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Estava em minha cozinha tomando meu famoso café preto, hoje acordei indisposta. Uma sensação ruim em meu coração, por essa razão decidi tirar o dia de folga.

Já passava um pouco das 9h da manhã, Ella minha filha mais velha de com seus 17 anos e Lolla a mais nova com 15 anos já haviam ido para a escola, Joaquim meu marido também já havia ido para seu trabalho. Então eu me encontrava sozinha em nossa casa, esperando apenas Elaine chegar a empregada doméstica que era minha amiga também, pois a mesma era filha da antiga empregada da minha antiga casa onde eu morava com meu pai.

Tudo estava em silêncio quando a tagarela chega.

- Oxe, ta fazendo o que aqui? – vem em minha direção me cumprimentar.

- Bom dia pra você também Elaine. – deu risada. – Acordei sem disposição, decidi tirar o dia de folga.

- Rico é outra coisa né, tira o dia de folga. – abriu os braços como se fosse flutuar. - Vai pobre tirar. Metade do salário vem faltando porque foi ali no médico. – apenas concordei com um leve riso. – Mas você está bem?

- Estou sim, apenas acordei com um agonia no coração, um aperto, sabe. – passei a mão no mesmo tentando fazer aliviar a dor que não passava.

- Oh minha amiga. É porque o aniversário do seu pequeno ta chegando? – sorri sem mostrar os lábios.

- Deve ser.

- Mas vamos mudar de assunto, vamos ao babados do dia. Xô ligar a TV aqui porque vi pessoal falando no ônibus hoje que prenderam um traficante. – murmurei algo e dei um gole em meu café. – Um dos maiores do Rio, menina. – o gole do café desceu rasgando minha garganta.

- Que? Da onde? – já estava me tremendo.

- Do Rio, ó lá. – ligou a TV e então eu li o noticiário, meu coração parecia que ia sair pela boca.

"É preso dono do Complexo do Alemão."

Minha boca secou, prenderam o Luís.

- É, tu não viu ontem a perseguição que teve contra ele não foi? Tava passando em tudo que era de canal. – me olhou e foi em direção a pia.

- Não, não vi.

- Você ta bem? Ficou mais pálida parece que viu um fantasma. – ela vem em minha direção.

- Aumenta o volume, por favor. - ela vai até o controle e aumenta o volume.

A repórter começa a falar.

- Guilherme Souza. – repeti milhões de vezes esse nome em minha cabeça, só poderia ser coincidência, mas era o sobrenome do Luís, ele deve ter tido outro filho e colocou o mesmo nome que escolhi para nosso filho, não pode ser. – Mais conhecido como Gringo, 25 anos, filho do antigo traficante e dono do Morro do Alemão Luís Souza é preso nessa manhã.

Então a imagem do tal Guilherme aparece na TV, meus olhos não acreditam no que vê.

- Não pode ser não pode. Meu Deus, é meu filho. – levantei da cadeira onde estava sentada. – Não pode ser, ele está morto. É meu filho.

- Que cê ta falando mulher? – Elaine me segura pois estou sem forças já. – Vem. – ela me leva até a sala e me coloca sentada no sofá. – Esperai ai.

Volta com um copo com água e açúcar suponho, e me dá. Tomo um gole e começo a chorar desesperada.

- Calma Elisa, o que ta acontecendo? Não to te entendendo mulher? – ela tira o copo de minhas mãos e segura as mesmas apertando.

- Meu filho Elaine, é meu filho.

- Seu filho onde criatura? Tá vendo assombração agora é? Me fala que eu vou embora agora mesmo e mando um padre vir benzer a casa.

- Para sua idiota, meu filho na TV. Elaine, meu filho é quem foi preso.

- Eu não to entendendo ainda. – estava perdendo a paciência com Elaine já. Me levantei.

- Elaine, presta atenção. Quando eu era nova namorei o dono do Morro do Alemão, eu tive um filho com ele, mas meu filho morreu, pelo menos é o que eu achava. Pois o Guilherme, o traficante que foi preso agora é meu filho. – digo apontando pra cozinha onde a TV estava ligada.

- Então esse era o tal segredo que tinha na sua família que seu pai proibiu dos empregados comentar, e como eu era nova demais não sabia. Mas como você pode afirmar que é seu filho?

- Elaine pelo amor de Deus, os olhos dele são iguais aos meus, e ele é a cara do meu pai quando mais novo, é ele todinho. Loiro, olhos verdes, até a barba parece e ele tem exatos 25 anos a idade do meu filho. Eu sei que Luís não teve outro filho na mesma época, ele não faria isso comigo. Meu Deus. – passo a mão na testa deixando mais lágrimas caírem. – Eu preciso falar com meu pai. Eu preciso ir pro Rio ver meu filho. 

Vou atrás do meu celular e das minhas chaves. E escuto Elaine vindo atrás de mim.

- Elisa isso é muito doido, você não pode sair do jeito que você se encontra. Pelo amor de Deus espera o Joaquim voltar.

- NÃO ELAINE, É MEU FILHO, MEU FILHO QUE ESTAVA MORTO. MEU FILHO. – ela me abraça e eu desabo em seus braços chorando. – Meu filho Elaine, sempre esteve vivo. Eu tenho certeza que tem dedo do meu pai ai. Eu preciso ir pro Rio.

- Sozinha você não pode ir, não nesse estado.

- Então você vem comigo. Eu te pago pelos dias.

- Tá doida é?

- Se você não for comigo, eu vou sozinha nesse estado. Vamos Elaine, esqueça que você trabalha na minha casa e aja como minha amiga que você é.

- Filha da puta, tu sabe jogar. Vamos. – ela decide ir e eu agradeço.

Se Guilherme é realmente meu filho, o que eu tenho certeza que é. Isso tem dedo do meu pai e ele vai me explicar direitinho tudo.





*

É isso ai meus mores, votem e comentem.

Bjkinhas, até mais <3

HERDEIROWhere stories live. Discover now