Decisões entre cartas e camarões

32 9 4
                                    

–Nikolai–

Eu já me envolvi com mulheres antes, conhecia os prazeres que uma parceira poderia proporcionar e sabia que a questão de sentir atração nem sempre se deve a sentimentos. Atração não é motivo de culpa ou vergonha, é apenas uma reação do corpo.

Sou um homem adulto, pelos deuses, não um adolescente –então por que ajo como um quando ela aparece?

Ao momento que ela passou pela porta do salão, era tudo que poderia ver, o vermelho que vestia tudo que poderia pensar, o brilho em sua pele era tudo que minha mente repetia.

Eu já havia sido vencido, eu sentia atração por ela e ela estava linda –ela é linda.

Se seu rosto, seu sorriso, corpo, cabelos, maneirismos e voz fossem de outra pessoa, não me repreenderia e, talvez, tentaria a sorte com ela, mas ela era ela, era Sombra, a ladra.

Não deveria me sentir tão atraído por alguém tão... ela.

E eu tenho bem ciência que desejo e atração é uma das coisas que não se tem controle sobre, embora eu tenha tentado por um longo tempo, não querendo pensar nela na maneira como pensava, mas não sou superior, então não funcionou.

E, sendo sincero, Sombra estava especialmente reluzente nessa noite, não apenas pela preparação que fizeram sobre ela, os diamantes entre os seios e nos cabelos. Estava em sua forma de andar, como ela passava os olhos pelo ambiente, como parecia, talvez, outra pessoa até perceber que, de fato, era outra pessoa. Ela estava interpretando a Lady que precisava ser.

E seu olhos pararam sobre os meus, minha respiração roubada.

Ela tinha uma taça de vinho em mãos –estava na confraternização por menos de cinco minutos e, pelo que percebera, já era sua segunda bebida.

Como se desfilasse, caminhara até a minha direção. Olhos nos meus, abriu um belo sorriso provocativo.

–Uh, tão sério. –Tomara uma pequena pausa enquanto levava a taça aos lábios, observando-os mais tempo que minha sanidade permitiria. –Você não sorri?

Respirei fundo e a respondi em seu mesmo tom relaxado.

–Por que eu deveria estar sorrindo?

–Ora, é uma festa, não um funeral. –Ela parecia mais segura, mais solta, sem o peso constante de se fazer despercebida, contida. Seu objetivo hoje era justamente chamar atenção e ela tirava proveito disso. Com certeza chamava a minha atenção.

–Você está bem bonita hoje. –Disse, apenas. Se eu não falasse nada, talvez pegaria fogo ali mesmo.

Ela não tivera muitas reações além de um longo gole, congelada. Não sabia se ela me julgava por indecoro ou que via através de minhas atitudes controladas, sabendo exatamente o que se passasse em minha mente e preocupei-me –talvez ela não gostaria do visse em meus pensamentos, sua presença ocupando todos no momento.

–Se me der licença. –Permiti-me relaxar ao vê-la se afastando sem ter se curvado, uma misericórdia de sua parte, caminhando até a mesa de jogos, onde eu Sabia que Cordélia fazia a limpa das apostas dos outros, posicionando-se ao lado de Kai e observando o que ocorria.

–Ah, sir Nikolai, estava procurando pelo senhor. –Uma voz que eu reconhecia chamou-me por trás, permitindo-me que eu revirasse os olhos antes de me virar para encarar o Chefe Rylan com os lábios presos para não deixar claro meu desgosto.

Retribuímos cortesias em reverências até que eu o reconhecesse, dizendo seu nome e como era um prazer, mesmo que não fosse, tê-lo no castelo –como se já não fosse suficiente ter que atura-lo na reunião dos chefes das divisões.

O nome da sombra - Crônicas de sombra e luzWhere stories live. Discover now