O que faz uma resistência

33 9 5
                                    

A criança herdeira Galene ainda estaria viva? Ela não seria criança mais, certamente.

Será que, se não estivesse morta e se eu conseguisse encontrá-la, gostaria de tomar a frente da resistência no lugar de Asher?

Ou melhor, tendo conhecimento de que vontade não era algo muito respeitado, tal criança não mais criança seria capaz de tomar a frente da resistência?

Pelos deuses inexistentes, que ela fosse.

Asher sofreria um golpe de trono antes de realmente ter um, passando seu poder para quem o usaria melhor.

Passando pelos telhados tarde da noite como, de fato, uma sombra, a lua alta no céu, refleti: quero tirar um rei na esperança de pôr outro em seu lugar, o que me garantiria que a nova pessoa seria melhor que Asher?

Deveria contar com a sorte dessa vez, acho que mereço pelo menos um golpe de êxito depois de tudo.

Depois de chegar a pôr meus pés na estalagem em que Asher se encontrava, pouco acima de seu próprio quarto tentando me esgueirar até sua janela.

Pendurada de cabeça para baixo na extremidade do telhado do local com minhas pernas presas nos próprios pontos da arquitetura do lugar poderia ser assustador, tendo em vista quão perigoso é, mas eu não preocupava-me muito. De certa forma, era acostumada a viver com os riscos constantes sobre o que eu fazia.

Antes de adentrar, espiei o que poderia ter em seus aposentos, perguntando-me se ele estaria dentro, se teria que esperar e senti a quietude, o ambiente parado e escuro, iluminado pelas luzes que vinham da rua.

Ele não estava ali, pouco me importando com o que ele poderia estar ocupando-se, apenas pensando que não teria problemas em entrar em seus aposentos e ir atrás do que estava procurando.

Mudando minha posição, consegui passar uma perna em seguida da outra, meus passos furtivos sobre o chão de madeira que queria ranger, mas eu sabia melhor.

O quarto não possuía muitas coisas fora de ordem, uma mesa na direção oposta de onde eu entrara com folhas sobre ela, felizmente, não tão bagunçadas quanto os papeis de Nikolai.

Aproximei-me torcendo para que encontrasse algo que poderia ser do meu interesse, espalhando seu material cuidadosamente sobre a madeira de forma que eu poderia facilmente retorná-las à sua disposição inicial.

Passava os olhos rapidamente, nada me chamando a atenção. Listas e mais listas com nomes e mais nomes, os títulos e cargos daquelas pessoas citadas. Aliados e possíveis aliados, presumi.

Nomes que não significavam nada para mim até escutar algo além.

Algo vindo de trás, perto de mim antes que eu pudesse me virar para vê-lo.

Antes que eu pudesse impedir que ele me segurasse, entrelaçando com força seus dedos entre meus cabelos presos, e empurrando minha cabeça ferozmente contra a mesa à minha frente. Acertaria meu rosto em cheio contra madeira se não tivesse conseguido tirar proveito do ângulo em que era segurada e da pouca liberdade de movimentação que tinha acesso, virando minha face levemente à esquerda, fazendo com que minha sobrancelha e maçã do rosto aguentassem todo o impacto, assim como um pouco da minha boca, cortando meu lábio em meus dentes, rapidamente sentindo o gosto metálico do sangue.

Tentando recuperar-me do choque, com a cabeça girando e minha visão escurecida momentaneamente, levantei-me o mais rápido que conseguia, jogando minha cabeça para trás, batendo forte na cara do meu agressor usando a dura parte de trás da minha cabeça, percebendo que tinha conseguido ao som de algo estralando –possivelmente seu nariz.

O nome da sombra - Crônicas de sombra e luzOnde as histórias ganham vida. Descobre agora