Hayes Bechen

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–Lamento, Sombra, mas você não pode ficar aqui.

Vega escoltava-me para longe da sala do trono, onde Miranda, Nikolai, Bram, os Mestres, Kai, Eira, Dhara e Hayes Bechen encontravam-se.

–Por que? Cordélia era minha dama particular, isso também me diz respeito.

–Segundo ordens da Rainha, você não deveria ser envolvida nisso. Seus assuntos para com a realeza se resume apenas aos registros de Drítan, não sobre isso. –Zoram completou com a mão em minhas costas dirigindo-me ao corredor.

Eu precisava participar dessa reunião por diversos motivos, só não poderia justificá-los aos guardas.

Desconfiava que havia sido Hayes quem denunciara Cordélia, então a qualquer momento ele poderia falar sobre mim e a incerteza me devorava por dentro.

Quando Zoram me soltara, eu não saíra do lugar, esperando que a conferência particular acabasse e, até lá, eu esperaria na frente do cômodo. Se Hayes decidisse me denunciar, eu seria pega de uma vez, melhor do que ficar esperando ao meu quarto sem saber e ser surpreendida.

–Não tem outro lugar que você deveria estar? –Talvez, quis responder a Zoram. Talvez a melhor estratégia seria caminhar no jardim e, se alguém viesse atrás de mim, minha fuga seria facilitada.

Eu era mais versátil que Cordélia, de fato, mas Hayes não sabia que eu sou Sombra –pelo menos acho que não. De todo jeito, meu disfarce ainda me valorizava demais, com Lady Amélia Meeran sendo sobrinha da Mestre de guerra.

O que será que Hayes guardava para mim?

–Minha dama particular e meu guarda designado estão aí dentro discutindo sobre a minha dama anterior então, não, não tem outro lugar que eu deveria estar. –Minha resposta saíra um tanto mais seca, até grossa, do que eu gostaria, mas minha cabeça já estava pesada com todas as possibilidades que poderiam sair daquela sala e eu não estava presente.

Se você sair agora, tem chance de fugir. Eu não vou fugir, não antes de entender o que está se passando do lado de dentro.

Depois do que pareceu uma eternidade, a maçaneta da porta se moveu e tive a primeira imagem do que ocorria na reunião. Antes que a porta se abrisse por completo, vi Miranda sentada em seu trono, sua expressão a definição de poder, Hayes logo abaixo dos degraus que levavam ao trono, cara a cara com a Rainha enquanto seus lábios se moviam, Kai de cabeça baixa ao lado de Nikolai, que trocou olhares comigo mesmo na fração de segundo que foi possível, maxilar rígido, sobrancelhas duras, assim como seu olhar.

Em primeira instância, imaginei que Hayes contava sobre minha traição naquele momento, porém, se fosse o caso, Nikolai não me daria uma cara séria, ele apenas me prenderia.

Antes de absorver mais da cena, Eira e Dhara passavam pela porta.

Minha nova dama fora a primeira a lançar-me seu escrutínio, aproximando-se em passos rápidos e ajeitando cachos revoltos que saíam da longa trança que havia feito em meus cabelos. Seus toques, por outros motivos, me tranquilizavam –eu ainda não era uma ameaça ao reino, ainda não era uma traidora.

O que Hayes planejava fazer comigo? Era uma pergunta que não saía da minha cabeça.

–Senhorita! –Sua voz surgiu surpresa, não esperando me ver ainda à frente da sala do trono. –Está aqui desde que entrei?

Desviei meu olhar à Dhara, percebendo como sua atenção parava sobre mim disfarçadamente como se compartilhássemos um segredo –o que, de fato, fazíamos.

–Sim, eu quero saber o que aconteceu, mas não me deixam entrar. –Dirigi um olhar indiscreto aos guardas na porta, como se os repreendesse. Minha dama segurou meu cotovelo e levou-me pela extensão do corredor para conversar comigo sem que Zoram ou Vega escutassem.

O nome da sombra - Crônicas de sombra e luzWhere stories live. Discover now