta sucesso? Quero o pessoal do Leblon escutando essa porra aqui hein, quero estorar os vidros das casa. – digo rindo e fazendo Lipinho rir.

- Hoje tu vai conhecer a minha gostosa, a minha Caca, chamei ela pro baile e disse que ia trazer uma prima. – me cutuca levantando as sobrancelhas.

- Vamo ver né essa véia que tu ta pegando. Devem ser duas senhoras. – ele me dá um tapa na cabeça.

- E ai carai, mais respeito com os parça, a mina é daora. É riquinha, mas é firmeza.

- Vishhh, já vi que é encrenca. Bom parti, vou passar lá na quadra vê como que ta tudo e descansar pq a noite eu quero é o estrago. – rimos. Dou meia volta e vou em direção a quadra.

Tava tudo certo lá, então voltei pra casa e fui relaxar, hoje eu queria paz até a hora do baile, pq a paz ia embora e o inferno ia começar. Dei risada sozinho e fui comer algo.

Por mais que não gostasse do meu aniversário, eu adorava os baile, sempre tinha muita mulher gostosa e muita patricinha louca por encrenca. E a encrenca claro que era nós.


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