51

4K 326 10
                                    

- PORRA GIOVANNA BORA CARALHO – gritou pela milionésima vez.

- Calma caralho, o baile não vai sair de lá não. Só to terminando de passar o batom.

- Porra, tu passa quantos batons? Falou a mesma coisa tem 5 minutos. – apareceu na porta com os braços cruzados.

- Pronto, to pronta vamo. – bufou e saiu andando na frente.

- Vou pegar o carro.

- Não, vamos andando. – ele virou e me olhou como se eu fosse um ET. – Ah Gringo, eu to vivendo aqui a meses e os únicos caminhos que eu conheço é ir pra loja, pra boca, na pracinha que fica atrás da sua casa e a saída do morro. Não conheço mais nada e tu nunca me leva pra sair por ai. A Carine conhece o morro todo e tu não deixa eu dar um peido fora dessa casa.

- Que exagera Giovanna, ta parecendo criança com birra. – fiz bico. – Agora tenho certeza que você é uma criança. Bora a pé, mas não quero ouvir um pio de reclamação, me entendeu? – assenti animada e batendo palmas, eu realmente me senti uma criança. Gringo apenas gargalhou da minha atitude.

Eu tinha que mostrar pra essas ratas que eu estava aqui, vivia ouvindo das meninas na loja o quanto de mulher se jogava pro Gringo. Confiava no meu taco, e me aliava a idéia de que ele não curtia pegar as meninas daqui. Era o primeiro baile que estava indo desde que vim morar aqui, desde a invasão Gringo diminuiu os bailes por enquanto e nós outros três que teve ele não me deixou ir, e foi sozinho, mas voltava cedo. Se a gente brigava por causa disso? Meus anjos, eu quase quebrei um vaso na cabeça dele, mas ele foi mais rápido e desviou.

Estávamos descendo e eu segurava em seu braço pra não cair nessas porra de paralelepípedos, todos cumprimentavam o Gringo e lançavam sorrisos pra mim, as garotas, garotas não as ratas de bueiro, não respeitavam nem eu estar no lado dele e se jogavam na maior cara larga e se não fosse ele me beliscando a cada ameaça que eu fazia de ir pra cima das vagabundas eu já teria entrado em umas cinco brigas em 10minutos que estamos na rua, bando de rata.

Continuamos descendo até que ele parou na frente de um bar.

- Vem, quero te apresentar uma pessoa. – ficamos lá na frente e todos levantaram seus copos e cumprimentaram Gringo, até que veio um senhor alto e magro, ele me lembrava o Perninha.

- E ai Jotinha. – fez toque com o senhor e deu risada.

- Cadê o respeito muleque caraio? – deu um tapa na cabeça do mesmo. – Eu sou velho, mas sou seu padrinho porra. Cadê a bença? Tá achando que só porque é dono desse caralho ta com o rei na barriga carai. – Gringo caiu na risada, fora os meninos ele era o único que vi o tratar dessa forma.

- Nossa calma padrinho, assim vai fazer eu ficar mal na frente da minha gata. – deu risada. – A bença padrinho? – Jotinha gargalhou.

- Deus abençoe. Aliás, já abençoou com essa beldade que ele te deu hein. – sorriu em minha direção e esticou a mão. – Prazer Jotinha, mais conhecido por ser padrinho dessa porra.

- Prazer Giovanna, senhor. – apertei sua mão e sorri.

- Filho de capeta, demônio é, num é mesmo. Ela até lembra sua mãe, magrinha, loirinha e a coisa mais linda que esse morro já viu. – olhou pra mim. – Sua sogra causava muita inveja e confusão nesse morro. – gargalhou. – Aposto que com você não está sendo muito diferente.

- Está sendo sim, Gringo não me deixa sair de casa sem um segurança na minha cola. As meninas nem olham na minha cara com medo do que o Perninha possa fazer, você acredita que é o primeiro baile que eu vou desde que to aqui, esse embuste não deixou eu ir em nenhum até hoje. – começou a rir.

- Porra Guilherme, até nisso tu é igualzinho seu pai. Relaxa mocinha, o pai dele fazia o mesmo com a mãe dele, mas ela era espertinha e dava um jeito de escapar das garras do temido Magrão e arrumava umas confusões.

- O senhor acha que essa criatura já não me deu dor de cabeça? Foi o que ela mais fez desde quando chegou aqui, folgada pra porra.

- Heeeeeei. – dei um tapa em seu braço.

- Bom padrinho, tamo indo nessa. – fez toque com ele e o mesmo me cumprimentou com beijo no rosto.

- Bom baile pra vocês. Ah, aproveita que vão ver o merda do Perninha e manda ele aparecer na goma da mãe dele. Desde que saiu de lá parece que desconheceu a velha.

- Ele ta com muito serviço não saindo do meu pé, mas pode deixar que eu falo pra ele ir, nem que eu tenha que ir junto né Guilherme. – sorriu sem mostrar os dente e Jotinha gargalha e entra novamente no bar. E nós seguimos nosso caminho.

Chegamos na quadra e o baile já tava o fervo. Pessoal abriu caminho pra gente passar, segurei na mão do Gringo e o segui até o camarote. Subimos e vimos Carine, Lipe, Perninha e Feijão já curtindo. Carine veio correndo em minha direção até parecia que não tínhamos nos visto há algumas horas.

- Vadia, que demora da porra pra chegar mano.

- Vim a pé, queria mostrar pra essas ratas que o Gringo não ta sozinho. – Carine gargalhou.

- Tá certa, porque você acha que eu faço Filipe andar comigo pra cima e pra baixo de mãos dadas. Essas vagabunda nem quando o cara mostra que é comprometido elas respeitam.

- Pois é. – fomos em direção da mesa onde todos estavam.

Gringo me puxou pra sentar em seu colo, se aproximou do meu ouvido.

- Não quero você por ai sozinha, é pra ficar na minha cola. Entendeu? – Revirei os olhos e assenti.

- E ai patrão. – chegou um menino magro com uma fuzil nas costas e fez toque com os meninos. – Fala seus cuzões.

- Coé, cadê o respeito K7? – Perninha reclamou e ele riu.

- O respeito é só com o patrão que é responsa, vocês são um bando de viado carai.

- E ai porra. – Lipe deu um tapa na cabeça do mesmo.

- Tá, mas ta fazendo o que aqui, num era pra tu ta na entrada do camarote? – Gringo perguntou.

- AH então, tem um tal de Murilo querendo falar com a Fiél ai. Disse que é amigo, achei melhor avisar antes de deixar ele subir.

- Fez o certo. – deu um toque com ele. – Pode deixar esse verme subir, quero ver qual a dele.

- Guilherme. – dei um tapa no braço dele. – Deixa o Murilo em paz, ele só quer curtir.

- É vamo ver esse curtir dele, se ele vier de muita graça vou curtir com minha fuzil na cara desse merda. – bufei e ele virou seu copo de whisky numa golada só e os meninos deram risada apoiando o mesmo.  

HERDEIROWhere stories live. Discover now