capítulo 68

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Me deitei sobre o peito de Dastan, fui embalada pelas batidas de seu coração.
- Minha Luna. Disse ele acariciando meu cabelo.
- Você quer fugir comigo? Indaguei beijando seu pescoço e depois o olhando nos olhos.
- É claro que quero, é o que eu mais quero nesse mundo.
Sorri e ele fez o mesmo.
- Quanto tempo terei que ficar aqui?
- Eu realmente não sei, meu amor.
- Do que você me chamou? Ele indagou.
- De meu amor.
- Fala mais uma vez. Disse ele sorrindo.
Gargalhei e o abracei.
- Meu amor.
Ele puxou sua máscara para baixo e eu fiz o mesmo, seus olhos azuis escuros se fixaram em meus olhos e ele me puxou para si, seus lábios tocaram nos meus me fazendo sentir arrepios, sua língua pedia passagem e eu sedi, suas mãos se enroscaram nos meus cabelos.
O mundo ao redor desapareceu estávamos ele e eu ali, nossa paixão e amor mais fortes do que nunca.
Em meio ao beijo olhei em seus olhos e afastei um pouco nossos lábios.
- Eu amo tanto você. Disse eu com lágrimas nos olhos me lembrando de tudo que tinha acontecido desde o incêndio.
- Ei, não chore eu estou aqui com você.
Ele puxou minha mão colocando sobre seu peito.
- Consegue sentir isso? Consegue sentir as batidas do meu coração?
- Sim.
- Ele bate por você, ele só bate por você e enquanto ele bater eu vou amar você.
Minha mão descansou sobre seu peito.
- Para onde vamos fugir? Indagou Dastan cortando o silêncio entre nós.
- Para onde você quiser, mas tem que ser longe daqui e de todos.
Me lembrei de como Jeny estava me tratando e percebi que minhas palavras saíram meio amarguradas.
- Que olhar é esse? Algo aconteceu?
- Não, nada aconteceu.
- Está mentindo pra mim. Ele disse se sentando.
- Não é nada importante.
- Luna...
Respirei fundo e o encarei nos olhos.
- Acho que todos estão me culpando pelo que aconteceu com você.
- Isso é uma besteira, eles nunca fariam isso, é apenas impressão sua.
- Eu sei que não é, eles me ignoraram o tempo todo, o único que fala comigo é Roland e vejo que até Cloe está diferente comigo.
- Eu vou falar com eles.
- Não, não quero que faça isso.
Dastan me abraçou e fez carinho em meu cabelo.
Sua voz estava baixa por causa da cirurgia, mas ele parecia bem.
Ouvi a porta se abrir, mas não pude ver quem era já que estava de costas para porta, mas estava se aproximando.
- Vejo que já está bem melhor. Disse Kalir rindo alto.
Me virei já com as bochechas vermelhas.
- Sim Kalir, me sinto muito melhor.
- Sua mãe e seu pai junto com seu irmão e a namorada dele, querem entrar para falar com você.
- Diga a eles que venham mais tarde eu quero ficar ao lado da Luna.
- Não, eu volto mais tarde. Disse me levantando da cama.
A mão de Dastan segurou meu pulso não me deixando sair.
- Você não vai sair daqui, Luna.
- Mas seus pais querem ver você.
- Mas eu quero ver você. Disse Dastan acariciando minha mão.
Olhei para Kalir e depois voltei a olhar Dastan, me deitei ao seu lado.
- Está com fome Dastan? Indagou Kalir caminhando até a porta.
- Um pouco. Respondeu Dastan.
- Quer que te tragam algo também Luna?
- Não, não estou com fome.
Kalir saiu e eu pude ver Sebastian e Jeny pelo vidro, Kalir falou com eles por alguns instantes e em seguida Jeny olhou para mim, me fuzilando com seu olhar.
- Ei, olha aqui pra mim.
Dastan colocou a mão em meu queixo, me virando para ele.
- Eles me odeiam agora.
- Venha deite-se aqui comigo. Ele me puxou deixando nossos corpos mais  próximos.
Suspirei e deitei minha cabeça sobre seu peito.
- Eles não odeiam você, eles só ficaram com medo que algo pior me acontecesse.
- Eu dou razão a eles, foi por minha culpa que o incêndio aconteceu.
- Mas foi minha a decisão de entrar lá e sendo essa a minha decisão, não cabe a ninguém julgar ou culpar você por isso. Disse ele firmemente.
- Obrigado, por salvar a minha vida, você arriscou sua vida por mim.
- E pode ter certeza que se ela estivesse em perigo novamente eu arriscaria minha vida de novo.
Olhei para seus olhos escuros e intensos e nele constatei que aquilo tudo que vivemos era real, o amor dele por mim não era por ser filha da Lua, mas sim por eu ser quem eu era, simplesmente por essa razão.
Nunca viveria em um mundo sem o Dastan, ele era como parte vital do meu corpo, como o meu coração.
Ele sorriu acho que ao ver quanta veneração era transmitida naquele olhar.
- Eu posso te beijar mais uma vez? Indagou ele.
- Uma, duas, três...
Minhas palavras foram abafadas pela rapidez que ele tirou sua máscara e a minha, sua boca com aroma doce pressionou a minha, suas mãos seguraram meu pescoço e meu cabelo.
Sua língua pedia passagem e eu a sedi no mesmo momento.
A pressão entre nossos lábios, nosso fôlego sumindo, seus braços me envolvendo, foram interrompidos pelo barulho da maldita porta e uma tosse forçada.
Me afastei de Dastan e levei máscara novamente ao rosto.
Minhas bochechas queimaram e eu me recusei a me virar e passar tanta vergonha.
- Eu poderia dizer pra vocês irem para um quarto, mas já estão em um quarto então... A voz de Cam me fez me encolher.
Dastan riu e Cam o entregou um prato fundo e uma colher.
- Luna, não precisa se esconder. Cam riu.
Dastan riu se sentando na cama e comendo uma sopa amarela escura.
Aquilo sim era comida de hospital.
Com a risada histérica de Cam eu queria me enfiar em um buraco, tomei coragem e me virei com uma cara de brava, Cam parou de rir na mesma hora.
- Então como se sente? Indagou Cam mudando de assunto.
- Muito bem.
- Eu posso imaginar. Cam ergueu uma sobrancelha e riu.
Havia uma poltrona no quarto e Cam estava sentado nela.
Puxei o travesseiro da cama e joguei na cara de Cam.
Ele foi pego de surpresa e Dastan riu e jogou mais uma.
- Agora é guerra? Cam indagou e pude ver os olhares no vidro.
Jeny me encarava então eu me levantei e parei no ar o travesseiro que Cam havia jogado, abri a porta antes de ficar perto dela e fui até o lado de fora.
- Luna.
- Luna. Meu nome era chamado por Cam e Dastan.
Algo queimou dentro de mim, já estava em frente a ela quando me dei conta, meu suporte tinha sido arrastado pelo chão.
- Por quê me olha desse jeito? Me exaltei.
- Se acalme Luna. Me puxou Roland.
- Se afaste Roland, eu não quero machucar você.
- Cuidado meu filho ou você será o próximo que ela irá ferir.
- Como pode dizer isso?
Indaguei com a voz alta.
Cam correu até mim me segurando enquanto Sebastian, Roland e Cloe olhavam assustados.
- Você quase matou meu filho, ele não significa nada pra você, ninguém significa nada pra você.
Meus sangue borbulhou dentro das veias, era como lava quente.
- Ele significa tudo pra mim, eu o amo.
- Ama? Você consegue amar algo além de si mesma?
Ela me olhava com ódio.
- Luna, venha comigo. Disse Cam me segurando pelo braço.
- Não, eu não tenho que provar nada a você, a única pessoa que devo provar meu amor é Dastan.
- Agora eu estou vendo o quanto se parece com sua mãe, filha da Lua.
Aquilo já tinha passado nos limites, senti meu lado sombrio tomar conta de mim e quase não pude conte-lo.
Minha mão foi até o rosto de Jeny e eu a acertei com um tapa, que fez com que seu rosto fosse para o lado.
O barulho do tapa foi alto e Sebastian assim o como os outros ficaram sem nenhuma reação.
Ela levou sua mão ao rosto, no local aonde tinha a acertado.
Todos ainda estavam pasmos.
Dei as costas a Jeny e a todos, quando passei em frente a porta pude ver de relance o rosto de Dastan.
Corri até o quarto carregando o suporte, o joguei contra a parede perto da janela, fazendo assim minha máscara se soltar.
Minha raiva só aumentava, tranquei a porta do quarto e soquei a parede múltiplas vezes, minha mão doía, vi o sangue escorrer, mas não parei, bati mais outras vezes.
A dor foi intensa, mas eu continuei.
Ouvi batidas na porta.
- Abra Luna. Gritava Cam.
- Saía daqui, me deixe em paz antes que seja o próximo a se machucar. Falei ofegante, era difícil respirar.
- Luna, você precisa de ajuda.
- Eu não quero ver ninguém. Gritei dando outro soco mais forte na parede.
- Luna, saía de perto da porta, eu vou entrar.
Movi o criado mudo, a poltrona e  joguei a cama bloqueando a porta.
Cam bateu várias vezes, forçou a porta mais não conseguiu abrir.
- Abra, eu vou te ajudar.
- Eu não preciso de ajuda, me deixe e me paz. Gritei enfurecida.
Soquei a parede novamente mesmo sentindo estrema falta de ar e dor nas mãos.
- Que barulho foi esse? Indagou Cam se referindo ao barulho que fiz ao dar o soco na parede.
Me preparei para atingir ainda mais forte a parede, a dor me fez sentir menos raiva.
Coloquei toda minha força naquele soco e quando ele ia tocar na parede uma mão o segurou meu pulso.
- O que você está fazendo? Gritou Morte olhando para as minhas mãos.
Puxei meu braço, mas ele o segurou.
- O que acha que vai fazer? Socar essa parede até quebrar suas mãos?
- Vou e daí? Falei pausadamente ofegante.
- Não vai fazer nada.
- Luna. Gritou Cam mais uma vez.
- Eu estou aqui com ela Cam, ela vai ficar bem. Disse Morte ainda me segurando firmemente.
- Tudo bem. Disse Cam.
- Cadê sua máscara de oxigênio?
Apontei com o dedo indicador esquerdo para o suporte e máscara no chão.
- Espere aqui um segundo, por favor senta. Disse ele.
Me senti meio zonza pela falta de ar e para Morte me fazer sentar no chão foi fácil.
Seus lábios foram nos meus e ele bobeou ar para os meus pulmões, me senti melhor, a tortura melhorou.
Ele se afastou sumindo em seguida e surgiu segundos depois com outro suporte e máscara que ele colocou em meu rosto.
Puxei o ar com força até que a minha respiração se normalizou.
Morte olhou então o sangue escorrendo por minhas mãos.
- O que te deu na cabeça?
Fiquei em silêncio.
- Eu vou chamar Kalir para ver isso.
- Não vai precisar eu estou bem.
- Como pode dizer isso? Olhe suas mãos.
Havia cortes e esfolados em meus dedos e sangue escorria deles.
Morte me pegou no colo e com uma mão me manteve nele enquanto que com a outra ele pegou o suporte e levou até o banheiro.
Ele me colocou no chão e ligou a torneira da banheira que havia no banheiro, esperou que essa enchesse um pouco e me colocou dentro dela.
Mergulhei a mão na água e senti arder, me mantive com a mesma feição de raiva.
Morte me olhava preocupado, passou as mãos pelas minhas tirando o sangue e tentando o estancar.
Ele pegou água em suas mãos e jogou sobre minha cabeça.
- Consegue respirar um pouco sem a máscara?
Assenti e ele á tirou do meu rosto.
Sua mão passou por minha testa, minha bochecha, fazendo movimentos em círculo.
Ele tirava os respingos de sangue do meu rosto.
Minhas mãos ainda estavam dentro da água e Morte parecia preocupado e cuidadoso.
- Eu estou bem. Disse olhando para ele.
- O que foi que te aconteceu? Por quê estava esmurrando a parede?
Permaneci em silêncio.
Meu corpo ainda não estava relaxado, tinha água até meu peito e eu pedi pela máscara, puxei algumas vezes o ar e mergulhei meu corpo inteiro, Morte se assustou e me puxou novamente para cima.
- Você está louca? Quer se matar?
Passei a mão pelos olhos e apoiei minha cabeça na beirada da banheira, fechei meus olhos voltados para o teto e me surpreendi com o toque dos lábios do Morte nos meus.
- Não faça isso. Disse o encarando.
- Me desculpe, me deixei levar, não vai acontecer novamente. Ele pareceu sincero, podia ver a dor em seu olhar por me ver daquele jeito e por seu amor não ser correspondido...

A Maldição da Lua Vol: 2 Entre a Lua e o SolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora