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Desperto com o grito de Giovana e faço a única coisa que meu consciente é capaz de fazer, giro o volante subindo na calçada e freio bruscamente.

Havia cochilado no volante, meu coração tava acelerado demais, por pouco não batemos de frente com um caminhão e por muito menos em um poste. Respirei fundo e passei as mãos em meu cabelo, puxando um pouco me "castigando" de tal burrice.

Me viro e olho pra Pequena que esta com os olhos arregalados pra frente e com a respiração tão rápida que seu peito sobe e desce em menos de um segundo.

- Você está bem? – toco em seu braço, obvio que não estava quase nos matei.

Ela me olha ainda com aqueles grandes olhos, abre a boca pra falar, mas não sai nada. Então apenas balança a cabeça afirmando que estava bem. Pego em sua mão e a mesma tremia demais.

- Calma, foi só um susto. – tento acalmá-la com um abraço. Ela passa seus braços em minha cintura e aperta com toda força, suspira e ficamos alguns segundos ou minutos daquela maneira, enquanto eu acariciava seus cabelos. 

Ela se solta e me olha e já estava preparado pra um texto de xingamentos, mas não o faz.

- Você está bem? – ela segura meu rosto com as duas mãos.

- Sim, to bem – afirmo balançando a cabeça olhando em seus grandes olhos.

Então ela me puxa e me beija, um beijo desesperado que depois começa a ficar mais calmo. Paramos o beijo depois de ficarmos sem fôlego. Encosto minha testa na dela que ainda permanecia de olhos fechados.

- Eu achei que íamos morrer e que nunca mais teria a oportunidade de fazer isso. – ela diz rápido demais, quase não entendo. Solto um riso leve. Acaricio seu rosto e beijo sua testa.

- Vasos ruins não quebram tão fácil Pequena. – ela ri e dá um tapa em meu braço.

- Vai se fuder, que eu sou boa até demais.

- Isso eu tenho que concordar. – ela ri mais uma vez e me dá outro tapa no braço.

- Mas serio, foi mal. Eu não to dormindo bem essas noites e quando bebo meu sono parece que vem de uma vez.

- Tudo bem. Pode dormi lá em casa.

- Não, valeu. Tenho que voltar pro morro – ligo o carro e dou partida pra casa dela, já estávamos perto, nem cinco minutos e chegaríamos lá.

- De jeito nenhum. – apenas sorriu.

Chegamos e estaciono na frente de seu condomínio.

- Pode guardar o carro na garagem, tem duas vagas e provavelmente a Carine não está e se estiver pode guardar na vaga de visitantes. – ela diz acenando de um jeito engraçado a mão.

- Pequena, vou voltar pro Morro, mas obrigado.

- De jeito nenhum, eu não vou deixar você ir pro Morro, não sozinho, se você for eu vou com você. – ela me olha sério. – Você não vai voltar assim, não depois da gente quase morrer, e se você... – ela trava.

- Se eu sofrer um acidente e morrer, ninguém vai se importar, talvez o Lipinho que corre comigo, mas de resto, todos desejam ver um traficante morto.

- Não é verdade, eu me... – ela trava novamente ficando vermelha e mordendo o lábio inferior sem mostrar os dentes. Isso me deixava louco.

- Você se importaria?

Ela apenas assentiu com a cabeça olhando pra fora do carro e meu coração até acelera com isso.

Sorrio mostrando todos meus dentes. Quando percebo que na rádio começa a tocar "4 da manhã". Ela olha pro rádio e depois pra mim, ficamos assim por alguns segundos.

- Quatro da tarde você mete o pé, já que agora – pega minha mão e puxa olhando a hora em meu relógio. – são quatro da manhã. – ela sorri de canto.

Meu Deus que mulher, como é que eu fui perder pra um bosta daqueles.

- Tá bom, eu aceito, mas amanhã, alias hoje, eu vou embora logo cedo. – ela sorri animada, abre o vidro e acena em direção ao porteiro, mandando o mesmo abrir o portão. 

HERDEIROWhere stories live. Discover now