capítulo 87

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O sono não me alcançava, minha cabeça estava coberta por meus pensamentos e eu a cada segundo repensava melhor o meu plano, mas se no final tudo desse errado?
Se tudo que todos pensaram que eu poderia fazer eu não conseguisse e se conseguisse eu terminaria minha vida como Lua ou Sol?
Eu não conseguia dormir e nem parar de pensar em tudo, precisava conversar com alguém e eu sabia que esse alguém não estaria dormindo agora (nem nunca).
Me concentrei em acha-lo.
Uma brisa fria tocou meu rosto e tudo que eu pude ver foi uma sombra distante, a luz da lua iluminava um pouco de sua silhueta.
Em silêncio me aproximei sua mãos pairavam pelo corpo de um homem no chão, projetado sobre seu corpo havia  uma cópia do seu ser só que com um tom de vermelho sangue, ele  puxou essa cópia para si mesmo, sumindo dentro de si.
Caminhei me aproximando dele que se virou, sua mão me tirou do chão pelo pescoço.
Ele se assustou olhando no fundo de meus olhos.
Sua mão me levou novamente ao chão.
- Luna. Ele disse enquanto me envolvia em seus braços me abraçando por inteiro.
- Morte.
- Você está bem?
- Sim.
Suas mãos seguraram meu rostos e seus olhos me analisavam.
- Parece que não vejo você a séculos.
- Também senti sua falta.
Seus lábios encontraram os meus tão delicadamente e com tanta naturalidade, suas mãos envolveram-me e ele suavemente se afastou.
- Por onde andou? Indagou ele me levando até um banco próximo ao corpo do homem no chão.
Me sentei ao seu lado e ele entrelaçou nossos dedos.
- Posso estar sendo um pouco indelicada, mas senti em seu hálito um inconfundível cheiro de bebida, por um acaso eu estou certa?
Morte pareceu achar graça.
- Tive que achar algo para me entreter enquanto você não voltava e depois de suas palavras.
- E achou isso na bebida?
Ele assentiu.
- Me diga aonde esteve?
- Fui morar no castelo de Sol.
- Suspeitei disso, já que não conseguia encontra- lá.
- O que você estava fazendo? Apontei para o corpo no chão.
- Eu estava buscando a alma desse homem.
- A alma dele era vermelha.
- A cor da alma depende dos atos durante a vida, uma alma boa tem um tom de branco e em poucos casos dourado, já as almas ruins tem o tom de marrom, vermelho sangue como daquele homem e preto.
- Você sabe a cor da minha alma?
- Ela tem o tom de dourado mais lindo que já vi, mas isso faz parte do seu papel nesse mundo.
- Apesar de tudo que eu já fiz?
- Acho que tudo que fez de ruim não pesa em consideração a tudo de bom que já fez.
- A alma de Sun era...
- Preta como carvão na hora de sua morte.
- E a de Dastan? Indaguei ansiosa.
- Nós precisamos conversar sobre isso. Disse ele segurando minha mão e olhando fundo em meus olhos.
- Me desculpe, não devia nem tocar nesse assunto, eu não quero pensar mais em Dastan.
- Luna...
- Sinto muito. Como está Gadriel e Cam?
Morte balançou a cabeça e me olhou novamente nos olhos.
- Estão bem, Gadriel tentou te encontrar, assim como eu.
Meu coração apertou, sentia tanta falta de Gadriel, ele era verdadeiramente um laço de meus pais comigo.
- Diga que estou bem e que sinto saudade dele e de Cam.
- Vou dizer.
- Agora enquanto a você, tem que parar de beber, isso não faz bem a você.
- Estou morto, Luna.
- Mesmo assim.
Um silêncio mortal caiu sobre nós dois, eu queria contar tudo para ele, queria contar sobre o plano e minhas preocupações, mas ele tentaria me impedir. Começou a passar em minha cabeça que contar a ele tinha sido um péssima ideia e que eu nem deveria ter ido até lá.
- Eu tenho que voltar.
- Não, você chegou agora.
- Eu só queria saber como vocês estavam, agora que sei que estão bem posso voltar.
- Eu não estou bem, não me sinto mais eu mesmo sem você por perto, acho que você me deixa vivo.
- Sinto, mas tenho que ir.
- Me deixe fazer com que mude de idéia?
Assenti sabendo o que iria acontecer. Queria recompensar por tê-lo magoado.
Morte me puxou para si, sua mão passou por meu rosto e ele me levou até seus lábios, sua língua pediu passagem por meus lábios que sedentos pelo beijo cederam.
Enquanto nossas línguas dançavam em contato uma com a outra minha mente me enganou, abri meus olhos e não era Morte que eu estava beijando era Dastan. Meus olhos não acreditaram naquilo, mas meu coração dizia que sim. Meu coração acelerou e se inundou de felicidade por poder sentir novamente seu beijo e por vê-lo novamente, beijei com mais sede ainda seus lábios segurando seu rosto.
Então imagens de Dastan na UTI vieram em minha mente, embaralhadas com elas imagens de Dastan em uma sala preso por correntes. Me afastei depressa caindo no chão, Morte me olhou assustado.
- O que aconteceu?
Me levantei depressa e corri de Morte, me surpreendendo ele surgiu e segurou meu braço.
- Luna, olhe pra mim.
- Me solte.
- O que você viu?
Me soltei de sua mão e corri abrindo o portal e voltando para o castelo de Sol.
O que tinha sido aquilo? Minha cabeça havia me pregado uma tremenda peça.
Minha mente já estava exausta por tudo aquilo e agora isso havia me perturbado.
Tentei colocar em minha cabeça que aquilo só era um resultado das minhas preocupações e cansaço, como minha cabeça estava cheia, ela havia me causado isso.
Então era só isso, não havia com quê se preocupar.
Eu já estava pronta para ir, pronta para encontrar minha mãe e pronta para engana-lá, era parte do plano o plano que me traria.
Arrumei minhas poucas coisas e me concentrei em encontrar minha mãe.
Uma forte luz surgiu e eu a vi, seus olhos tão claros me olhavam com frieza e seus lábios não esboçaram qualquer emoção.
- Cansou? Indagou ela.
- Precisava falar com você.
- Meu tempo é valioso e estou me preparando para a batalha.
- Não vou gastar seu tempo em vão, eu fui treinada por Sol, mas o acho fraco e quero me juntar a você, mãe.
Ela me olhou intrigada.
- Confesso que isso me pegou de surpresa.
- Ele agora confia em mim, se me ensinar tudo, ficarei ao seu lado e lutaremos juntas e assim venceremos ele.
- Como eu posso confiar em você?
- Mãe, eu sei que sempre nos desentendemos, mas sei que tudo que fez por mim foi para me tornar forte.
- Continue.
- Você me escolheu, confiou que eu venceria e eu venci, venci por você.
Acho que depois dessa atuação eu seria facilmente contratada para um filme.
Ela me analisava se deliciando com minhas palavras.
- Eu quero uma prova, prove que será leal para mim.
- Como? Eu farei.
- Mate Gadriel, mate o seu lobo.

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora