HERDEIRO

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Então era isso que significava o 'Fiz o que fiz com meu pai'. Sabia que tinha motivos para Gringo fazer isso, não acredito que faria sem ter.

Precisava conversar com ele direito, não queria deixar as coisas mals. Estávamos indo muito bem nesses últimos meses, quase não brigávamos.

Terminei meu almoço, pois não sou obrigada a ter uma dr de barriga vazia e sai de casa indo em direção a boca.

Cheguei lá e Orelha foi me perguntando o que eu tava fazendo ali, já fui com ignorância que estava sem paciência:

- Olhar pra tua cara que não foi – não sei de onde eu tirava coragem pra encarar alguém que tava segurando um fuzil e ainda ter mais coragem ainda de ser grossa.

- Vai com calma ai patroinha, não fiz nada hein. E acho melhor tu nã... – não deixei ele terminar a frase já sabia que ia falar pra não entrar e já fui fazendo o favor de ignorá-lo.

Entrei e fui direto pra sala do Gringo, mas ele não estava, precisava me desculpar pela conversa na hora do almoço. Então ouvi alguns gritos vindo do fundo e caminhei até lá abrindo a porta com tudo, pois já tava pensando coisa errada.

Me deparo com Gringo segurando uma faca em uma das mãos e com as mesmas sujas de sangue, olhei pra aquilo e reparei que na outra mão ele segurava algo estranho.

- O que é isso? O que ta acontecendo aqui. – apontei pra o que ele segurava na mão.

Ele me olhou furioso como se fosse me matar.

- QUE CARALHO TU TÁ FAZENDO AQUI PORRA? – gritou apontando a faca pra mim.

- Eu queria conver... o que ta acontecendo aqui? O que ele fez?

- Não é dá sua conta, camba daqui, vai. – neguei com a cabeça, queria saber o porque ele tava fazendo aquilo com o homem que me pedia socorro com o olhar. Ele respirou fundo e sabia que pela minha teimosia eu não ia sair até que ele me falasse.

- Ele estuprou uma garota, satisfeita? Agora vaza.

Coloquei as duas mãos em minha boca e segurei o choro.

- Quantos anos ela tem? - perguntei quase sem voz.

- 13 anos, esse babaca era padrasto dela e abusava desde o ano passado. Só soubemos agora porque a mãe dela pegou no flagra e veio correndo nos contar.

Minhas lágrimas saiam com tanta raiva que me cegaram, eu não consegui me controlar. Em um piscar de olhos, eu corri e peguei a faca da mão de Gringo e comecei a esfaquear o homem. Enfiava e tirava a faca no mesmo instante, fiz isso várias e várias vezes em várias partes de seu corpo, até no rosto. E minhas lágrimas não paravam e enquanto isso eu gritava:

- ELA É SÓ UMA CRIANÇA SEU DESGRAÇADO, UMA CRIANÇA SEU MERDA, VOCÊ ACABOU COM A VIDA DELA, ACABOU, AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH.

E então vinha a lembrança em minha mente do meu tio, e eu só fazia questão de esfaquear mais, parecia que eu estava vendo o meu tio ali.

FLASHBACK

Cheguei da escola, entrei em casa cansada com aquele calor de São Paulo, joguei minha mochila no sofá da sala e fui beber água, levantei a blusa da escola deixando a barriga de fora e gritei:

- TEM ALGUÉM?

Meu tio apareceu na porta da cozinha:

- Só eu – e deu um sorriso.

- Ah, oi tio.

Ele veio até a mim e me abraçou, eu não entendi , mas retribui o abraço.

- Sabe, você ta bem gostosa pra sua idade. – meu coração acelerou naquela hora, eu já havia percebido que ele me olhava diferente, mas achava que era coisa da minha cabeça.

Ele começou a alisar minhas costas, eu me afastei. Ele me puxou e me beijou, eu tentei empurrar, mas ele era duas vezes meu tamanho e forte demais. Me jogou no chão da cozinha mesmo e rasgou minha blusa e levantou o top que eu usava, começou a chupar meus seios e doía demais por ainda estarem nascendo. E então ele começou a passar a mão em mim, em todas as partes e eu gritava e chorava desesperada. Ele colocou seu pau pra fora e pegou em minhas mãos para que eu o masturbasse. Meu desespero foi tão grande que eu desmaiei e só acordei num lugar todo branco, estava toda dolorida, olhei pro canto e vi minha mãe sentada no sofá.

- Mãe – sussurrei.

Ela levantou na hora e começou a chorar.

- Meu amor, meu amor como você ta? Me perdoa eu não te protegi. – quando ela disse isso eu lembrei de tudo e comecei a chorar. Ela me abraçou e ficamos minutos ali, apenas chorando.

FLASHBACK

Eu estava toda suja de sangue já, acho que o cara já estava morto e eu não parava, eu não conseguia parar, meus olhos ardiam, as lágrimas não paravam. Gringo me abraçou por trás pegando a faca da minha mão e jogando no canto, sussurrou:

- Chega.

Feijão que estava com ele tava me olhando assustado. Virei pro Gringo e o abracei, o sujando de sangue.

- Ei, ta tudo bem, ta tudo bem – eu só sabia chorar. – Feijão, dá um toque no Lipinho pede pra ele descer aqui com o carro agora – ele saiu e fez o que Gringo mandou, cinco minutos depois Feijão entrou dizendo que Lipe já estava na porta da boca. Nesses minutos eu continuei chorando abraçando Gringo com toda minha força que era fraca no momento.

Ele me pegou no colo, eu escondi meu rosto no pescoço dele e saímos. Feijão abriu a porta de trás do carro e ele me colocou e entrou em seguida, me colocando em seu colo.

- O que aconteceu, morre aqui, se alguém espalhar pode se considerar já morto. – Feijão e Orelha concordaram, eram os únicos que estavam lá. - Feijão, some com o corpo e com a faca. - ele assentiu. 

Lipe deu partida e subimos pra casa do Gringo, ele nem perguntou nada, sabia que depois Gringo contaria pra ele. Entramos e Gringo não me colocou no chão nem por um minuto. Subiu comigo pro quarto, entrou no banheiro e começou a tirar minha roupa e tirou a dele ficando só de cueca. Nesse tempo eu ainda não tinha conseguido parar de chorar. Ele me encaminhou pra dentro do box e entrou junto, ligou o chuveiro, pegou uma esponja passou sabão e começou a esfregar em mim bem devagar, eu só sabia chorar e ficar parada, estava sem forças pra nada. Ele tomou um banho rápido também, depois que me deu banho e me colocou sentada na privada. Saiu e enrolou a toalha na cintura, me pegou no colo e me colocou sentada na cama, pegou uma calcinha minha e uma camiseta grande dele. Foi em minha direção, me levantou tirou meu roupão e começou a me vestir.Minhas lágrimas já tinham parado, mas a vontade de chorar não.

Ele me deitou e se vestiu colocando apenas uma samba canção, se deitou comigo, me puxou pro peito dele e começou a fazer cafuné, alguns minutos e eu adormeci.