Capítulo 72

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Senti uma forte pontada na cabeça, minhas mãos foram até a cabeça.
- Ei, o que foi?
Morte correu até mim.
A dor aumentou, minha cabeça parecia que iria explodir.
- A minha cabeça...
Um grito ecoou em minha mente e depois dele uma gargalhada masculina, Sol.
Um campo florido um sorriso insinuante nos lábios (o mesmo sorriso que Sun tinha).
- Como está?
- Tirando a terrível dor de cabeça que você me deixou, estou bem.
- Só queria chamar sua atenção.
- Tão sutil.
- Um dos meus encantos.
- E seu filho vai bem?
Ele fechou um pouco seu sorriso, mas não era por sentir falta de seu filho, mas o símbolo que sua morte e Sun representava o fato da batalha ter sido "ganhada" pela Lua, era de certa forma humilhante para ele.
O sorriso do Sol voltou a ser o mesmo.
- Vejo que a morte de alguém te deixou de mal humor. Sol me deu uma piscada.
- O que quer agora? Rosnei.
- Será que me senti intimidado? Não, eu só quis conversar com você ver se após perder seu namorado, você teria mudado de lado.
- Hahaha, acho que não.
- Curtindo o novo namorado?
- Curtindo a derrota próxima?
- Agora está cada vez mais difícil saber com qual Luna eu estou falando. Disse Sol me analisando.
- Você já sabe que não vou ficar do seu lado, então me deixe em paz, eu só quero que parem de me atormentar.
- Vou te deixar ir pra que quando nos encontrarmos em breve, você esteja ainda mais insana do que vejo que está...
Suas palavras ecoaram na minha cabeça enquanto olhava no fundo dos olhos do Morte.
- Encontrou qual deles?
- Sol.
Morte estava me olhando de cima, suas mãos tocavam meus ombros. Se ele respirasse eu sentiria em minha pele.
Nos olhamos em silêncio eu não queria me envolver com ninguém, meu coração só tinha um dono e ele havia partido com ele.
- Eu posso levantar? Indaguei.
Morte se afastou rápido e ficou ao lado da cama.
- Helena mandou eu te trazer café, ela fez várias perguntas sobre o que eu era, então disse para ela que eu sou um bruxo.
Dei um sorriso e ele se aproximou com um bandeja.
- Eu não quero comer.
- Mas você precisa, coma uma maçã.
- Eu não estou com fome.
Ele colocou a bandeja em cima da escrivaninha e voltou a se sentar em meu lado.
- Você quer que eu te leve a outro lugar? Sei que as lembranças doem.
- Não importa para onde eu vá, ele continua em minhas lembranças.
Morte se sentou um pouco afastado de mim para poder me olhar nos olhos ele alcançou minha mão e sobre os curativos ele deu um beijo leve.
Minha mente estava dilacerada, era difícil acreditar que ele estava morto, uma parte de mim duvidava daquilo, mas a cada segundo que se passava e ele não atravessava a porta correndo, me tomando em seus braços, unindo nossos lábios, sincronizando as batidas dos nossos corações, aquela parte ia sumindo, desaparecendo e morrendo.
As lágrimas queimaram em meus olhos.
- Não precisa segurar seu choro, eu estou aqui pra você e com você até o final, sendo momentos bons ou maus, venha aqui.
Ele me puxou para perto, minha cabeça ficou em seu ombro, fiquei sentada sobre minhas pernas, seus braços me envolveram e eu o abracei.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto, aquilo tudo havia se acumulado e transbordado naquele exato momento, não percebi o quanto me sentia culpada até que escutei meus soluços.
Morte colocou uma mão em minha cabeça e a outra me abraçou, ele não dizia nada, só me abraçava.
Aquilo que eu sentia não passava, aquela dor aumentava a cada segundo mais.
Um tempo passou as lágrimas foram diminuindo, a respiração desacelerou e eu me sentei na cama.
Morte passou a mão pelo meu rosto secando as lágrimas.
- Eu tenho que ir. Você vai ficar bem?
- Vou. Disse com a voz de choro.
Ele se aproximou e beijou minha testa.
- Não vou demorar.
Ele sumiu e eu me encolhi em meio a cama.
O silêncio parecia tão bom, mas ao mesmo tempo estar sozinha me fazia lembrar do Dastan.
Na verdade tudo me fazia lembrar dele, era como se nada agora fizesse algum sentido, parecia um mundo alternativo ou um terrível pesadelo.
A porta do quarto se abriu levemente e eu olhei em direção a porta, era Helena.
- Oi, te acordei?
Balancei a cabeça negativamente.
Ela olhou em volta procurando por Morte.
- O seu amigo? Indagou ela.
- Teve que dar uma saída, mas ele vai voltar logo.
- Você e ele não comeram nada.
- Eu não estava com fome e Max também não.
- Ele é um pouco estranho.
- É o jeito calado dele.
- Ele só usa preto e acho que vi ele sem o capuz apenas no momento que chegaram.
Ela falava do capuz, imagina se ela tivesse visto quando ele usava aquele manto preto que cobria totalmente seu rosto.
- Ele é um pouco diferente. Disse forçando um sorriso.
- Mas eu não vim até aqui para falar do Max, eu vim saber como você está.
Cam tinha contado tudo para Helena pude ver em seus olhos.
- Eu estou bem. Menti
- Eu conheço você Luna.
Helena se aproximou da cama e sentou perto de mim.
- Logo estarei bem.
- Cam me contou tudo o que aconteceu, não consigo imaginar o quanto está doendo, você perdeu seus pais, sua amiga e seu amigo e agora perdeu a pessoa que mais amava no mundo e todos te culparam por algo o qual não poderia controlar, sei que não sou sua mãe, mas me deixe cuidar de você um pouco.
Ela puxou minha cabeça até seu ombro.
- Parece que eu nunca vou conseguir ser feliz, acho que agora eu não conseguiria ser feliz, ele era tudo que eu tinha e agora o que eu tenho? Para que lutar? Por quem lutar?
- Lute por você, você não está sozinha, Luna, eu vi o quanto Cam e Max te amam e todos que te seguiram também.
- Não Helena, eles se revoltaram, se rebelaram contra mim.
- Mas por que fariam isso?
Era muita coisa para dizer, revelar a ela aquilo seria coisa de mais para que ela entendesse.
- Eu estou em conflito, um conflito que está difícil de vencer.
- Conflito?
- Eu estou lutando contra algo sombrio dentro de mim, estou lutando com uma parte minha que só quer a destruição e a morte, eu estou enlouquecendo, não consigo mais controlar meu poder, eu não tenho muito tempo.
Helena acariciou meu cabelo, senti o doce cheiro do seu perfume.
- Luna, eu sei que você é mais forte do que você pensa.
Fiquei em silêncio remoendo cada acontecendo, vendo cada cena, sentindo toda aquela tristeza de uma só vez.
- Eu tenho medo.
- Medo?
- Eu tenho medo de perder todos aqueles que estão próximos de mim, tenho medo de não ter força o suficiente para derrotar minha mãe e Sol, tenho medo de que todos sofram por minha culpa e tenho medo de acima de tudo ser a destruição de tudo e de todos por um erro meu.
- Luna...
- Um erro meu e o mundo vai ficar na guerra entre os dois, eles não se importam com ninguém além deles eu sou a única esperança, mas eu só sei destruir tudo.
- Você precisa confiar em si mesma, você confiava em Dastan?
- Confiei a minha vida a ele.
- Então agora que ele se foi, coloque essa confiança em si mesma e sempre que duvidar que consegue lembre dele e lembre que assim como você confiava nele, ele confiava em você.
- Eu não consigo viver sem ele. Admiti
- Mas nós dependemos de você, a ferida um dia se cicatriza, faz muito tempo que não te vejo chorar, Luna.
Sequei a lágrima que havia escapado e escorria por meu rosto.
- Eu só quero que tudo isso acabe logo.
- E vai acabar. Helena me deu um beijo no topo da cabeça e saiu me deixando sozinha com meus pensamentos.

[...]

Passei um tempo sozinha, um tempo que usei para tentar me fortalecer.
Me levantei e fui até o banheiro fiquei em frente do espelho.
O rosto o qual ele refletia me causava estranheza, foi como se minha imagem de mim mesma tivesse mudado, na minha cabeça aqueles olhos cansados, sem vida e com grandes olheiras não eram os meus, os cabelos desarrumados, sem vida, a pele pálida, não eram a Luna que eu pensava ser.
O sofrimento que havia passado não se refletia totalmente em meu rosto, por fora ainda que com sinais aparentes de cansaço e fadiga eu estava bem, mas por dentro eu estava sendo consumida pelo meu lado sombrio. Ela se fortalecia enquanto eu estava cada vez mais fraca.
Lavei o rosto e escutei um barulho vindo do quarto, fui até lá e vi um pelo branco brilhoso vindo em minha direção.
- Gadriel. O abracei forte.
- Senti sua falta.
- Eu também, amigo.
- Agora tudo vai melhorar, eu estou aqui.
O abracei ainda mais, Morte nos olhava de longe.
A porta se abriu depressa e Helena dei um grito, Bob e Cam vieram em seguida correndo.
- Luna, tem um lobo em seus braços.
- Você não falou de Gadriel, Cam?
- Foi tanta coisa para contar que acabei esquecendo.
- Helena, Bob, esse é Gadriel, meu lobo, amigo e protetor.
- Lobo?
- É difícil...
- Ele fala? Gritou Helena arregalando os olhos e interrompendo Gadriel.
- Sim.
- Está tudo bem, Luna? Indagou Cam se aproximando e acariciando Gadriel.
Afirmei balançando a cabeça.
- Vamos deixar vocês em paz agora. Disse Cam puxando Helena que ainda estava confusa.
Morte encostou a porta e se aproximou.
- Agora faça ela comer alguma coisa. Disse ele a Gadriel.
- Como você está? Coloquei minha cabeça junto a de Gadriel.
- Estou bem, mas e você como está?
- Lutando. Disse a ele olhando fundo em seus olhos.

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolWhere stories live. Discover now