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Chorava descontrolada no carro, Carine corria o mais rápido pra casa. Tudo que eu queria era deitar e esquecer esse babaca. Fomos em silêncio, ou quase, pq meu choro era o único barulho que se ouvia dentro daquele carro.

Assim que chegamos Carine me deu um copo de água com açúcar, peguei de sua mão e tentei tomar entre os soluços. Ela começou a acariciar meus cabelos.

- O que houve?

- Houve aquilo, aquilo que você viu. No baile ele disse que eu era dele, minutos antes da briga ele praticamente se declarou, ou a idiota aqui achou que tinha se declarado né, e depois aquilo, me mal trata. Eu não deveria estar assim, eu não deveria nem me preocupar com o jeito que ele me trata, mas eu me importo, eu não quero Cah, não quero que ele seja assim comigo. Eu quero mais.

- Ôh meu amor, vem cá – ela me abraçou, coloquei o copo no chão e então deitei em seu colo. – O que foi que ele te disse?

- Ele disse que achou que eu tinha me afogado, que eu tinha morrido, que por um minuto o coração dele parou. Que o coração dele parou por achar que eu tinha morrido Cah. E depois ele praticamente me chama de vagabunda. EU ODEIO ELE – me levanto olho pra ela e já no fim das minhas palavras volto a deitar em seu colo abraçando-a.

Ela dá uma risada.

- Você é tão dramática às vezes – me aperta mais no abraço. – Mas ele foi bem babaca mesmo. Ele é bem babaca. Eu não entendi porque ele te cumprimentou daquele jeito quando chegamos, perguntei e Lipe disse que ele não pode aparecer com mulher que o morro já vai achar que é fiel. Baguio mais ridículo, sério. E se ele disse que o coração dele parou, por que não te assume então como fiel. Se como você disse que a mulher lá falou que tu foi a única a dormir lá e com ele, por que ele simplesmente não assume o que sente? Ainda mais depois de toda aquela cena no barzinho do Marcelo né. E ainda fala que você é dele, af babaca.

Isso doeu como um tiro, só sei que as palavras de Carine me serviram pra chorar mais ainda.

- Eu não sei – falei entre soluços.

- Vem, vamos deitar, são apenas duas e meia da manhã. Vamos dormi juntas. - ela se levanta e me puxa.

Eu não sei o porque estava agindo dessa forma, estava muito sensível e esse babaca me desgraça a cabeça fácil demais. Ele é irritante.

+

Acordamos com um barulho na porta de entrada, tinha alguém me chamando. Pego o celular que Gringo me deu pra olhar a hora, são apenas 05h49 da manhã e vejo que tem 37 ligações perdidas e mais algumas varias mensagens, arregalo os olhos na hora 'Louco, esse cara é louco'. Abro a porta do quarto e dou de cara com Carine.

- O que ta acontecendo? – Carine abre a porta do quarto que fica de frente pra minha.

Nossa casa ficava num condomínio, mas não esses padrões, tinham casas e mansões aqui, padaria, mercado, lojas, não precisava sair pra nada quase, e a nossa era um sobrado pequeno e simples já que éramos só nós duas.

- Eu não sei, mas parece a voz do Gringo, tem 37 ligações perdidas dele no meu celular e várias mensagens, no celular que ele me deu quer dizer – descemos correndo antes que arrumássemos complicações por conta do barulho. Carine que foi na minha frente abriu a porta e me dou de cara com ele.

Antes mesmo de pensar ele já estava mais próximo do que raciocinei, voltei pras escadas e tentei subir, mas fui impedida por um puxão no pé me fazendo quase cair. Me viro e ele já estava encima de mim com uma mão abraçando minha cintura me levando pra perto dele e a outra apoiando nas escadas.

HERDEIROWhere stories live. Discover now