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Giovanna

Abro meus olhos lentamente, minha cabeça dói, dói tanto que mal consigo levantar. A claridade do dia me incomoda, quando viro a cabeça me deparo com Carine, ela está sentada fazendo cafuné em meus cabelos, a olho e me recordo de tudo sinto um bolo em minha garganta, as lágrimas estão prontas pra sair, tento falar, mas minha voz falha.

- M...me diz...

- Eu sinto muito. – ela me interrompe e eu já começo a chorar me encolho na cama e abraço o travesseiro com toda força abafando um grito.

- Não, não, não.. Não Carine, não. Tava tudo bem, tava tudo bem. Eu pedi perdão, ele disse que não desistiria de mim, ele prometeu, como é que ele faz isso comigo? Não, eu não aceito, não, não, não. – me levanto e começo a andar de um lado pra outro.

Olho para a mesinha de centro em seu quarto vejo seu celular e um papel em cima. Pego o mesmo e quando leio a primeira palavra, me agacho e volto a chorar. Tá doendo demais, ele não pode fazer isso comigo. Carine se levanta e vem até mim.

- O que é isso? – apenas ergo o bilhete pra ela, é demais pra mim, não consigo ler. – Posso ler em voz alta? – apenas assinto e me jogo no chão encostando na parede e abraçando as pernas com toda minhas forças. – Me perdoem, eu não queria, mas foi preciso fazer. Aqui estão algumas coisas que quero que cumpram, são ordens. Filipe, pegue Carine e Giovanna e saiam do morro o mais rápido possível. Deixo o comando com o Perninha. Vocês já sabem o que fazer. Logo haverá uma invasão, eles vão com tudo. Não venham me visitar, principalmente Giovanna, não a deixem vir. – meu coração se aperta e um soluço alto sai se permissão, ele se cansou de mim assim? Carine me olha com pena e eu sinto mais tristeza ainda. – Tentem cortar contato comigo o máximo que puderem, deixei esse bilhete justamente porque vão vasculhar a vida de vocês. Foi bom enquanto durou, vocês são foda. – ela abaixa a mão e a olho incrédula.

- Acabou? – ela apenas assenti. – Só isso? Ele não falou nada pra mim? – me levanto em um pulo e pego o pedaço de papel em sua mão, olho, leio, releio, viro o papel e não vejo mais nada escrito. – Não Carine, ta errado, como ele me proíbe de ir o ver? Ele é louco? Ele disse que me amava ontem, ontem mesmo, ontem ele disse que agora era só nós. Ele não pode me abandonar assim sem mais nem menos e não deixar nem um tchau pra mim.

- Giovanna ele deve estar tentando te proteger.

- FODASSE PROTEÇÃO, EU QUERO ELE AQUI, eu me arrisquei por ele, eu matei policial por ele, eu, eu o amo, eu preciso dele. Eu não sei se sou capaz de viver sem ele aqui. Carine pelo amor de Deus me belisca e diz que isso é um maldito de um sonho. – as lágrimas vem mais uma vez com força e Carine corre pra me abraçar e me colocar sentada, pois forças eu já não tenho.

Ela me ajeita na cama mais uma vez e me deito em seu colo, choro tanto que acabo novamente dormindo.

Acordo com Lipe me cutucando.

- Ei dorminhoca, acorda, vamos arrumar as coisas pra ir embora. – olho pra ele me perguntando qual seu problema por estar agindo como se nada tivesse acontecido.

- Eu não quero ir. – me sento e puxo um travesseiro abraçando o mesmo.

- Bom, vamos lá. – ele se senta em minha frente. – Pequena, eu não sei o que aconteceu e estamos tentando descobrir desde que acordamos. Não podemos ir pra delegacia que ele foi ainda, mas já mandamos um advogado, mas ainda não obtivemos respostas. Se Guilherme deu aquelas ordens é porque a coisa é mais grave do que pensamos. Os caras que estavam fazendo guarda disseram que ele saiu a pé e sozinho logo cedo, o que indica que estava planejado por ele. Por mais que esteja preso ainda seguimos suas ordens, e eu preciso te tirar daqui. Pra ele ter feito o que fez só pode ter sido por algo grande e se ele quer nós fora desse morro é também porque algo grande vai acontecer. Então, por favor, não dificulta as coisas. Assim que tudo estiver mais calmo vamos lá visitá-lo, ta? Só pega o que for necessário, depois voltamos e pegamos o resto. – abaixo a cabeça tentando controlar as lágrimas. – Ei, não fica assim, vamos tirar ele de lá, você vai ver. – levanto a cabeça e ele sorri, apenas me jogo em seus braços e ele o retribui passando a mão em meus cabelos. – Vai ficar tudo bem.

Ele se levanta e me dá a mão me ajudando a me levantar, sorrio pra ele sem mostrar os dentes e sigo para o closet. De novo estou me mudando, mais uma vez. Pego minha mala e começo a colocar algumas roupas sem muito organização, não estou com cabeça pra isso.

Minha cabeça dói, meu coração dói e eu não consigo entender o que aconteceu. Eu sei que isso não será tão simples, eu sinto, eu sinto que vou me perder sem ele. Me olho no espelho e me abraço, respiro fundo e me lembro da tatuagem que fizemos. Olho para meu dedo e sorrio me lembrando do dia, minha primeira e única tatuagem. Estava tão animada e empolgada que quase nem senti dor, e já queria fazer mais umas três e Gringo alegou que o tatuador estava se engraçando muito pro meu lado, e que meu corpo era muito perfeito para ser riscado, apesar dele adorar tatuagens.  

Troco de roupa, pego minha pequena mala e desço pra sala. Olho o piano que ele me deu, sorriu "Como alguém dá um piano pra outra pessoa na sua própria casa? Será que ele já planejava que eu viesse morar aqui?" me pergunto e vou direto pra ele e começo a tocar algumas notas de uma música.

- Sunlight comes creeping in (A luz do sol vem se arrastando)

Illuminates our skin (Ilumina a nossa pele)

We watched the day go by (Vimos o dia passar)

Stories of what we did (As histórias do que fizemos)

It made me think of you (Isso me fez pensar em você)

It made me think of you (Isso me fez pensar em você).

Escuto a buzina e então me despeço da casa, passo a mão no piano.

- Com certeza eu irei levar você pra casa, bebê.

Saiu trancando a porta da sala, e logo entro no carro onde está Lipe e Carine, eles sorriem pra mim e Lipe dá partida indo para um hotel não muito longe do condomínio onde morávamos. Por sorte a casa que colocamos pra alugar está vazia, o últimos inquilinos saíram faz um mês e meio e desde então não alugamos pra mais ninguém. Mas por conta da bagunça vamos para um hotel, e amanhã quando tudo estiver mais calmo iremos lá para organizar as coisas.

Chego ao quarto de hotel, Carine se ofereceu pra ficar comigo, mas neguei, precisava ficar sozinha. Isso me lembra de procurar uma casa no condomínio mesmo para comprar, não quero morar junto a ela e Lipe, não quero tirar a privacidade deles, mas depois, agora eu preciso entender o que aconteceu com Guilherme. 

Logo ligo a TV para ver as notícias, na verdade pra ver se falavam mais alguma novidade sobre ele, já são 16h e até agora não pararam de falar sobre o caso e colocando Murilo em um pedestal.

Murilo deve ter ameaçado o Morro, o pessoal, deve ter feito algo pra Guilherme se entregar assim sem mais nem menos, do dia pra noite. E eu preciso saber, pois não dormirei tranqüila até descobrir, pois uma noite ele me promete amor e na manhã seguinte simplesmente me proibi de ir o ver.






Por hoje é só, xuxus.

Comentem bastante sobre o que estão achando e votem.

Bjkinhas.

HERDEIROWhere stories live. Discover now