Capítulo 80

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Era claro o que estava acontecendo, todos ali naquela sala escondiam algo, mas o que seria?
- Digam a verdade, não é a primeira vez que vejo vocês conversando e quando chego mudam de assunto, digam a verdade.
- Luna, não escondemos nada.
- Mentirosos. Gritei.
- Se acalme. Disse Gadriel.
Eu respirei fundo e abri um sorriso.
- Se estiverem mentindo pra mim, vocês estão ferrados. Disse rindo.
Os três olharam um para os outros e depois voltaram a olhar pra mim.
- Pode contar o que fez hoje? Indagou Morte.
- Nada, peguei algumas armas no castelo, invoquei meus guerreiros e tentei rastrear Dalila, mas não consegui.
- Você está bem? Está falando com tanta naturalidade. Disse Cam.
- Por quê falaria de outra maneira? Não vejo problema nenhum.
- Ah Luna...
- Estou com fome, tem alguma coisa pra comer? Indaguei indo para cozinha e mexendo nos armários.
- Vá descansar eu vou levo para o quarto. Disse Cam frustrado.
- Tudo bem, vou tomar um banho.
Subi as escadas com rapidez indo em direção ao meu quarto, me despi e fui direto para a banheira fiquei por um longo tempo até que já me sentia relaxada o suficiente, me enrolei na toalha e abri a porta me deparando com Morte sentado na cama.
Dei uma gargalhada e ele ficou me encarando.
- Você vai ficar aí ou vai me deixar trocar de roupa. Indaguei depois de um tempo em silêncio.
- Ah, sim, claro.
- Se acalme, vou me trocar dentro do armário, foi só uma brincadeira. Disse rindo.
Ele abriu um sorriso envergonhado enquanto eu entrava e me vestia, saí logo em seguida com um moletom.
- Pronto.
- Nós precisamos conversar.
- Sobre o quê? Indaguei em frente a ele.
- Vem sentar aqui. Ele apontou para um lugar ao seu lado.
Me sentei e encarei seus olhos quase sem vida.
- O que foi? Indaguei olhando em seus olhos.
- Você está muito estranha. Disse ele segurando meu rosto em suas mãos frias.
- Eu estou bem, melhor do que nunca, você pode achar que estou, mas isso é quem eu realmente sou.
- Você não é assim, você é a pessoa mais gentil que tinha conhecido e agora você está tão fria.
- Eu só estou longe de minhas fraquezas, Morte, nada agora me impede, nada me torna fraca.
- Eu não posso ver você se destruindo assim, você pode se machucar e eu não quero isso.
- Morte, não sinta medo, isso te torna vulnerável e torna a mim também, eu posso estar agindo dessa forma, eu estou mudada, mas eu continuo a amar Dastan e amar você, acho que te amo mais do que antes.
Suas mãos frias então me puxaram para perto, seus lábios tocaram com suavidade nos meus, ele me puxou mais para perto, seus dedos se prendendo no meu cabelo molhado, sua língua pedindo passagem e com vontade se encontrando com a minha, uma onda de eletricidade correu pelo meu corpo, mas a porta se abriu e nós nos afastamos.
Era Cam e o meu jantar.
- Desculpe. Disse ele trazendo a bandeja com comida.
- Eu que peço desculpa. Disse Morte se levantando e beijando minha testa.
Cam me entregou a bandeja e foi para fora do quarto com uma carranca no rosto.
- Vou deixar que fique quieta comendo seu jantar, aproveite e depois disso vá dormir.
- Tudo bem.
Ele caminhou rapidamente até a cama e ficou em minha frente, ele se abaixou um pouco e me encarou.
- Não seja a Luna que você não é, eu amo você. Morte segurou minha mão e deixou um beijo antes de sair do quarto.
Era daquilo que eu precisava, eles pensaram que eu ia jantar e dormir? Nem pensar, eu ia sozinha atrás de Dalila e depois do meu discurso, Morte me deixaria em paz por um tempo.
Tinha sido verdade o que tinha dito a ele, mas dizer aquilo naquele momento foi muito propício, já que agora ele não ia desconfiar de nada.
Voltei ao armário onde tinha escondido as armas (que dissera a Morte que tinha me livrado).
Vesti uma calça jeans escura e um casaco preto, prendi os cabelos no topo da cabeça e achei em meio aquele enorme armário, uma bolsa onde caberiam algumas armas.
Me deitei na cama e apaguei as luzes, eles deveriam achar que eu estava dormindo.
Fiquei por um tempo deitada até que a porta do quarto abriu lentamente estavam verificando se eu estava dormindo, a porta se fechou e eu levantei da cama, já abrindo um portal e o atravessando.
Eu ia usar minha intuição meus pensamentos ficaram a todo momento nos traidores, mas sem o meu poder de clarividência era inútil tentar encontrar, mesmo assim não podia desistir, apanhei meu casaco e o vesti e coloquei algumas adagas nos bolsos de dentro do casaco.
- Vamos lá, traidores, eu preciso dos traidores. Dizia em voz alta tentando me concentrar.
Atravessei o portal tentando localizar, mas eu me encontrei em um lugar movimentado, era uma cidade razoavelmente grande, mas era iluminada e pessoas andavam por todos os lados, eles falavam em um idioma que eu conhecia como a palma da minha mão, eles falavam russo, minha mãe havia me ensinado esse idioma desde minhas primeiras palavras, assim como: Alemão, Mandarim, Hindi, Espanhol, Árabe,
Bengalês, Francês, Japonês entre outras.
Estava então em uma cidade da Rússia, em meio a um clima realmente frio.
Puxei o capuz do casaco e andei pela cidade como se fosse daquele lugar, ganhei alguns olhares, mas eles não duravam muito.
Em meio ao chão coberto por neve meus pés afundavam no chão andando como uma sombra pela cidade pude vislumbrar algo que chamou minha atenção, um bar, mas não um bar comum, aquele era um bar que cujo o nome fez meu sangue ferver estava escrito: Bar smert' koldun'ya koroleva, bar morte a rainha bruxa, eu tinha que conhecer seu interior e ter certeza se era uma ameaça à mim, ou se era ali onde estavam os traidores.
Caminhei em direção ao bar apertando o cabo da adaga dentro do casaco, meu coração estava acelerado e adrenalina corria por meu corpo querendo sentir a sensação de rasgar a carne com a lâmina de minha adaga.
Abri a porta e meus olhos encontraram um brilho forte de luz laranja e vermelha e meus ouvidos foram invadidos pelo alto som da música, berros, conversas altas e risadas, pude sentir um cheiro forte de perfume barato, fumaça de cigarro e bebida forte.
O lugar era grande e estava totalmente lotado, havia uma lareira, um enorme balcão, mesas e mais mesas e um chão de madeira escura.
Os olhares se focaram em mim no momento que avancei em direção ao balcão, haviam algumas mulheres e até mesmo elas me olharam.
- Olha o que temos aqui. Gritou um homem suado que jogava sinuca com outros três caras que concordaram.
- Misteriosa, eu gosto dessas. Disse outro homem.
Fui até o balcão que possuía uma grande parede coberta por inúmeras e incontáveis bebidas.
- O que vai querer, garota? Indagou uma mulher alta, de lábios vermelhos sangue, pele clara e com uma roupa minúscula.
- Vodka, uma dose dupla de vodka.
- Pode deixar.
Em poucos segundos elas me trouxe um copo pequeno de vodka essa que eu virei em um gole e que desceu queimando por minha garganta.
- Nossa, quer outra? Indagou a moça sorrindo.
- Sim. Respondi.
Ela colocou a minha frente outra dose.
Do mesmo jeito que a primeira eu virei a segunda que dessa vez não queimou tanto minha garganta, mas que me deixou com um pouco de calor.
- Você não me parece o tipo de garota que vem a esses bares, ainda mais esse com tanta singularidade. Disse ela me servindo outra dose.
- Eu tenho um certo fascínio por esses bares, ainda mais com essas singularidades. Disse como se soubesse quais eram as singularidades daquele lugar.
- Por um momento achei que não fosse bruxa. Disse ela me surpreendendo com tais palavras.
- Por quê? Indaguei sorrindo e deixando ela ver meu sorriso.
- Você não usou nenhum poder para atingir algum desses babacas.
- Eu não vim aqui para isso.
- Veio por qual motivo então? Acho que não foi só pela ótima bebida, ou a minha companhia. Veio para a reunião?
- Sim pela bebida e pela reunião. Respondi me perguntando o que seria a reunião.
- Logo vamos nos reunir, que tal mais uma bebida enquanto espera?
- Eu aceito.
A moça colocou outra dose em frente a mim e tentou me olhar por baixo do capuz.
- Por quê não tira isso? Indagou ela.
- Meu... Meu rosto foi desfigurado pela rainha. Menti.
- Aquela tirana, me desculpe por ser curiosa.
- Não se preocupe.
- Mas nós teremos nossa vingança, vamos matar ela, a família Praesidium não vai conseguir manter o castelo por muito tempo, enquanto a "rainha" está escondida e temos certeza que é com seu amante, Morte, mas eles não vão ficar assim por muito tempo, estamos reunindo os antigos seguidores do filho do Sol e todos os clãs inimigos da rainha de todos os cantos do mundo, vamos atacar com força total e terminar com ela para sempre.
Praesidium era a família do Dastan, realmente sem mim o castelo seria invadido.
- Como faremos isso? Indaguei.
- Dalila tem duas armas secretas, não temos conhecimento de uma delas, mas sabemos que ela pode tirar a mortalidade da Luna.
- Tirar a mortalidade?
- Sim, fazendo isso podemos destruir tudo o que ela é e Dalila tomara o lugar dela e nos governará. Como você se chama?
Pense em um nome.
- L- Lana.
- Eu me chamo Olga.
Pensei nas palavras de Olga e meu sangue já borbulhava dentro de minha veias, minhas mãos começaram a tremer.
Já tinha tomado seis ou sete doses e me sentia levemente tonta, mas pronta para atacar.
- A reunião vai começar, vamos.
O silêncio tomou conta no momento que um homem entrou, ele estava vestido com um terno preto e era muito alto, seus olhos castanhos escuros me encararam, mas ele olhou para os outros.
Fiquei atrás de todos me mantendo sem ser vista.
- Os ataques aconteceram nos próximos cinco dias, nos reuniremos nas antigas terras de Sun e vamos atacar ao anoitecer, primeiro o castelo, vamos matar todos que encontrarmos ninguém sairá vivo, ela vai saber o que está acontecendo e vira para salvar os Praesidium assim como os anciões e quando ela fizer isso estaremos lá, com as armas secretas e a mataremos, sem piedade.
Todos gritaram o homem atirou seu paletó no chão e desabotoou os botões de sua camisa mostrando seu tronco com enormes músculos havia uma frase em russo tatuada em seu peito Smert' Luna, morte a Luna.
Todos começaram a gritar a mesma frase, peguei minha dose de Vodka e tomei em um gole, joguei o copo no chão e gargalhei aplaudindo.
Todos ficaram em silêncio e se voltaram para mim inclusive Olga que estava um pouco a frente.
- Vamos continuem com seus planos mirabolantes. Vocês acham que realmente vão conseguir? Indaguei gargalhando.
- Quem é você? Gritou o homem ainda com a camisa aberta.
- Eu sou a rainha de você, eu sou Luna. Gritei enquanto tirava o capuz, todos me olhavam perplexos.
- Tentem deixar ela desacordada, será mais fácil entrega-lá para Dalila.
Ataques dos quatros elementos ar, fogo, terra e água tentavam me atingir, tentei me proteger de cada um deles.
Comecei a bocejar.
- Isso já ficou chato, minha vez de atacar.
- Ataquem com mais força. Gritou o homem da tatuagem que também tentava me atacar.
Os ataques corporais vieram em seguida, chutei na altura da barriga do homem e o joguei para longe.
- Exercitus sublato calidiores lavacro aquae ferventis animae corpus flammis sanguinem qui invocat relinquis praeter me terram et illi soli servies.
Como tinha sido na primeira vez, o chão começou a tremer todos entraram em pânico e quando a o brilho dos cavaleiros surgiu todos ficaram paralisados.
O exército me fazia me sentir mais forte e poderosa, meus poderes vindos de Sun queimavam em meu corpo eu queria que eles sofressem, que morressem.
- Occidere. Disse a meu exército que matassem.
Atacando assim como eu eles matavam sem piedade, me aproximei de Olga que tentou me atingir um soco que eu desviei e a atingi com uma joelhada que a fez cair se contorcendo.
O homem da tatuagem lutava contra meus guerreiros.
-Luna Gladius. Gritei empunhando a espada e atacando, desferi golpes, sempre atingindo no coração, já tinha perdido a conta de quantos eu já tinha matado, mas os corpo se amontoavam no chão.

[...]

Os corpos dos traidores caíram ao chão, apanhei a adaga de meu bolso e afundei no coração de Olga caída no chão, seu corpo que se debatia contra meu domínio, cessou seu corpo não tinha mais vida.
Me levantei e caminhei até o homem da tatuagem, pisava sobre os corpos no chão, sobre as poças de sangue, só aquele homem estava ali, só ele ainda tinha vida e por aquelas palavras ele morreria por minhas mãos.
Me concentrei novamente exército e fiz com que eles sumissem, mas com as mortes que eles causaram eles esgotaram minhas forças, caí com um joelho ao chão e assim o homem da tatuagem pode me atacar, ele chutou meu rosto com enorme força o que me fez ir para trás, puxei uma adaga e mesmo zonza com o chute joguei a adaga que acertou o ombro daquele homem que gritou. Sua mão foi até o cabo da adaga e ele á tirou e veio em minha direção.
Me levantei zonza pelas doses de vodka e também pelo chute que me deu forte dor na cabeça, senti algo escorrendo pelo meu nariz, passei o dedo e vi que era sangue.
O homem da tatuagem se aproximava, com todas força que tive girei meu corpo o atingindo com um chute no rosto, ele derrubou a adaga e cambaleando foi para trás.
Algo surgiu em minha frente cobrindo a minha visão, era Morte.
Tentei olhar, mas não consegui o enxergar onde estava o homem da tatuagem, mas ele tinha fugido.
- Seu nariz.
- Eu estou bem. Gritei me afastando dele e correndo até a porta sua mão segurou meu braço e me puxou.
- Solte, ele vai fugir. Gritei tentando me soltar de sua mão,
- Ele já foi, eu estava te mantendo longe dessa confusão, Luna, o que você fez?
- Eu fiz o que era necessário.
Morte olhou para o chão vendo todos aqueles corpos, era aparente que ele estava assustado com o que eu tinha feito.
- Luna, a cada morte você fica mais próxima de ficar com Sun. Sua voz estava alterada.
- Não me venha com essa história, eu estou bem.
- Você bebeu? Indagou segurando meu rosto em suas mãos.
- Sim. Respondi sem culpa.
Ele olhou para meu rosto, rasgou sua camisa e limpou o sangue que escorria do meu nariz.
- Está doendo?
- Não.
- Como isso aconteceu?
- Aquele cara que você deixou fugir, me atingiu com um chute na cabeça.
- Vamos para casa. A voz de Morte soou com grande autoridade ele estava ordenando para que eu fosse.
- Não, eu vou atrás dele.
Mal sabia ele que ninguém me ordenava e ninguém me impediria de matar aquele homem.

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolWhere stories live. Discover now