A reação para a ação é justiça

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Era apenas o segundo jantar entre todas as cortes presentes no castelo e que já queria colocar fogo em metade das pessoas que se encontravam por lá, expressando meus sentimentos apenas em um sorriso polido e bem educado, calada por medo de, se falasse alguma coisa, ofenderia mais pessoas da realeza que a minha cota permitiria.

Com a misericórdia do universo, não precisei ter reais interações com Nikolai, deixados sozinhos e em momento mesmo precisando sentar ao seu lado durante duas noites seguidas.

Estávamos no mesmo jardim em que o café da manhã era oferecido, uma única mesa comprida comportava todas as cortes, oficiais sentados em uma mesa separada, lanternas pendiam sobre nossas cabeças, amarradas por cordas, iluminando onde estávamos contra a escuridão do céu noturno.

Tentava apenas focar na comida que era servida e em seus sabores diferentes, levemente apimenta, não o suficiente para me incomodar, apenas realçando o gosto de cada ingrediente para que não perdesse o meu tempo irritando-me com as falas entre os outros governantes.

Pomposos protegidos com mãos macias, nunca enfrentando um dia de trabalho pesado na vida, a maioria não sabendo como era a vida real de seus súditos. A garota não escolarizada poderia falar mais sobre a situação da desigualdade em seus reinos do que os próprios reis e rainhas, sempre trocando palavras com mercadores que fugiam dos seus países tentando ganhar a vida no mar já que permanecer em sua terra natal era impraticável –mas, quando olhavam para mim, apenas sorria como se não entendesse suas questões políticas, sem opinião formada.

Estava cortando um legume rosa que fingia saber o que era por ser uma Lady estudada quando o Rei que estava sentado à minha frente, Atticus, de Viorca, um e

–Rainha Miranda, se me permite, como está lidando com a situação da mão invisível?

A comida virara pedra descendo pela minha garganta, engasgando discretamente, Nikolai oferecendo-me um copo com bebida imediatamente para que recuperasse a compostura, não sem antes receber um olhar de esguelha estranho de Atticus, quase desprezando minha presença.

As reações pela corte Melione foram engraçadas, todos tentando agir normalmente como se o assunto não estivesse sentado junto a eles.

–Estamos com tudo sob controle e acreditamos que não será grande problema para nós a partir de agora. Mas por que a curiosidade? –Há algo que sabe? Era o que eu sabia que Miranda queria perguntar.

–Ah, apenas me lembro das últimas visitas diplomática como isso era uma pedra em seu sapato por alguns anos e, por termos nossa divisa com Althaia, escuto as histórias e me preocupo caso vocês não consigam resolver o problema e ele vier até mim. –Problema, sim, sou um problema.

Pegava mais um gole da taça de vinho que havia me auxiliado a engolir a comida para ocupar com alguma outra coisa que não fosse envolver-me com o assunto sobre mim.

–Não consigo imaginar ter que lidar com algo parecido por tanto tempo assim. Foram quantos anos? Seis, cinco? –A rainha de Viorca, Portia, comentara, entrando na mesma conversa do marido.

Um pouco mais, pensei remexendo meus pés, achando a situação engraçada na mesma medida que estranha.

–Por aí. –Miranda respondeu apenas, retornando-se ao lombo que fatiava, falando sobre o clima para mudar de assunto.

–Pessoas terríveis que tiram proveito do trabalho honesto dos trabalhadores do seu reino. Criminosos como esses, que mexem com a economia de um reinado justo, é a pior escória que poderia existir. –É mesmo? Pensei enquanto fincava, de maneira impensada, meu garfo sobre a carne em meu prato.

O nome da sombra - Crônicas de sombra e luzOnde as histórias ganham vida. Descobre agora