Capítulo 97: A Batalha Parte III

4.4K 496 10
                                    

Em muitos momentos desde que havia tomado conhecimento sobre a segunda maldição eu me pegava imaginando como seria, imaginava qual seria o final, mas agora parada em frente a tudo e quase a todos eu nunca imaginária que seria dessa forma, ele lutando contra mim, um aliança eterna a Morte, mas de uma coisa eu sabia... a maldição tinha um preço, uma vida e uma hora ou outra a dívida seria paga, como aconteceu a Sun e como aconteceu a mim, quando perdi meus pais, Eveline e Gaston, não seria diferente dessa vez, ou poderia ser?
Minha cabeça pensava apenas no preço enquanto eu me lançava para frente, meus olhos focados nos inimigos, minha mão empunhando a espada.
Ele vinha em minha direção, destruindo meus soldados, seus olhos ardentes em fúria encarando os meus. Quando sua espada se aproximou da minha eu o afastei com uma rajada de vento, mas ele novamente se aproximou, desta vez Morte o interceptou e eu soube que deveria atacar Lua e Sol que assistiam a batalha.
Meus pés me lançaram para frente em direção a eles, mas meus olhos encontraram com o vazio.
Era Lua, ela estava mexendo com minha cabeça.
Imagens reais e das que ela projetava se misturavam em minha cabeça, era difícil, mas em meio a essa mistura de imagens eu pude ver a aproximação de Sol e ao fundo os olhos de Lua se concentrando com toda sua força para me manter vendo o que ela queria.
Seria impossível me defender se eu ficasse lutando mentalmente contra a Lua e fisicamente sem ver Sol.
Eu desisti de Lua deixei que ela projetasse uma imagem dela e de Sol distantes de mim e me concentrei nos quase imperceptíveis sons pertos de mim, quando eu enfim ouviu lancei formas similares a tentáculos de luz que iam em todas as direções.
Meus olhos vislumbraram a luz quando um dos tentáculos atingiu Lua e ela não pode me manter em seu controle.
Meus olhos encontraram com a figura de Sol e eu me lancei em sua direção, minha espada cortou o espaço entre nós, sem tempo para respirar, para pensar, nem mesmo para notar o perigo se aproximando...
Dastan surgiu atrás de mim, sua mão agarrou meu braço enquanto minha espada atacava Sol, a espada de Dastan passou a centímetros do meu pescoço e eu só escapei quando o acertei com um raio de luz que o deixou por alguns segundos sem enxergar.
Eu precisava afasta-lo, ele não poderia estar por perto quando eu fizesse o que tinha que fazer, ele não podia...
Me afastei de Sol e Lua e olhei para todo aquele caos ao meu redor, Morte lutava contra o exercito de Dalila, junto com todos aqueles que ainda me apoiavam, pude ver Gadriel e aquilo de certa forma me aquietou um pouco. Eles deveriam continuar bem, continuar vivos.

Eu conseguia ver Lua e Sol arquitetando um novo plano e de canto de olho notei a aproximação de Dastan. Cada célula do meu corpo queria sentir mais uma vez o calor de seus braços, o sabor dos seus lábios, mas eu não podia fazer aquilo, eu tinha que tentar de certa forma prepara-lo para o que viria no futuro, prepara-lo para se um dia eu voltasse as suas memórias como eu realmente era, como aquela que ele havia amado ou caso isso não acontecesse que ao menos ele soubesse o que se passava em meu coração.

- Queria que nada disso estivesse acontecendo, eu só quero que você saiba que não importa o que aconteça, se você não lembrar de mim como eu realmente era eu ainda assim vou estar feliz, vou estar feliz por você estar vivo e feliz por ainda poder ver você. Uma a uma, as palavras saiam de minha boca e meu coração que pulsava por tê-lo tão perto sofria por vê-lo daquela forma, por ser vista daquela forma.

Seus olhos com tom de azul escuro tão inexpressivos prestavam atenção atentamente a cada umas de minhas palavras sem discordar delas, sem me atacar em quanto eu as pronunciava.

Agora que mesmo sem saber quem eu era ele havia ouvido tais palavras eu podia fazer o que era preciso, se um dia eu não estivesse mais perto dele e ele se lembrasse de mim realmente, ele lembraria dessas palavras e saberia o quanto ele havia significado para mim.

Seus olhos atentos notaram minha aproximação e suas mãos ágeis empunharam a espada, minha mão segurou uma das suas e eu cheguei até seu ouvido pronunciando um feitiço com uma velocidade que ele não pode impedir...

- Lucis, unde mentes illustrantur a me!

Os olhos de Dastan se perderam da minha imagem, suas mãos e seu corpo repousaram, amparei seu corpo até o contato desajeitado com o chão, ele sussurrava, perdido em uma visão que estivesse tendo, perdido em seu próprio mundo, um que o manteria longe do mundo real por um tempo. Meu corpo pedia e suplicava para que eu não o soltasse, mas eu tinha que fazer aquilo por ele.

- Me desculpe por te deixar dessa forma, nunca tenha qualquer dúvida que eu te amei com todo o meu coração, eu teria feito tudo para ter te salvado se soubesse que estava vivo. Lágrimas escorreram por meu rosto e eu apenas me levantei caminhando em direção a eles e tendo em minha mente seu rosto.

Meu corpo atacou sem nem mesmo pensar antes nisso, eu precisava atacar, separar, enfraquecer e enfim ganhar. Era tudo ou nada, meu coração batia aflito e nervoso no peito, eu não sabia se eu tinha alguma chance de sucesso, mas teria que tentar pra saber. Eu lutaria até o meu último sopro de vida.

Ondas de luz e chamas percorreram por todo o campo e ataques vindos dos dois lados se encontravam. O campo de batalha se iluminou de tons de marfim e dourado enquanto os ataques ficavam cada vez mais vez mais ferozes.

- Lux clypeus! Gritei fazendo um enorme escudo de luz que se expandiu e se transformou em um ataque que alcançou Lua e Sol.

Sol me contra-atacou com uma serie de discos de luz e espinhos cor de fogo brotaram no chão.

- Lux lacrimae. As palmas de minhas mãos se iluminaram e luz foi irradiada por meus olhos.

Sol me olhou espantado quando a luz começou a se expandir levando tudo que encontrava no caminho para a direção contrária a minha, os espinhos foram arrancados e iam em direção a ele. Sol se manteve em pé tentando bloquear meu feitiço e os seus próprios espinhos, mas ele sabia a força que até mesmo um simples ataque daquele, naquele momento tinha. Seus olhos queimaram em fúria e ele como um vulto se aproximou, seu olhar me fazia a todo momento lembrar de Sun, seus olhos queimavam em insanidade e puro ódio assim como os dele. Meu corpo aguentava firmemente a cada investida de Sol e das flechas cor marfim de Lua, suas expressões eram de vitória, mas eu sentia suas forças se esvaindo. Eu sabia o que tinha que fazer para acabar de uma vez com aquilo, meu corpo já se preparava para aquilo. Com a aproximação de Lua eu pude sentir que era a hora, meu coração acelerou dentro do peito e eu pronunciei aquela simples frase tão vagarosamente que o tempo por um instante pareceu congelar.

- A lumine luna et sol. Foi como se eu tivesse atingido seus corações, eles ficaram parados, suas espadas sumiram, seus corpos frente a frente.

Eu havia lido aquele curto feitiço no livro de minha mãe e nunca havia feito nenhum sentindo ou razão para que eu usasse aquele feitiço, nem ao menos tinha entendido o que ele era ou o que poderia fazer, era um passo em meio a escuridão, mas desde que eu o encontrará não tirava da cabeça que ele poderia ser útil e ele era, mesmo sem saber o que ele poderia fazer eu acreditei e ele bloqueava os poderes do Sol e da Lua, mas também enfraquecia quem havia realizado o feitiço, sentia em meu corpo a exaustão, mas não me abalaria por isso, eu não teria muito tempo.

O silêncio se instaurou no campo de batalha e eu senti e vi todos aqueles olhares sobre mim quando ergui meus braços em direção ao seu e a maldição escrita nele começou palavra por palavra descer até o chão em volta de mim, a terra se iluminou com as letras que irradiavam luz, as mesmas palavras no meu corpo se iluminaram ainda mais, sentia cada letra ardendo em minha pele.

Eu daria um fim a maldição, daria um fim a Lua e ao Sol não importaria o preço disso...

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora