Capítulo 66

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- Acorde. Sua voz calma e seu toque frio me despertaram.
Abri meus olhos e olhei em volta, Morte abriu um leve sorriso.
- Ele já está no quarto. Disse ele.
Joguei a coberta que estava sobre mim, agarrei o suporte de oxigênio e me lancei fora da cama.
- Calma, você vai ter que olhar ele pelo vidro por enquanto. Morte se aproximou e tirou o suporte de oxigênio de minha mão.
- Por quanto tempo? Indaguei frustrada.
- Segundo Kalir de dois a três dias.
- Eu quero ir vê-lo.
- Tudo bem, vamos eu te levo lá.
Morte abriu a porta e eu caminhei com pressa até o vidro, meus dedos entraram em contato com a superfície fria, meus olhos encontraram em meio a fios e aparelhos um rosto de cor pálida, mas tão familiar, os olhos envoltos em voltas roxas, sua feição calma, mas com semblante de agonia, ou dor.

[...]

Poderiam se ter passado minutos, horas ou até mesmo dias, permaneci vidrada em Dastan, o mundo ao meu redor sumiu e o que sobrou foi aquele vidro, aquele quarto e aquele cujo corpo repousava sobre aquela cama.
Foi como ir para outra dimensão, estar dentro de um pesadelo onde tudo de pior acontece, eu só queria acordar, queria acordar e o encontrar sentado em frente a porta, o olhar cansado, o cabelo despenteado e o sorriso constante, queria pular em seus braços, enterrar meus lábios nos dele e nunca mais me manter nem que fosse a um centímetro de distância de Dastan.
Ver ele daquele jeito era o mesmo que arrancar com as mãos meu coração e o jogar no chão.
Uma mão tocou meu ombro.
- Ele vai acordar logo, é bom que você seja a primeira pessoa que ele irá ver, majestade. Disse Kalir olhando para Dastan.
- Ele vai acordar? E não me chame de majestade, me chame de Luna.
- Sim, Luna. Disse Kalir sorrindo.
Não tinha percebido antes que Morte não estava mais por perto.
- Morte?
- Saiu faz uma meia hora, pediu que avisasse que voltará antes de anoitecer.
- E a família do Dastan?
- Alguns voltaram para o castelo e os outros estão na sala de espera, acharam que você deveria ter esse momento com ele, mas querem que eu os avise assim que ele acordar.
- Tudo bem, como foi a cirurgia dele? Indaguei olhando através do vidro.
- Ocorreu bem, mas teremos que fazer outras, desculpa, mas ele ainda está correndo risco.
- Mas ele vai conseguir, eu sei. Minha esperança não seria abalada, não o perderia jamais.
- Sim, ele vai. Disse Kalir.

[...]

Minhas pernas doíam de ficar tanto tempo em pé, mas eu me recusava nas inúmeras vezes que Kalir me oferecera uma cadeira ou me pedira que eu me sentasse.
Eu quase gritava toda vez que via qualquer movimento que Dastan fazia, mas não se passavam de sua mão mexer e seu lábios se contraírem.
- Você não quer descansar por um tempo? Disse Kalir vindo novamente.
- Não, quero estar aqui quando ele acordar, não estou cansada.
- Tudo bem, seu irmão quer vir aqui te fazer companhia.
- Diga a ele para vir.
Pouco tempo depois Cam apareceu com um enorme moletom e um casaco em seus braços que ele colocou em meu ombro, ele estava abatido e tentou forçar um sorriso.
- E aí como você está?
- Como acha que estou?
- Eu não consigo imaginar como você está. Disse e depois me abraçou, voltei meu olhar para Dastan.

[...]

- Vou busca um café, você quer alguma coisa?
- Não, obrigada.
Cam saiu, meus olhos então encontraram os olhos de Dastan se abrindo, ele estava confuso e assustado olhando os fios e as máquinas, ele se mexeu e olhou envolta me vendo, sorri e vi que ele não entendia o que estava acontecendo.
Uma mistura de sentimentos me tomou por inteiro, uma onda de felicidade e nervosismo me tomou, só conseguia sorrir, meus olhos se encheram de lágrimas, mas ele precisava saber que estava tudo bem.
Fiz um sinal com a mão para que ele se acalmasse, ele tentou, com um pouco de dificuldade ele apontou para a mesma máscara de oxigênio que eu usava, ele estava preocupado.
Embacei o vidro e escrevi :
" Eu te amo"
Ele ficou surpreso e abriu um leve sorriso, mas era aparente a dor que ele sentia.
Lentamente ele fez sinal para que eu me aproximasse, balancei a cabeça negativamente.
Cam se aproximou e viu as lágrimas que escorriam por meu rosto, ele então olhou para Dastan e no segundo seguinte saiu correndo.
Dastan passou o dedo em baixo de seu olho como se estivesse enxugando uma lágrima, mas ele se referia as minhas.
Passei a mão pelo rosto ainda com o evidente sorriso de orelha a orelha.
Chegaram correndo então Cloe, Jenny, Sebastian e Roland junto com Cam. Todos formaram um amontoado no vidro, Cloe e Jenny tinham lágrimas nos olhos assim como eu, tive que me afastar para que eles conseguissem ver Dastan.
Nenhum deles falaram se quer uma palavra pra mim, mas conversaram entre si.
Caminhei arrastando o suporte de oxigênio, mas ouvi passos atrás de mim me virei e encontrei Roland.
- Venha, ele quer que fique por perto.
Roland segurou o suporte e tendo que olhar e encarar todos ali me voltei para o vidro, os olhos de Dastan cintilaram e ele abriu um sorriso contido por de trás da máscara, o mais lindo sorriso que eu já vira antes.
Pude ouvir a voz de Kalir se aproximando.
- E ele acordou. Disse Kalir entusiasmado.
- Quando eu posso ficar ao lado dele? Indaguei apressadamente.
Kalir riu e falou:
- Acho que amanhã.
Abri um sorriso e voltei olhar para Dastan.
- Agora você tem que comer alguma coisa.
- Eu levo Luna até o quarto e garanto que ela vai comer. Disse Cam já pegando o suporte que estava ao meu lado.
Assenti e fiz um aceno a Dastan e o mandei um beijo.
Seu sorriso fraco me fez retribuir, coloquei a mão no vidro e me afastei caminhando ao lado de Cam com um enorme sorriso estampado no rosto.
- Vejo que está muito feliz.
Respirei pela primeira vez desde o incêndio aliviada.
- Ele está acordado. Disse em meio ao sorriso.
Cam abriu a porta abrindo o caminho para que eu passasse, me sentei na cama e Cam se sentou na poltrona ao lado.
Logo uma enfermeira entrou no quarto trazendo dois enormes pratos de comida e uma jarra com suco.
Ela me estendeu um e entregou o outro a Cam.
- Obrigado!
Ela sorriu e saiu do quarto com a mesma rapidez que tinha chegado.
O prato a minha frente tinha enormes batatas fritas, um bife e arroz.
- E eu que pensava que comida de hospital era sopa. Disse Cam rindo e me fazendo rir também.
Retirei a máscara a deixando ao lado da cama sobre uma mesinha.

Comi algumas batatas e um pouco do arroz, fazia pausas por que sentia necessidade de respirar e precisava colocar a máscara, Cam comeu toda a sua comida e ainda comeu o restante de minha comida.
- Faz quanto tempo que não come? Indaguei rindo.
- Não muito, mas ficar sem fazer nada me deixa com fome. Disse ele com a boca cheia.
- Como está Melissa?
- Não sei, ela não quer mais saber de mim e eu não faço o mínimo esforço pra que ela mude de idéia.
- Por quê?
- Ela disse que a veneração que eu sinto por você já passou dos limites.
- Eu sinto muito...
- Você não tem que se preocupar com isso, você é a minha irmã e eu faria de tudo por você, ela não entende isso, acha que faço isso por que amo você, mas não é por isso, você precisa de mim e eu não posso ignorar isso, se ela não entende isso acho que não tem como ficarmos juntos, eu gosto muito da Melissa, mas se for pra ser assim acho melhor que tenha acabado logo.
- Eu vou falar com ela assim que voltarmos pro castelo, mas eu quero que você volte pra Bob e Helena, já passou a hora eles devem estar malucos atrás de você.
- Mas Luna...
- Cam, eu sei que quer ficar perto de mim, mas tem que resolver isso, eles são seus pais.
Ele concordou relutantemente.
- Todos estão me olhando de uma forma estranha, acho que sentem que eu sou culpada pelo o que aconteceu a Dastan.
Cam disfarçou tentou mudar de assunto, mas eu o conhecia e não faria aquilo por muito tempo.
- Cam! Exclamei frustrada.
- O Dastan e filho deles...
- Então eles me culpam mesmo.
- Não isso, Luna.
- Cam, eu sei que é exatamente isso.
Nos encaramos por um tempo.
Me levantei da cama.
- Eu tenho que te ajudar.
Cam pegou o suporte e em silêncio andamos até o quarto de Dastan.
Os olhares de todos me deixaram desconfortável, eles pareciam me olhar com raiva.
Me aproximei do vidro e vi que Dastan estava deitado olhando para o vidro, seu rosto se iluminou no mesmo sugando.
Acenei e sorri.
- Cam. O chamei.
- Que foi?
- Peça pra alguém uma caneta e folhas.
Cam fez uma cara de ( o que você vai aprontar?), mas saiu atrás do que eu tinha pedido, ele voltou um tempo depois e me entregou tudo.
Do meu lado estava Jeny e Sebastian, Cam estava sentado ao lado de Roland e Cloe.
Rabisquei a folha com uma letra que parecia hieróglifos, mas ele entenderia.
Coloquei o papel no vidro.
" Amanhã eu vou poder estar ao seu lado"
Ele levantou as sobrancelhas e concordou.
" É bom você melhorar logo, eu sinto sua falta"
Ele sorriu e balançou a cabeça afirmativamente.
- Você me dá um papel? Indagou Jeny sem qualquer emoção em suas palavras, era como se ela falasse com uma total desconhecida.
- Sim.
Estendi a ela o papel e a caneta e ela escreveu e sem que eu pudesse ver o que no papel estava escrito ela o mostrou e depois guardou no bolso de seu casaco vermelho vivo.

[...]

O silêncio foi constante deles comigo, eles conversavam felizes como se eu não existisse.
Me encolhi olhando através do vidro.
Enfermeiras e Kalir entraram no quarto de Dastan para o dar remédios e para ver se ele precisava de alguma coisa.
Ele mandou Kalir me dizer que ele me amava que estava ansioso para que amanhã chegasse logo.
A tarde já cairá e a noite se aproximava e como sinal disso Morte chegou ele olhou para mim e se aproximou notando que Dastan tinha acordado.
Dastan o olhou com uma veneração e enorme gratidão e Morte o olhava com um pouco de frieza.
- Está na hora de você se despedir. Kalir disse.
- Tudo bem.
Peguei o último papel e escrevi:
" Até amanhã meu amor, eu amo você"
Morte estava ao meu lado e pude sentir sua expressão mudando e a frieza tomar seu rosto.
Mostrei a Dastan o papel ergui a máscara, beijei a ponta dos dedos e coloquei no vidro ele me mandou outro e em silêncio caminhei até o quarto, Morte foi na frente com uma carranca.
Me deitei e ele se sentou.
Kalir me ofereceu comida, mas eu rejeitei ele então injetou soro em minha veia e dentro desse o sedativo.
A cada segundo meus olhos ficavam mais cansados e cada vez era mais difícil deixa-los abertos.
- Não fique assim. Falei com a voz enrolada.
- Quer que eu fique feliz porque você e Dastan vão voltar a ter o lindo amor de vocês e que vão esfregar ele em minha cara.
- Eu não quero que você sofra...
Me sentia a cada palavra mais sonolenta.
- Você já está fazendo isso a muito tempo...

Oi meus amores, tudo bem com vocês?
Quero pedir desculpas pela demora e explicar o motivo da minha demora, primeiro eu estava em semana de provas na faculdade e segundo eu tinha muitos trabalhos para fazer e entregar, isso se acumulou e eu não tive tempo de escrever.
Mais uma vez desculpa.
Caso alguém ainda não tenha meu número 41 991228802 é chamar que eu adiciono no grupo.
Beijos meus amores.

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolWhere stories live. Discover now