A compreensão de como uma fênix funciona

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Engraçado como a primeira coisa que me vem à cabeça ao descobrir o que descobri foi a voz de Lady Melissa dizendo "informações são história e história não se pode ser apagada" e a voz de Bram enquanto falava "história é história e fatos são fatos".

Ali, à frente dos meus olhos, estava o fato.

Cabia a mim se tornar história –se que quisesse.

De repente, tudo começou a fazer sentido, o anel que minha mãe usava, possivelmente dado por Theron, o fato de nunca ter conhecido o meu pai e minha mãe nunca ter explicado sua ausência... o fato dela ter sido assassinada dentro de casa –o homem perguntara se ela estava sozinha pela possibilidade de uma criança herdeira.

Voltando a prestar atenção ao nomes, enxerguei ali "Orion Attwell", pai de Asher. Por isso o menino rei andava com o assassino, era empregado da família.

O pai de Asher mandara matar minha mãe para clarear o seu próprio caminho, para si mesmo ou para os filhos, para quem quer que sobrevivesse de sua família ao trono aproveitando a confusão e chacina que o destronamento advindo dos Meliones provocou, cortando os galhos mais externos enquanto o pai de Miranda se livrava do resto.

O que significava... que eu era a pessoa que poderia tirar o poder de Asher.

Eu poderia ser a pessoa a tomar a frente da resistência e entrar em uma trégua com Miranda.

Mas eu queria?

Desistir de vez de tudo pelo qual passara boa parte da minha vida construindo, a minha discrição.

Gostava de ser Sombra, me dava liberdade, não precisava ficar presa às regras de ninguém, de nenhum reino.

Se eu fechasse o livro acerca dos Galenes e apenas devolvesse ao escritório de Corbin, ninguém saberia e esse segredo morreria comigo, continuaria vivendo como Sombra –mas então não teria como tirar Asher de seu trono e Althaia e os cidadãos inocentes que pagariam o meu egoísmo em querer não ser descoberta.

Pensei em Cordélia, que perdera o noivo para a mania, pensei em Amaya, a guarda da coroa que passara por mim delirante.

Tais pessoas não mereciam aquilo.

Talvez você já tenha passado tempo demais escondida.

Eu estava dolorida, fisicamente dolorida como se tais informações tivessem realmente batido em mim.

Levantei meu olhar levemente embaçado e vi Nikolai ainda no chão, alheio de tudo.

Caminhei até ele e pus meu pulso em seu nariz para que cheirasse o antídoto, observando enquanto seus cílios tremeluziam ao acordar.

Quando seus olhos abriram, ele olhara confuso ao redor, parando com o foco sobre mim, inicialmente com os olhos tranquilos, calmos até, gradualmente, ir dando lugar à raiva e traição.

Antes que ele me atacasse por tê-lo envenenado, afastei-me já de pé.

–Não vou tentar matá-lo. –Lentamente, ele se recompõe de pé.

–Bem, isso faz um de nós. –Via como ele olhava ao redor, procurando armas que poderia usar contra mim, seu corpo em posição de luta enquanto eu me mantinha fixa ao chão.

–Te acordei para mostrar os registros. –Como se tivesse desferido-lhe um soco no rosto, dirigiu um escrutínio a mim surpreso, confuso e desconfiado. Se terminaria mostrando os registros de todo jeito, então qual seria o ponto da nossa luta antes?

O nome da sombra - Crônicas de sombra e luzWhere stories live. Discover now