capítulo 31

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Já não sei dizer a quanto tempo estou aqui.
Cada vez mais me perdendo.
Quando olho no espelho não reconheço o que nele está refletido, meus pensamentos se misturam e se embaralham com as imagens reais.
Atormentada não encontro mais saída.
Ao meu lado o meu fiel amigo que luta de sua forma para manter minha sanidade mental sem outros danos.
Não consigo mais dormir e comer só por necessidade.
Já perdi conta de quantas vezes fiz o chão tremer, as paredes da cabana quase cederem e o teto cair por cima da minha cabeça tenho sido atormentada durante noites sem descanso quando sol e lua com suas traiçoeiras ações me fazem querer acabar com minha vida se é que já tive uma.
Não sei por quanto tempo vou aguentar, Lua tem feito minha cabeça duvidar daquilo que é real e do que não é, ela me faz ter visões falsas me faz acreditar nas coisas que colocam em minha mente.
A cada dia fico mais forte posso sentir meu poder queimando abaixo de minha pele.
Meu lamento não tem fim.
O sol é ainda mais cruel fazendo com que todas as mortes que já presenciei se repitam múltiplas vez em minha cabeça.
Não posso seder as suas chantagens, mas isso só está me desgastando.
Nada mais tem sentido, nada mais é compreensível por mim.
Não temo as coisas que aconteceram e não temo a ninguém eu temo somente à mim mesma.
Meus pensamentos cada vez mais escurecem.
Mato por diversão como as palavras dele me disseram e eu tola não acreditei em nenhuma delas.
Tenho caçado junto a Gadriel, vejo que eu me tornei o animal e ele o humano, mesmo quando estava no auge da loucura ele não saiu do meu lado é o único que não desistiu de mim.
Estou a ponto de mandar que volte para o castelo mas toda vez que tomo a decisão de mandar que vá ele de alguma forma pressente me acalma e me conforta.
Ele de alguma forma me compreende e eu a ele.
Ele teme que algo ruim aconteça à mim e está sempre ao meu lado.
Se algo que não me deixa desistir e é  real esse algo com toda certeza seria Gadriel, não sei o que seria de mim sem ele, sem a força dada à mim por ele.
Tenho conversado estado por um bom tempo com morte de alguma forma ele sempre me ajuda, não sei seu motivos, mas ele nunca me pediu nada em troca e ainda no auge da minha tristeza ele surge como um anjo fazendo com que tudo se acalme.
É insano como pude me aproximar tanto dele não somos mais estranhos uma para o outro ele mudou e sei que foi para me deixar mais confortável.
Ele tenta não se manter longe por tanto tempo, mas é inevitável sendo ele á morte é impossível que permaneça sempre ao meu lado, tem seu trabalho a fazer levar as almas para o submundo.
Eu queria ser uma delas.
Nas milhares vezes que me perco entre a realidade e o pesadelo tenho morte como meu pilar é ele que me mantêm em pé, firme e me mantêm segura de mim mesma.
Ás vezes o pego me olhando, analisando e se importando.
Desde á noite quando quase nos beijamos ele se mantêm perto e ao mesmo tempo distante.
Além de suas formas de agir o que também mudou foram suas roupas que passaram de um longo manto negro para um terno deixando visível seu rosto.
Todas as noites quando ele estava presente ele ficava no canto do quarto até que caísse no sono e quando tinha pesadelos podia contar com seus braços que me acolhiam.
No começo para ele foi estranho, mas agora ao ver qualquer modificação de meu sono corre até a cama e me envolve em seus braços.
Nas noites que não dormia ele permanecia lá ao meu lado contando várias histórias de momentos que viveu sendo á morte.
Muitas noites se passaram e com elas as luas: minguante, nova, crescente e cheia.
Já não consigo mais contar quanto tempo já se passou, pois minha mente agora está perdida e sozinha em algum lugar.
Parece que minha alma não pertencia mas ao meu corpo e que no lugar dela um vazio negro e repleto de fúria e desespero tomou lugar.
Não consigo mas fazer um simples feitiço sem que a terra abaixo de meus pés trema ou algo pior.
A maior parte do tempo passo no quarto ou na frente da lareira sempre em silêncio o mundo continuava a girar, mas eu estou parada revivendo um dia após o outro a mesma tortura e agonia.
As caças só serviam para que pudesse descontar meus sentimentos em algo como um cervo. Minha precisão no arco e flecha se tornou perfeita e o arco como se fosse a extensão de meus braços.
Matar qualquer coisa não me fazia mais mal algum.
Morte e Gadriel revezam seus tempos comigo.
Gadriel sairá mais cedo naquele dia fazia dois dias que não caçava e sabia do nojo que ele sentia de ter que comer aquelas carnes de animais a muito mortos.
Morte precisou sair disse que seu trabalho estava acumulado.
Me fez prometer que ficaria bem e que não sairia dali até que ele voltasse.
Estava a várias horas deitada no chão.
O único barulho que escutava era de minha própria respiração e os batimentos do meu coração.
A porta se abriu eu continuava imóvel olhando para o teto de madeira.
- Luna?
- Aqui.
Ergui a mão para que visse que estava deitada na frente do sofá no piso de madeira rústica.
- Eu peguei um cervo hoje, estão indo para o norte.
- Preciso sair para respirar levantei do chão e puxei meu casaco e o vesti.
- Quer companhia?
- Não precisa Gadriel quero ficar sozinha por um tempo.
Saí porta fora afundando as botas na neve.
Já conhecia aquele caminho e andava pelas árvores em zigue zague.
O vento forte passava pelas árvores fazendo um zumbido.
Fechei os olhos.
Uma risada ecoou alto em minha cabeça me fazendo colocar as mãos nos ouvidos e gritar para que aquilo parasse caí de joelhos na neve.
Ouvi a voz baixa e rouca de minha mãe tremia por ouvir sua voz depois de tanto tempo.
- Mãe?
Ouvi a voz grossa e calma de meu pai.
- Pai?
- Olá queri... Suas vozes foram tomadas por uma voz que me causou arrepios e depois se misturou com a voz de Sun.
Minhas lágrimas escorriam por meu rosto.
Ainda estava de joelhos com as mãos nos ouvidos.
Ouvi os gritos dos dois ouvi minha mãe clamando pela vida de meu pai e ouvi seu último suspiro e o choro desesperado de minha mãe foi cessado por uma barulho de algo rasgando a carne.
Dei múltiplos socos no chão gritava, chorava e prometia que o faria pagar pelo que tinha feito.
- Ahhhh. Bati com a cabeça no chão.
Minhas mãos latejando pelo frio.
Uma ventania começou e o chão se partiu no meio abaixo dos meus pés formando um enorme buraco eu estava caindo segurei na raiz de uma árvore, minha mão escorregava eu olhei para baixo e o buraco não parecia ter fim.
Tentava me puxar, mas não conseguia.
A raiz deslizou ainda mais de minhas mãos cortando meus dedos e a palma de minhas mãos.
As árvores pegaram fogo todas ao mesmo tempo.
O buraco abriu ainda mais eu seria engolida por ele.
Minhas forças se esgotavam, não queria mais lutar então soltei.
Uma mão me segurou quando havia soltado da raiz a mão me puxando para fora.
O sangue fez minhas mãos deslizarem pelas deles.
Ele segurou minha mão a puxando com mais força caí sobre ele contra o chão, nossos olhos se encontraram e depois desceram para minha boca.
Se ele tivesse um coração poderia sentir o meu batendo descontrolado e tão rápido como o de um beija flor.
Suas mãos frias segurando minhas mãos o tempo parecia ter parado e tudo ficou em câmera lenta.
Minha mão não doía parecia estar amortecida ou o simples fato de estar daquele jeito tivesse me feito perder qualquer sentido.
Meu corpo todo tremia talvez por causa do medo que tinha passado ou pela adrenalina que rodava por meu corpo.
O calor do meu corpo com a frieza do dele.
Nossos lábios iam em direção um ao outro como ímãs se atraindo.
Seus olhos em meus lábios e os meus olhos nos dele.
Minha respiração acelerada quase que incontrolável...

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolWhere stories live. Discover now