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CINCO MESES DEPOIS

Já havia se passado cinco longos meses. Cinco meses que estava com Murilo. Cinco meses que eu não tinha mais aquele mar esverdeado em mim. Cinco meses sem seu toque, seus beijos. Cinco meses sofrendo a falta que fazia, que a cada dia aumentava mais. Cinco longos meses em que eu ainda me encontrava pensando nele todas as noites, e as vezes choramingava.

Murilo havia passado o Natal e o Ano Novo comigo e meus pais, e claramente meus pais eram apaixonados por ele. E quem não era? Lindo, trabalhador, engraçado, responsável, etc etc etc e tal de qualidades e eu só não entendia o porque SÓ EU NÃO ME APAIXONAVA POR ELE.

Nossas transas eram boas, mas não se comparava ao Gringo. Murilo era bom de cama, mas não pra mim, talvez para outras, mas não pra mim, não me completava, não me satisfazia. Eu estava ficando louca durante esses cinco meses.

Carine vivia me dizendo pra terminar logo essa loucura e como isso tudo estava me fazendo mal, e eu juro que tentava, mas ele não deixava. Ela dizia que ia me ajudar, mas eu sempre recusava. Carine quando diz que vai ajudar só apronta e tudo piora.

Nesse momento me encontrava me preparando para o "bico" que a mesma me arrumou, ia cantar e tocar numa festa de lançamento de uma loja de grife. Estava animada.


*

Já fazia uns cinco meses que eu não via minha Pequena, sentia falta da birra dela e do corpo dela principalmente. Depois daquele dia não tive coragem de ir atrás dela, falando assim nem parece que sou dono de um Morro, mas porra não sei lidar com mulher é por isso que eu só como e saiu fora. Depois daquela noite não peguei ninguém, ninguém parecia ter graça pra mim, depois do que Lipinho me disse sobre a noite que fui bêbado lá, tive certeza que estava apaixonado por ela, mas não sei controlar meu ciúme e minha raiva, acabei estragando tudo, e como um belo covarde, achei melhor deixar ela do que fazer da vida dela uma confusão, ainda mais que Lipinho me disse que ela começou a namorar aquele bocó uma semana depois, senti tanta raiva dela que quase fui lá só pra bater nela e no trouxão.

- Tu vai lá hoje né – Lipinho entra na cozinha.

- Boa tarde pra você também merda.

- Nossa a senhora acordou bem humorada hoje hein querida. – mostro o dedo do meio e volto a comer meu pão. – Sério, Carine quer muito que você vá.

- Eu vou cacete, já disse que vou nessa merda.

- Vá bem vestido, é essas frescuras de riquinhos.

- Não sei pra que ela me quer lá, essa porra sabe ser chata quando quer. – Lipinho deu de ombros e saiu.

- AS 19H HEIN PUTINHA. – grita da porta da sala.

Bufo, o que essa mina quer. Chata pra caralho me irritou duas semanas inteiras pra ir nesse inferno, ela e o retardado que diz que não quer ir sozinho.

Olho a hora e são 16h13, vou tirar um ronco antes de me arrumar pra merda.



*

Me arrumei antes do tempo, como eu iria cantar tinha que chegar mais cedo pra passar o som e ver se tudo estava certo. Tava ansiosa, sou acostumada a cantar para o público, mas hoje não sei o que tava me dando, só sei que estava um pouco nervosa.

Meu celular toca e pela foto já vejo que é Murilo.

IDL

Gio: Oi amor.

Murilo: Oi meu amor, como cê ta? Preparada pra hoje?

Gio: To um pouco nervosa, acho que por causa da ansiedade não sei. Mas estou bem e você?

Murilo: Relaxa, tu canta bem pra caralho, todos vão amar. Eu to bem, mas tenho uma péssima notícia, infelizmente recebi um chamado e vou ter que trabalhar, vou tentar resolver o mais rápido possível nem que seja pra pegar o final, ok gatinha?

Gio: Poxa, eu não acredito. Queria muito que você fosse.

Murilo: Desculpa mesmo.

Gio: Não, tudo bem, eu entendo. Mas mesmo que você não consiga ir, vem aqui pra casa depois, ta? Bom preciso desligar, já estou de saída.

Murilo: Tá bom meu anjo, boa sorte, beijos.

Gio: Beijos.

FDL

- Quem é que vem pra cá? – Carine apareceu no meu quarto me assustando.

- Porra, que susto caralho. O Murilo. – assim que pronuncio seu nome ela entorta a cara. Eu não sei porque Cah não gosta do Murilo, diz que ele tem alguma coisa errada, não vejo o que. – Ele não vai poder ir.

- Ah que ótimo, perfeito. – abre um sorriso maior que o do Gato de Cheshire. Ela ta aprontando, conheço bem a peça. – Mas então, vamos indo?

- Vamos.

- Aliás, você está linda.

- Obrigada, você também putinha. – ela me mostra o dedo do meio e lhe mando um beijo.

Chegamos lá e como esperado está tudo arrumado e vazio, só alguns organizadores da festa. Um rapaz alto vem falar com nós.

- Olá Carine, olá Giovana. Está pronta querida? Seu palco fica ali, você já pode ir lá e fazer sua mágica. Carine tu vem comigo só pra confirmar o nome dos seus convidados.

- Ok, obrigada.

- Por nada minha querida, precisar de qualquer coisa só chamar. Já vou pedir pra que te levem uma aguinha viu. – apenas sorrio em agradecimento.

Subo ao palco e passo a mão no piano.

- Bom, será apenas você e eu querido – sussurro sentando no banco.

Passo algumas músicas, vejo se está tudo certo e então fico a espera de dar a hora. Cantarei no início por quase uma hora, darei uma pausa de uma hora e meia para a apresentação da grife, e volto por mais uma hora e pouquinho pra finalizar o evento.

Carine aparece no meu campo de visão e sigo até ela.

- Quem são seus convidados? Quem você chamou?

- É só o Lipe, relaxa, não chamei ninguém.

- Ah ta. - estreito os olhos pra ela que abre um sorriso todo animado pra mim.

- Olha o que eu achei, Carine disse que você toca também, seria bom umas duas músicas calma – o cara alto fala apontando um violão pra mim.

- Bom, eu não sei tocar muito, umas cinco músicas talvez. – ele me entrega o violão.

- Tá ótimo querida.

- Vou ver se está afinado, licença.

- Vai lá, o evento começa em 15 minutos. – sorrio e volto pro palco para ver se o violão está em ordem.

HERDEIROWhere stories live. Discover now