Uma flor do deus Ignis

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Considero Cordélia, Eira e Wren seres mágicos, sem compreender como poderiam ter a habilidade de transformarem tantos tecidos e adornos em peças frescas ainda sem mostrar minhas cicatrizes, dessa vez trajando calças vermelhas no lugar de um vestido, esvoaçante como uma saia, cobrindo meus pés, justo na cintura e abrindo-se enquanto descia, em conjunto a um top justo sem mangas com gola alta da mesma cor, deixando um pouco das minhas costelas à mostra. Era um tipo de moda que eu desconhecia, mesmo acostumada com calças, similar à costura que eu vira enquanto entrava ao novo reino.

Mas não era o que vestia que chamava minha atenção, parada mais uma vez no jardim para o café da manhã observando o redor. Pássaros coloridos passavam por nós, belos e barulhentos, não desagradáveis, repousando em galhos altos das árvores diversas que nos rodeavam, pouco atrás dos arbustos cheios flores coloridas, desconhecendo o nome de todas, uma mais bela e diferente que a outra enquanto degustava uma xícara de chá, aquecendo meus dedos.

–Vejo que gosta da visão do nosso castelo. –Uma voz feminina aproximou-se de mim, Dayna virada para onde eu olhava na tentativa de ver o que tinha minha atenção.

–Vocês cuidam muito de sua fauna e flora por aqui. Dá bastante vida em contraste às pedras. –Ela era uma pessoa interessante, além de, obviamente, muito bela. Não entendia muito sobre seu jeito, tentando xingar-me antes de conhecer-me e depois puxando assunto sobre a paisagem de seu palácio.

–Não precisa ficar bajulando a estética da nossa casa. Já está aqui, não elogiar os botões que estão crescendo não a fará ser expulsa. –Casa, estranhei mesmo tendo ciência de que não deveria. Aquilo era normal, todos ao meu redor moravam e reconheciam castelos tão grandiosos quanto o de Drítan (ou até maiores) como sua casa, eu era a errada.

Eu era a errada por nem casa ter, pulando de estalagem à estalagem desde que meus roubos começaram a ser suficiente para pagar minhas estadias.

Para onde eu iria depois daquilo tudo? Continuaria com se nada tivesse acontecido? Mas acontecera, feliz ou infelizmente. Muita coisa acontecera.

Será que eu seria capaz de viver como antes depois de tudo que passei?

Não divague, Sombra. A princesa de Drítan está falando com você.

–Fico feliz em saber que não há como ser expulsa agora. –Dayna abrira um sorriso bem humorado e convidativo.

–Não foi isso que eu disse. –Passando o braço pelo meu, confiante, e começara a rodear a mesa que continha os alimentos. –Mas eu gostaria de sua companhia para meu passeio de hoje. Acredita estar livre?

Meus olhos sobre os dela, soltei uma risada involuntária. Ela era divertida de uma maneira estranha, me entretinha.

–Vossa Alteza que decide nosso itinerário. Se diz que estou livre, então estou. –Um sorriso astuto surgia em seu rosto, indicando diversão com as sobrancelhas.

–Então está decidido. Aparecerei em sua porta quando formos. –Sendo sincera, não estava inteiramente livre, tinham outros lugares para checar, no entanto, esses eram mais próximos, dentro do castelo mesmo, então o ideal era efetuar a busca na madrugada, quando todos estivessem dormindo e os guardas pudessem ser enganados com a escuridão.

Depois do almoço que tive com a corte Melione e com mais duas cortes convidadas, aliados, estava em meu quarto quando ouvi uma batida na porta.

Dayna encontrava-se com trajes que lembravam o meu, calças feitas em tecidos leves, justas apenas na cintura e nos calcanhares, um top que mostrava mais de sua pele também, mesmo que efetuado de uma maneira diferente ao meu, alternando gradualmente entre as cores de seu reino com exceção apenas do preto, tecidos em amarelo e laranja, um pôr do sol ambulante, porém, o que havia mais chamado minha atenção, fora seu colar, uma ave esculpida em rubi.

O nome da sombra - Crônicas de sombra e luzWhere stories live. Discover now