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- Eu o entreguei para aquele merda, mas deveria ter matado aquele bastardo. – minhas mãos tremem com a frieza dele, pareço estar vivendo um pesadelo onde meu pai é o próprio demônio.

E sem nem ao menos pensar duas vezes taco o copo que está em minha mão na sua direção, mas ele é mais rápido e desvia.

- ESTÁ LOUCA?

- ESTOU LOUCA? ESTOU O QUE? LOUCA? LOUCA EU DEVERIA ESTAR QUANDO EU FIQUEI NAQUELA CASA QUANDO EU DEVERIA TER FUGIDO ASSIM QUE DESCOBRI QUE ESTAVA GRÁVIDA, VOCÊ É LOUCO, SEU NOJENTO.

- OLHA AS SUAS PALAVRAS SUA VAGABUNDA, ainda sou seu pai e exijo respeito. – começo rir exasperada.

- Você só pode estar de brincadeira com minha cara, o que fez pro Magrão. VAMOS DIGA O QUE VOCÊ FEZ PARA AFASTAR ELE DE MIM. – ele abre um pequeno sorriso e eu quero apenas enfiar minha mão na sua cara.

- Eu ameacei a vida daquele bastardo e a sua. – meus olhos arregalam com a última palavra, pois ameaçar meu filho eu já sabia, mas a minha?

- C...co...como?

- Não pense besteiras, jamais tentaria algo contra sua vida, você ainda é minha filha. Mas prometi a ele que se não se afastasse, mataria seu filho e te mandaria para o fim do mundo em algum convento onde você não sairia nunca mais. Me parece que ele sabia onde estava se metendo, pois obedeceu direitinho. E ainda fiz o favor de deixar aquela coisa viva e olha ai, foi preso – ele ri. Meu coração está doendo demais por saber que meu pai fez isso simplesmente para manter o sobrenome.

- Você é ridículo.

- Ridícula é você que se apaixona por um bandido e ainda tem a cachorra de se engravidar aos 17 anos sendo que tem um nome de peso nas costas. Olhe para a mulher que se tornou longe desses dois marginais, é uma arquiteta de nome, reconhecida mundialmente, me deu duas netas lindas e tem um marido de se orgulhar. – balanço a cabeça negativamente.

- MAS NÃO SOU FELIZ.

- E quem se importa com felicidade Elisa? Felicidade é o império que você reina, é essa empresa que você e minhas netas vão herdar.

- Eu deveria ter fugido meu Deus, eu deveria ter fugido. - me castigo tanto por saber que deveria ter feito algo e não fiz, pois confiei que meu pai não tentaria nada contra meu filho. - Como fui inocente em relação a você.

- Cale a boca e não fale besteiras, vou ligar para Joaquim e avisar para vir te buscar, você está sem condições de voltar para São Paulo. Fique lá em casa, vou mandar Erivaldo te levar. Tente relaxar.

- Você só pode ser louco de achar que vou voltar pra São Paulo com meu filho vivo e precisando de mim, você só pode estar louco de achar que vou pisar em sua casa. EU TENHO NOJO DE VOCÊ, EU TENHO ÓDIO DE VOCÊ, EU TENHO PENA PORQUE VOCÊ ACABOU DE PERDER A ÚNICA FILHA QUE TEM, VOCÊ VAI MORRER SOZINHO NESSE SEU IMPÉRIO SEU INFELIZ, NOJENTO. – ele vem em minha direção tão rápido que mal vejo a hora em que ele dá uma tapa em minha cara e eu começo a rir.

- Recomponha-se, você é uma Riquiezzi.

- Enfia esse nome no seu cú e faça bom proveito, pois eu não quero ele. Eu vou atrás do meu filho.

- Não se atreva Elisa. Eu deserdo você.

- ESTOU POUCO ME FODENDO, JÁ DEVERIA TER FEITO ISSO QUANDO TIVE MEU FILHO SEU OTÁRIO. Você deveria ter me expulsado de casa, eu seria muito mais feliz do que sou agora. Não que eu não ame minhas filhas, elas são minha vida. Mas Joaquim está longe de ser o homem que amo, eu nunca esqueci o Magrão.

- Você me dá vergonha, uma pessoa com as melhores educações, melhores viagens, melhor dos melhores de tudo e virar isso. Uma louca atrás de dois bandidos. Já aviso, não farei nada por eles e muito menos por você. – ele me dá as costas indo em direção a sua mesa.

- Eu não preciso de você pra nada. – digo limpando as lágrimas.

- Ah, e já aviso. Me deixe fora desse escândalo, você sabe do que sou capaz e não medirei esforços pra acabar com você e aqueles merdas. – meu coração dói com essas palavras, estou sendo ameaçada pelo meu próprio pai.

- Não se preocupe Senhor Riquiezzi, a partir de agora o senhor está sozinho nessa vida, pois sua filha morreu e levou com ela os seus TRÊS NETOS. – sorriu e vou em direção a porta.

Saiu aos prantos de seu escritório e assim que me vê Elaine corre em minha direção e me abraça.

- Vamos, você precisa tomar um ar. Vamos sair daqui.

- Elisa. – meu pai aparece na porta, olho pra trás. – E ainda se sujeita a ser amiga da criadagem, você não muda mesmo não é, desde de Rita que você insiste em se misturar com essa gentinha.

- O que você fez com Rita? – tantas emoções que acabei me esquecendo que ele também deu algum jeito em Rita.

- A mandei embora, e foi à melhor coisa que fiz me parece que ela foi parar com os bandidinhos. – ele olha para sua secretária. – Irei sair, dê um jeito em minha sala. Estarei de volta depois do almoço com Fernando. E fique de olhos nos jornalistas, essa louca está prestes a afundar meu nome na lama – e assim ele se vai e nem se quer me olha, nem se quer tem compaixão.

Saímos de seu prédio e volto para o carro, já lá dentro volto a desabar. Elaine passa a mão em minhas costas.

- Você quer falar sobre?

- Elaine, ele se livrou do meu filho e fez Magrão se afastar de mim. Magrão sabia como eu amava minha liberdade e jamais permitiria que meu pai me trancafiasse em algum convento no fim do mundo do jeito que ele ameaçou e ainda mais longe do meu filho. – choro ainda mais. – Ele não teve nenhum remorso de me separar de Guilherme, alegando que acabaria com seu nome, com sua reputação. Ele não pensou em mim e na minha tristeza, eu demorei anos para conseguir me recuperar e conseguir seguir em frente. Ele é um monstro Elaine, meu pai é um monstro.

- Eu sinto muito, e nem sei o que te dizer. Mas agora é hoje de ir atrás de seu filho e recuperar o tempo perdido. – concordo com a mesma e dou partida para o hotel mais próximo da delegacia onde meu filho foi levado, já havia pesquisado tudo antes de vir. 

HERDEIROWhere stories live. Discover now