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Guilherme

Voltei pra cela onde estava. Ainda bem que estava na solitária, tudo que eu não precisava agora era um bando de homens mais fedidos que eu fazendo perguntas.

Me deitei no chão e voltei a pensar se não fui duro demais com Giovanna, mas será melhor que ela se mantenha afastada. Respiro fundo e limpo uma lágrima que caiu sem querer.

Maldito seja esse Murilo. Soco o chão ao lado do meu corpo e logo coloco o braço em cima dos meus olhos para tentar dormir e esquecer o que aconteceu naquela sala.

Escuto baterem na porta, e só assim percebo que peguei no sono. O que será dessa vez, já que perdi o almoço com a visita da Giovanna.

- E ai senhor famoso, tem outra visita pra você, ta importante hoje hein. – caçoa Jorge.

Quem será dessa vez, espero que não seja Giovanna novamente ou o Murilo, sou capaz de pegar perpetua só pra ter o prazer de quebrar sua cara. Faço todo o procedimento mais uma vez, só que dessa vez Jorge me leva até a sala. Entro na mesma e me sento na sala.

Minutos depois a porta se abre e entra um cara de terno caro e bem gomadinho, playboy mesmo, mas já com seus 40 anos ou mais.

- Venha. – ele diz pra alguém que está na porta.

- Espera, preciso respirar um pouco. – quase não ouço a voz do lado de fora, mas posso jurar ser uma mulher.

Já estou sem paciência com essa frescura toda. Mais alguns segundos e a mulher entra, mas fica encarando o cara de terno. Ela é loira e muito elegante, me parece ser familiar. A encaro dos pés a cabeça e posso perceber que ela está muito nervosa, suas mãos estão tremendo.

Acredito que pegaram o cara errado, o que uma coroa dessas quer comigo.

Aos poucos ela vai se virando pra mim e quando seus olhos param no meu ela tem uma crise de choro e quase não consegue ficar em pé, o cara de terno é preciso segurar ela e levar até a cadeira e Jorge sai para buscar água para a mulher que está quase tendo um ataque na minha frente. E eu? To aqui assistindo como se fosse um filme no cinema.

Alguns minutos depois ela consegue se controlar e até para de chorar. Fica me encarando por alguns segundos e estica sua mão tentando encostar no meu rosto.

- Meu... – me afasto pra trás e a interrompo.

- Que palhaçada é essa? Você já parou de show agora pode esclarecer quem é você e o que ta fazendo aqui. – já estava irritado com tudo isso, principalmente porque reparei em seus olhos e a cor deles se parece com os meus, ela não pode ser da família da minha mãe, meu pai havia dito que ela não tinha ninguém, apenas o pai do qual nunca quis saber de mim.

- O que eu vou dizer é meio complicado, e acho que impossível de se acreditar. Mas tenho provas, e quero que saiba que só estou vindo agora, pois fui impedida de vir te ver antes. – levanto minha sobrancelha e apenas assinto para que ela continue a falar. – Guilherme... – ela dá uma pausa e respira fundo. – Eu não sei o que te disseram sobre, mas... Meu Deus como eu vou dizer isso... – faço a minha cara de quero a matar se não falar logo e ela engole seco. – Tá bom, Guilherme eu sou sua mãe.

Olho pra ela com os olhos arregalados, ainda sem conseguir pensar em nada. Vejo que ela está apertando os dedos com tanta força que estão brancos e vejo a aflição em seus olhos, ela está de brincadeira comigo.

Começo a gargalhar, tanto que minha barriga chega a doer. E olha que é difícil eu rir tanto assim na minha vida.

- Olha, já tentaram muita coisa pra arrancar dinheiro de mim, mas vir me dizer que é minha mãe, essa é totalmente nova. Ai foi muito bom o show, mas Jorge pode me levar de volta pra solitária, por favor.

- Calma, calma isso não é brincadeira, eu disse que tenho provas, veja... calma. Mostre a ele Roberto, pelo amor de Deus. – ela já estava a ponto de chorar novamente.

Apoio meus cotovelos na mesa e inclino meu corpo me deixando mais próximo dela, ela me encara de canto enquanto o tal Roberto abre a pasta e procura alguns papéis.

- Esse é o teste de DNA que fizemos há umas duas semanas. – ele me entrega um papel e eu me perco lendo até encontrar um POSITIVO. – Como pode ver, deu positivo. Elisa Riquiezze Martins é sua mãe.

Minhas mãos estão tremulas e não consigo nem ler uma letra daquele papel mais, meus olhos se enche de lágrimas. Não pode ser real, ela estava morta. Eu sei disso. Meu pai me disse isso.

- Co...co...como? Você não estava morta? Como assim? Porque agora? Onde você estava? Porque não veio antes? Porque me abandonou? Quem é você? – a bombeei de perguntas, eu apenas precisava saber por que ela me abandonou e está vindo agora atrás de mim. – Tinha vergonha de ter um filho de traficante?

-NÃO, NÃO, NÃO É NADA DISSO, MEU AMOR, PELO AMOR DE DEUS. – ela se levanta e passa as mãos pelo cabelo. – Jamais te abandonaria você é meu filho, do meu ventre, jamais, eu não te abandonei, nunca... – ela volta a chorar. – Me enganaram, meu pai, meu pai... me fez acreditar que estava morto, meu Deus. – ela cobre o rosto chorando.

- Como assim?

- Se acalma Elisa. – o tal Roberto se levanta e trás ela de volta para a cadeira. – Traga outro copo com água, por gentileza. – ele se dirige a Jorge.

Ela passa a mãos várias vezes pelo cabelo e tenta controlar a respiração. Suas mãos estão tremendo demais.

- Não quer deixar pra outro dia? – diz o cara de terno, eu vou matar esse cara.

- NÃO. – respondemos ao mesmo tempo. Ele apenas assentiu.

Ela respira fundo mais uma vez, e depois bebe água que Jorge trouxe novamente.

- Meu pai, ele me fez acreditar que você estava morto, tem até um tumulo seu do lado do tumulo da minha mãe. E ameaçou Magrão caso ele tentasse se aproximar de mim, te matando e me prendendo em um convento. Magrão com certeza não queria mais confusão do que já havia acontecido, é uma história muito complicada, nem eu entendo muito ainda, queria encontrar seu pai ou Rita pra gente conversar melhor.

Franzo o cenho pra ela.

- Isso ta muito louco. Quem é seu pai pro meu pai ter ficado com esse medo? Bom, não sei como te dizer isso, mas eles já faleceram, desculpa te falar assim. – dou de ombros e ela volta a chorar. – Ei, não precisa chorar.

- Tudo bem. – ela limpa as lágrimas. – Meu pai é um cara muito poderoso e influenciador, um dos mais ricos do Brasil e quem sabe do mundo. Mas não quero falar sobre isso depois resolvemos essa história com mais calma, quero falar de você. Por favor, deixa eu apenas te abraçar? Eu preciso te sentir nos meus braços já que não pude fazer isso quando nasceu... – apenas assinto.

Ela se levanta e fica do lado da mesa, a olho por um tempo. Reparo em seus olhos, os meus são exatamente iguais. Com cautela me levanto e me aproximo. Ela me abraça e desaba em chorar, como minhas mãos estão algemadas eu apenas seguro sua blusa com toda a força que eu tinha em minhas mãos. Escondo meu rosto em seu pescoço e começo a chorar.

Caralho, era minha mãe.



 

Gente perdão mesmo pela demora de postar, depois do jogo do Brasil/feriado acabei ficando doente. 

Enfim, infelizmente é isso por hoje.

Bjkinhas :*

 

HERDEIROWhere stories live. Discover now